Geopolítica, Relações Internacionais, Defesa, Segurança, Fronteiras e Amazônia.
Este Blog é um espaço de informações sobre fatos relacionados as questões Amazônicas, com foco na Geopolítica de Defesa, nas fronteiras internacionais, Política e Estratégia de Defesa Nacional, Segurança, Inteligência e os movimentos políticos na região, sendo um Fórum democrático para debates e trocas de informações e experiências sobre esses temas
sexta-feira, 1 de março de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Brasil acerta compra de sistemas de defesa da Rússia, em acordo de US$ 1 bi
O governo brasileiro decidiu pela compra de cinco baterias antiaéreas da Rússia
– três do modelo Pantsir S1, de médio alcance, e duas Igla-S, com raio de ação
curto. Embora ontem, na reunião da presidente Dilma Rousseff e Dimitri Medvedev,
premiê russo, em Brasília, tenha sido assinada uma carta de intenções, o
negócio era definido como certo, e o documento, “só uma etapa da liturgia
brasileira”, segundo disse um especialista que acompanhou todo o
encontro.
O valor do pacote é estimado, na Europa, em US$ 1 bilhão. Cada bateria do
sistema Pantsir, é composta por 6 carretas lançadoras, mais veículos de apoio:
carro de comando e controle, radar secundário, remuniciadores e unidade
meteorológica.
O radar de detecção localiza o alvo – a rigor, 10 deles por minuto – em uma
área de 36,5 quilômetros. O tempo de reação é estimado em 20 segundos.
O Ministério da Defesa está negociando três baterias e os suprimentos. Cada
disparador é carregado com 12 mísseis 57E6 e leva, ainda, dois canhões de 30 mm
de tiro rápido – mais acessórios digitais que permitem localizar e abater alvos
no limite entre 15 km e 20 km, a 15 mil metros de altitude. Segundo o principal
funcionário brasileiro no processo, o general José Carlos de Nardi, chefe do
Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, “agora começa a discussão que
resultará na redução do preço de aquisição”. A análise do contrato deve demorar
cerca de três meses a quatro meses. As primeiras entregas, 18 meses
após a assinatura definitiva. “Esperamos contar com os sistemas para os Jogos
Olímpicos de 2016″, acredita o general De Nardi.
O procedimento é linear. Certos componentes do Pantsir, podem ser
substituídos por equivalentes feitos no Brasil. As carretas blindadas, por
exemplo, seriam trocadas pelo eficiente 6×6 da Avibrás, de São José dos Campos,
que utiliza o tipo no conjunto Astros-2, de foguetes livres. O radar de campo
também pode vir a ser trocado pelo Saber M200, de 200 km de raio de ação.
Produzido pela OrbSat, subsidiária da Embraer Defesa e Segurança, rastreia até
40 objetivos simultaneamente, priorizando a reação pelo grau de ameaça.
O acerto da segunda parte dessa transação é mais simples. Envolve duas
baterias do míssil Igla, versão S/9K38, a mais recente da arma antiaérea leve
disparada do ombro de um soldado. As Forças nacionais utilizam modelos de
gerações anteriores. O tipo tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries
anteriores, usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e é mais
resistente à interferência eletrônica de despistamento.
Os acordos preveem a formação de uma joint venture para fabricar o
Igla-S no País. A tarefa seria entregue a uma espécie de consórcio formado pelas
principais empresas do setor, como a Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer
Defesa e Segurança, Avibrás, Mectron e Logitech.
Distribuição. Cada uma das Forças receberá uma bateria Pantsir. A do Exército
ficará sob controle do 11° Grupo de Artilharia Antiaérea. A da Marinha vai para
os Fuzileiros Navais, e a Aeronáutica, agrega o seu ao Grupo de Artilharia
Antiaérea de Autodefesa.
Toda a operação estará coberta por cláusulas rígidas de transferência de
tecnologia. O preço final depende dos componentes que serão escolhidos. A
cotação sairá entre maio e junho. Todavia, alguns avanços já foram feitos na
reunião expandida da tarde de ontem. No Ministério da Fazenda, com a
participação direta do ministro Guido Mantega, foi estabelecido que o pagamento
inicial, da ordem de 40% sobre o total apurado, vai sofrer redução. O reservado
e influente diretor do serviço russo de cooperação técnico-militar, Alexander
Fomin, integrou a comitiva do premiê Medvedev.
FONTE: O
Estado de São Paulo, via
Notimp
Criação de fundo divide países da África e da América do Sul
criação de um fundo para financiar projetos na América do Sul e na África
divide governos das duas regiões.
Enquanto africanos pressionam para tirar do papel a proposta pensada ainda
2009, países como o Brasil, Venezuela e Colômbia resistem à ideia de montar um
fundo de contribuições voluntárias para bancar projetos de infraestrutura e
energia.
A possibilidade de o Brasil ser um dos principais doadores de um fundo
formado por países ainda em desenvolvimento assusta o governo da presidente
Dilma Rousseff e é vista, ao mesmo tempo, como uma atraente oportunidade pela
maioria dos africanos.
Essas diferenças ficaram explícitas ontem, no primeiro dia da 3ª Cúpula ASA
(América do Sul-África), que reúne em Malabo, capital da Guiné Equatorial,
representantes de 66 países até sexta.
A discussão sobre a criação do fundo esquentou os debates de altos
funcionários. O assunto será debatido por chanceleres e chefes de Estado, entre
eles Dilma, que chega a Malabo na noite de hoje.
A solução tem tudo para ser, literalmente, diplomática. O Brasil sugeriu que
um grupo de trabalho seja criado para debater a proposta e, em setembro,
apresentar o formato do fundo. Mas, se não houver consenso, poderá ficar nas
mãos dos chefes de Estado a decisão final.
“Podemos fazer muito sem um fundo”, disse aos colegas diplomatas a
embaixadora Maria Edileuza Fontenete Reis. Foi ela quem conduziu as reuniões de
ontem e tentou, de todas as formas, frear a ansiedade de representantes de
países africanos.
FONTE:
Folha de S. Paulo via Resenha do Exército
Defesa em Debate - O estruturalismo, os EUA e sua política dos guarda-chuvas nucleares no Oriente Médio
O estruturalismo, os EUA e sua política
dos guarda-chuvas nucleares no Oriente Médio
O estruturalismo da política internacional
Muitos teóricos neorealistas e estudiosos das Relações Internacionais acreditam que a multipolaridade no sistema internacional é resultado da instabilidade política gerada pelo fim da bipolaridade pós-Guerra Fria. Estes neorealistas, também conhecidos como estruturalistas, são aqueles que se alicerçam nas premissas do realismo clássico para providenciar uma análise estrutural da política internacional. Resumindo: existe um grupo de países que determinam as regras de funcionamento e de comportamento das relações internacionais.
A multipolaridade, segundo estes teóricos e estudiosos, aumenta o risco de guerras e aumenta os riscos de julgamentos equivocados entre os países. Além de reforçarem a importância da unipolaridade mundial, acreditam ser válido estabelecer políticas de alianças que permitam debilitar seus potenciais inimigos. A política dos guarda-chuvas é parte destas políticas de alianças entre grandes potências e outros países a fim de debilitar possíveis inimigos. Assim, podemos dizer que, países como Canadá, Austrália, Arábia Saudita, Israel, são exemplo de países que estão sob a proteção, ou melhor, sobre o guarda-chuva dos EUA.
A política de guarda-chuvas no Oriente Médio
Em função dos receios dos estruturalistas do sistema internacional de que o programa nuclear iraniano seja de finalidades militares, há rumores de que já esteja acontecendo uma corrida armamentista no Oriente Médio.
O Programa Nuclear do Irã remonta a década de 1950, quando este país, com auxílio dos EUA e de seu programa Átomos para a Paz, o auxiliaram na busca pelo domínio do ciclo completo do combustível nuclear. No entanto, os conflitos internos religiosos dificultaram maiores avanços neste Programa. Após a Revolução Islâmica, em 1979, por meio de uma parceria com a empresa alemã KWU, então uma joint venture da Siemens AG e AEG Telefunken, o programa nuclear iraniano foi retomado. Apesar dos esforços da KWU, dois fatores a forçaram a abandonar o Programa: o Irã não conseguia cumprir com os encargos econômicos contratuais e as pressões estadunidenses para cancelar seus contratos de fornecimento de tecnologia nuclear para o Irã. A KWU abandonou o território iraniano, contudo, deixou dois reatores, parcialmente, construídos. Em 1995, o Irã retomou seu Programa Nuclear e, sem êxito, buscou uma cooperação com a Rússia.
Contrariando os interesses do estruturalismo do sistema internacional, o Irã decidiu desenvolver seu programa nuclear autonomamente.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque foram listados em um relatório do Departamento de Defesa dos EUA como Estados patrocinadores do Terrorismo Internacional. Diferente do que muitos políticos e analistas internacionais afirmam, foi neste contexto que muitos países, em especial, estes listados, voltaram a se armar, gerando rumores de uma corrida armamentista.
Embora, todos os países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU compartilhassem com a campanha de George W. Bush (2001-2009) contra o Terrorismo Internacional, os EUA não obtiveram o apoio desejado deste Conselho para invadir o Iraque. A Inglaterra foi o único país que compactuou com a invasão dos EUA a este país, em 2003. Alegando haver armas de destruição em massa, os EUA coordenaram uma ação preemptiva no Iraque. Conclusão: não encontraram nenhuma arma de destruição em massa, a guerra se estendeu por muito mais tempo do que os políticos estadunidenses imaginavam, houve um desgaste militar e econômico excessivo, Bush deixou a presidência com a popularidade mais baixa da história dos EUA e, ao promover a destruição, inclusive, militar do Iraque, transformaram o Irã numa potência regional.
Em 2005, outro relatório do serviço de inteligência dos EUA apontou que o Irã havia retomado seu programa nuclear, enriquecia urânio em seu próprio território e que, entre 2010 e 2015, seria capaz de produzir uma bomba nuclear.
Democraticamente, Mahmoud Ahmadinejad, doutor em engenharia pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Irã, em 2005, assumiu a presidência. Ahmadinejad, considerado ultraconservador islâmico, desde antes de sua posse, defendia a retomada do programa nuclear de finalidades pacíficas como imprescindível para o desenvolvimento social e econômico de seu país e o desarmamento nuclear internacional. Por ser signatário do TNP, em 2009, o Irã recorreu à AIEA a fim de obter auxílio no seu programa de enriquecimento de urânio. O Irã não aceitou algumas cláusulas, entre elas, a de não enriquecer urânio em seu próprio território. Em 2009, Ahmadinejad foi reeleito. Embora polêmico, tem se mostrado flexível ao diálogo com os organismos de inspeção internacional. Por convite dos EUA, em 2010, Brasil e Turquia, junto às instituições internacionais, também tentaram dialogar com o Irã. Mas, mesmo depois do sucesso do Acordo Nuclear Brasil-Irã-Turquia, as pressões estadunidenses inviabilizaram um possível bom relacionamento do Irã com os países estruturalistas do sistema internacional.
Há quem diga que o Irã está sob o guarda-chuva da Rússia e da China. Há quem diga que Israel e Arábia Saudita estejam sob o guarda-chuva dos EUA. E há quem diga que estamos em meio a uma nova Guerra Fria.
A tal corrida armamentista no Oriente Médio
Como citado, tanto Israel quanto Arábia Saudita estão sob o guarda-chuva dos EUA. Ambos têm interesses em debilitar o Irã por razões geoestratégicas no Oriente Médio. Embora Israel não confirme, há suspeitas de que tenha a bomba atômica. Recentemente, em função da suposta corrida armamentista provocada pelo programa nuclear iraniano, há rumores de que a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, também esteja interessada na bomba atômica.
Além da Arábia Saudita, os analistas de política internacional apontam que Egito e Turquia também estejam interessados na bomba atômica. Afirmam que a Arábia Saudita poderia recorrer a três opções: desenvolver autonomamente, recorrer ao aliado Paquistão ou aos EUA. Considerando tais opções, principalmente, pela parceria estratégica que mantém há anos com os EUA, a opção mais provável seria a Arábia Saudita recorrer a este país.
De qualquer maneira, uma guerra não declarada já está em curso no Oriente Médio. Cientistas iranianos assassinados, vírus de computadores feitos em laboratório sabotando processos tecnológicos e usinas nucleares iranianas e sanções econômicas. Os experts afirmam ser provável que o Irã já seja alvo de drones e navios em suas costas. Acredita-se que o eixo EUA-Israel-Arábia Saudita seja autor destes atentados.
E o Brasil? Qual guarda-chuva o protege?
O Brasil é um país com as aspirações internacionais pacíficas. Embora domine o ciclo completo do combustível nuclear, esteja construindo em parceria com a França um submarino com propulsão nuclear, esteja construindo sua terceira usina nuclear, por razões políticas, não tem interesse em construir a bomba atômica. Além dos vários acordos internacionais assinados reforçando o desinteresse do Brasil na bomba nuclear, há a garantia Constitucional, comprometimento raro na política mundial.
Em função do comportamento dúbio e agressivo de países no sistema internacional, a defesa tem se tornado imperativa para o Brasil.
O Brasil não possui inimigos no sistema internacional, mas possui inúmeras riquezas a zelar. Enquanto o atual momento não exigir a necessidade de o Brasil optar por um lado, não se escolherá nenhum lado. Isso é o que permite o Brasil ter livre circulação diplomática na política mundial, se armar estabelecendo acordos militares com diferentes países e, principalmente, não ter a necessidade e a vontade de se proteger sob guarda-chuva de nenhum país.
dos guarda-chuvas nucleares no Oriente Médio
Fernanda Corrêa
Historiadora, estrategista e pesquisadora do
Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.
fernanda.das.gracas@hotmail.com
Historiadora, estrategista e pesquisadora do
Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.
fernanda.das.gracas@hotmail.com
O estruturalismo da política internacional
Muitos teóricos neorealistas e estudiosos das Relações Internacionais acreditam que a multipolaridade no sistema internacional é resultado da instabilidade política gerada pelo fim da bipolaridade pós-Guerra Fria. Estes neorealistas, também conhecidos como estruturalistas, são aqueles que se alicerçam nas premissas do realismo clássico para providenciar uma análise estrutural da política internacional. Resumindo: existe um grupo de países que determinam as regras de funcionamento e de comportamento das relações internacionais.
A multipolaridade, segundo estes teóricos e estudiosos, aumenta o risco de guerras e aumenta os riscos de julgamentos equivocados entre os países. Além de reforçarem a importância da unipolaridade mundial, acreditam ser válido estabelecer políticas de alianças que permitam debilitar seus potenciais inimigos. A política dos guarda-chuvas é parte destas políticas de alianças entre grandes potências e outros países a fim de debilitar possíveis inimigos. Assim, podemos dizer que, países como Canadá, Austrália, Arábia Saudita, Israel, são exemplo de países que estão sob a proteção, ou melhor, sobre o guarda-chuva dos EUA.
A política de guarda-chuvas no Oriente Médio
Em função dos receios dos estruturalistas do sistema internacional de que o programa nuclear iraniano seja de finalidades militares, há rumores de que já esteja acontecendo uma corrida armamentista no Oriente Médio.
O Programa Nuclear do Irã remonta a década de 1950, quando este país, com auxílio dos EUA e de seu programa Átomos para a Paz, o auxiliaram na busca pelo domínio do ciclo completo do combustível nuclear. No entanto, os conflitos internos religiosos dificultaram maiores avanços neste Programa. Após a Revolução Islâmica, em 1979, por meio de uma parceria com a empresa alemã KWU, então uma joint venture da Siemens AG e AEG Telefunken, o programa nuclear iraniano foi retomado. Apesar dos esforços da KWU, dois fatores a forçaram a abandonar o Programa: o Irã não conseguia cumprir com os encargos econômicos contratuais e as pressões estadunidenses para cancelar seus contratos de fornecimento de tecnologia nuclear para o Irã. A KWU abandonou o território iraniano, contudo, deixou dois reatores, parcialmente, construídos. Em 1995, o Irã retomou seu Programa Nuclear e, sem êxito, buscou uma cooperação com a Rússia.
Contrariando os interesses do estruturalismo do sistema internacional, o Irã decidiu desenvolver seu programa nuclear autonomamente.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque foram listados em um relatório do Departamento de Defesa dos EUA como Estados patrocinadores do Terrorismo Internacional. Diferente do que muitos políticos e analistas internacionais afirmam, foi neste contexto que muitos países, em especial, estes listados, voltaram a se armar, gerando rumores de uma corrida armamentista.
Embora, todos os países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU compartilhassem com a campanha de George W. Bush (2001-2009) contra o Terrorismo Internacional, os EUA não obtiveram o apoio desejado deste Conselho para invadir o Iraque. A Inglaterra foi o único país que compactuou com a invasão dos EUA a este país, em 2003. Alegando haver armas de destruição em massa, os EUA coordenaram uma ação preemptiva no Iraque. Conclusão: não encontraram nenhuma arma de destruição em massa, a guerra se estendeu por muito mais tempo do que os políticos estadunidenses imaginavam, houve um desgaste militar e econômico excessivo, Bush deixou a presidência com a popularidade mais baixa da história dos EUA e, ao promover a destruição, inclusive, militar do Iraque, transformaram o Irã numa potência regional.
Em 2005, outro relatório do serviço de inteligência dos EUA apontou que o Irã havia retomado seu programa nuclear, enriquecia urânio em seu próprio território e que, entre 2010 e 2015, seria capaz de produzir uma bomba nuclear.
Democraticamente, Mahmoud Ahmadinejad, doutor em engenharia pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Irã, em 2005, assumiu a presidência. Ahmadinejad, considerado ultraconservador islâmico, desde antes de sua posse, defendia a retomada do programa nuclear de finalidades pacíficas como imprescindível para o desenvolvimento social e econômico de seu país e o desarmamento nuclear internacional. Por ser signatário do TNP, em 2009, o Irã recorreu à AIEA a fim de obter auxílio no seu programa de enriquecimento de urânio. O Irã não aceitou algumas cláusulas, entre elas, a de não enriquecer urânio em seu próprio território. Em 2009, Ahmadinejad foi reeleito. Embora polêmico, tem se mostrado flexível ao diálogo com os organismos de inspeção internacional. Por convite dos EUA, em 2010, Brasil e Turquia, junto às instituições internacionais, também tentaram dialogar com o Irã. Mas, mesmo depois do sucesso do Acordo Nuclear Brasil-Irã-Turquia, as pressões estadunidenses inviabilizaram um possível bom relacionamento do Irã com os países estruturalistas do sistema internacional.
Há quem diga que o Irã está sob o guarda-chuva da Rússia e da China. Há quem diga que Israel e Arábia Saudita estejam sob o guarda-chuva dos EUA. E há quem diga que estamos em meio a uma nova Guerra Fria.
A tal corrida armamentista no Oriente Médio
Como citado, tanto Israel quanto Arábia Saudita estão sob o guarda-chuva dos EUA. Ambos têm interesses em debilitar o Irã por razões geoestratégicas no Oriente Médio. Embora Israel não confirme, há suspeitas de que tenha a bomba atômica. Recentemente, em função da suposta corrida armamentista provocada pelo programa nuclear iraniano, há rumores de que a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, também esteja interessada na bomba atômica.
Além da Arábia Saudita, os analistas de política internacional apontam que Egito e Turquia também estejam interessados na bomba atômica. Afirmam que a Arábia Saudita poderia recorrer a três opções: desenvolver autonomamente, recorrer ao aliado Paquistão ou aos EUA. Considerando tais opções, principalmente, pela parceria estratégica que mantém há anos com os EUA, a opção mais provável seria a Arábia Saudita recorrer a este país.
De qualquer maneira, uma guerra não declarada já está em curso no Oriente Médio. Cientistas iranianos assassinados, vírus de computadores feitos em laboratório sabotando processos tecnológicos e usinas nucleares iranianas e sanções econômicas. Os experts afirmam ser provável que o Irã já seja alvo de drones e navios em suas costas. Acredita-se que o eixo EUA-Israel-Arábia Saudita seja autor destes atentados.
E o Brasil? Qual guarda-chuva o protege?
O Brasil é um país com as aspirações internacionais pacíficas. Embora domine o ciclo completo do combustível nuclear, esteja construindo em parceria com a França um submarino com propulsão nuclear, esteja construindo sua terceira usina nuclear, por razões políticas, não tem interesse em construir a bomba atômica. Além dos vários acordos internacionais assinados reforçando o desinteresse do Brasil na bomba nuclear, há a garantia Constitucional, comprometimento raro na política mundial.
Em função do comportamento dúbio e agressivo de países no sistema internacional, a defesa tem se tornado imperativa para o Brasil.
O Brasil não possui inimigos no sistema internacional, mas possui inúmeras riquezas a zelar. Enquanto o atual momento não exigir a necessidade de o Brasil optar por um lado, não se escolherá nenhum lado. Isso é o que permite o Brasil ter livre circulação diplomática na política mundial, se armar estabelecendo acordos militares com diferentes países e, principalmente, não ter a necessidade e a vontade de se proteger sob guarda-chuva de nenhum país.
Fonte:defesanet
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Brasil quer conter presença chinesa na África
Fernando Exman
O governo federal quer aproveitar a viagem que
a presidente Dilma Rousseff fará nesta semana à África para tentar reforçar
ainda mais a presença das empresas brasileiras na região. O desafio, entretanto,
é grande: além do desconhecimento de parte considerável do empresariado sobre as
potencialidades do mercado africano, as empresas brasileiras precisam enfrentar
a concorrência de outras companhias estrangeiras, principalmente da China. Está
em jogo um mercado de aproximadamente 1 bilhão de consumidores, com demanda em
alta pelos mais vários tipos de bens e serviços e um crescimento econômico
superior à média mundial.
Dilma participará na sexta-feira da cúpula América do Sul – África (ASA), em
Malabo, Guiné Equatorial. O tema do encontro é justamente o fortalecimento da
cooperação entre países em desenvolvimento. Em seguida, ela desembarcará na
Nigéria, parceiro considerado estratégico no continente.
“A China tem ganhado participação na África. Mas, em termos de comércio, o
crescimento da participação da China na África não é em detrimento da
participação brasileira. O Brasil também cresceu seu “market share” em
detrimento de outros”, disse a secretária de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, destacando que a participação do continente
africano nas exportações brasileiras passou de 3,9% para 5% entre 2003 e 2012 e
as importações permaneceram em 6% do total no mesmo período.
Na avaliação de autoridades brasileiras, a oferta de linhas de crédito vem
tendo um papel estratégico na disputa pelo mercado africano e os ambiciosos
programas de financiamento da China têm feito a diferença. Como consequência, um
grupo de trabalho coordenado pela Presidência da República discute novas formas
de impulsionar o comércio com o continente africano. Um dos aspectos discutidos
é o lançamento de mecanismos de financiamento.
Em 2010, registra um estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, a China substituiu o Banco Mundial (Bird) como principal
fonte de financiamento dos países africanos. Entre 2001 e 2010, os empréstimos
concedidos à África pelo Exim Bank chinês, instituição voltada ao fomento às
exportações e importações do país asiático, foram estimados em US$ 67,2 bilhões.
Já os financiamentos do Banco Mundial nesse mesmo período totalizaram US$ 54,7
bilhões.
O próprio Banco Mundial já analisou a questão. No relatório “Construindo
pontes: O papel crescente da China como financiadora da infraestrutura da África
Subsaariana”, de 2009, o Bird mostrou que o crescimento do comércio entre a
China e a África foi acompanhado por uma maior ajuda econômica oferecida pelo
país asiático a partir de 2001. Em contrapartida, diversas obras de
infraestrutura executadas pelos chineses na África têm como garantia ou são
pagas com petróleo, minério de ferro, cromo ou cacau, diz o Bird. Hoje, a China
é o principal fornecedor do continente, e encontra na África um destino para os
seus produtos de alto valor agregado. O país asiático também se consolida como o
maior comprador de produtos africanos, ultrapassando os Estados Unidos.
A China demonstra que pretende manter tal papel. Em agosto de 2012, anota o
estudo do Ministério do Desenvolvimento, o país anunciou a concessão de crédito
de US$ 20 bilhões em três anos para projetos de infraestrutura, agricultura e
desenvolvimento na África.
Num ritmo mais tímido, o Brasil também tem disponibilizado apoio às
exportações à região. Entre 2008 e 2012, por exemplo, o valor desembolsado por
programas oficiais alcançou US$ 4,8 bilhões.
O Brasil ainda mantém uma série de programas de cooperação técnica com o
continente. Cerca de 150 iniciativas em aproximadamente 40 países são mantidas
pelo Brasil, segundo o Itamaraty.
Outro sinal da maior aproximação entre o Brasil e a África é o crescimento do
total de empresas brasileiras que atuam no comércio bilateral. Enquanto o total
de empresas brasileiras exportadoras caiu nos últimos anos, o número de empresas
que vendem para a África subiu 39% entre 2003 e 2012, para 3.810. Já as empresas
que importam produtos africanos totalizaram 1.739 em 2012, alta de 84%.
O Ministério do Desenvolvimento também prevê uma alta nas exportações de
serviços por parte de empresas brasileiras e, consequentemente, uma elevação dos
embarques de bens relacionados a esses projetos. Nas contas do ministério, cada
US$ 100 milhões em exportações de serviços geram US$ 30 milhões em exportações
de equipamentos e outros produtos.
“Esses investimentos brasileiros na África puxam consigo exportações de bens
que de outra maneira dificilmente ocorreriam”, afirmou Tatiana Prazeres,
destacando ser uma característica da balança comercial Brasil-África a atuação
de “trading companies” de propriedade das construtoras brasileiras. “As
exportações são feitas por uma empresa, a comercial exportadora, que traz
produtos de empresas de menor porte.”
FONTE:
Valor Econômico, via resenha do EB
EUA e China travam ‘guerra fria’ cibernética
Cada vez mais frequentes, os ataques de
hackers chineses contra pessoas e instituições americanas começam a ganhar
contornos políticos – capazes até de arranhar as relações entre os dois países.
Mais de 140 ataques cibernéticos nos últimos anos tiveram sua origem numa
unidade militar chinesa em Xangai, revelou ontem um relatório da empresa de
segurança digital americana Mandiant, baseada na Califórnia.
Os dados da Mandiant conectam o grupo hacker APT1 (sigla de “ameaça
persistente avançada”, em inglês) ao comando do Exército de Libertação Popular
(ESP) – as Forças Armadas da China. O APT1 seria a chamada Unidade 61398, um
órgão militar de atividades secretas instalado num edifício de 12 andares em
Xangai.
O trabalho de contraespionagem dos americanos rastreou os ataques, chegando
ao endereço, no distrito de Pudong, no centro financeiro e bancário da China.
Lá, de acordo com o relatório, trabalham centenas – ou mesmo milhares – de
pessoas com competências técnicas de programação e gerenciamento de redes, além
de fluência em inglês, um perfil necessário para a realização dos
ciberataques.
“O caráter do trabalho da Unidade 61398 é considerado pela China segredo de
Estado. No entanto, acreditamos que ela está envolvida numa rede de nocivas
operações com redes de computador”, diz o relatório. “Já é hora de reconhecer
que a ameaça está vindo da China, e queremos fazer a nossa parte para combater a
ameaça efetivamente.”
A unidade teria roubado “centenas de terabytes de dados de pelo menos 141
organizações de um conjunto diversificado de indústrias que começaram a operar
em 2006″. A maioria das vítimas estava em EUA, Canadá e Reino Unido. E as
informações roubadas variam entre detalhes sobre fusões e aquisições e e-mails
de funcionários de altos escalões.
Numa área da tecnologia na qual o sigilo é a regra, a denúncia ganhou peso
quando uma empresa concorrente da Mandiant, a CrowStrike, reforçou a veracidade
das denúncias. “O Exército tem papel-chave na estratégia de segurança da China,
e faz sentido que seus recursos sejam usados para beneficiar a espionagem
digital que ajuda a economia chinesa” atestou o cofundador CrowStrike, Dmitri
Alperovitch.
Pequim nega acusações
O Ministério da Defesa chinês emitiu uma nota negando as acusações – e
chamando de “amadores” os especialistas da Mandiant: “O Exército chinês nunca
apoiou qualquer atividade de hackers. Relatórios sobre o envolvimento do
Exército com ataques cibernéticos são amadores e não estão de acordo com os
fatos”, assegurou a Chancelaria chinesa.
Depois de o Facebook ter sido atacado no último fim de semana, ontem foi a
vez de a Apple revelar ter sido alvo de hackers chineses. O porta-voz da Casa
Branca, Jay Carner, alertou para um “sério desafio a segurança e economia dos
EUA”. E advertiu, sem mencionar nominalmente a China: “o presidente Obama tomará
as medidas necessárias para conter esse perigo”.
FONTE: O
Globo via Resenha do Exército
Diplomacia e proteção de civis
A proteção de civis desarmados em situações de conflito é um desafio de ordem
moral e diplomática. Inocentes mortos, feridos ou desabrigados não podem ser
tratados como meros “efeitos colaterais”. A questão exige que a comunidade
internacional assuma sua responsabilidade coletiva. A importância crescente do
tema levou a presidência de turno sul-coreana do Conselho de Segurança das
Nações Unidas (CSNU) a realizar debate, em nível ministerial, de que participei
em 12 de fevereiro.
Como ponto de partida devemos ter presente que a prevenção de conflitos é a
melhor forma de garantir a proteção de civis. Muito se fala sobre a
inaceitabilidade de situações em que governos deixam de proteger suas próprias
populações. Hoje existe consenso internacional quanto à necessidade de esforços
coordenados para fazer frente a tais circunstâncias.
É necessário reconhecer, porém, que a comunidade internacional tem sido
omissa em relação a questões fundamentais para a proteção de populações civis,
entre as quais sobressaem as seguintes:
A promoção do desenvolvimento sustentável, com ênfase na erradicação da
pobreza e na segurança alimentar, contribui para promover a paz. A ausência de
oportunidades e de perspectivas é gênese de conflitos, estimula os radicalismos
e enfraquece a crença nas instituições. É lamentável o elevado nível das
despesas militares, enquanto não são atingidas as metas de Assistência Oficial
ao Desenvolvimento, acordadas em Monterrey em 2002.
Precisamos lutar para reduzir a disponibilidade dos instrumentos de
violência, em particular as armas de destruição em massa. É imprescindível fazer
avançar o desarmamento e a não proliferação. A facilidade na obtenção de armas
convencionais, particularmente pelo comércio ilícito, multiplica os danos
causados por conflitos. As consequências para os civis do uso indiscriminado de
novidades tecnológicas no combate a insurgências ou ao terrorismo, por sua vez,
requerem um debate aprofundado.
Não podemos esquecer a responsabilidade da comunidade internacional na
paralisação do processo de paz Israel- Palestina e o fracasso do Quarteto em
contribuir para um acordo. Medidas unilaterais estão exacerbando tensões na
região. O CSNU deve atuar decisivamente nessa questão. A vulnerabilidade da
população civil nos territórios ocupados representa uma situação de alto risco,
cuja periculosidade não deve ser subestimada.
A paralisia em questões de paz e segurança internacional pode ser considerada
o mais preocupante exemplo da estagnação do sistema de governança mundial. O
CSNU, congelado em configuração de poder anacrônica, é o foro que debate e pode
chegar a autorizar o uso da força para a proteção de civis. Um CSNU mais
legítimo e representativo disporá de melhores condições para implementar medidas
preventivas e estratégias diplomáticas que evitem a radicalização e solucionem
conflitos.
Reconhecemos que em alguns casos a comunidade internacional não poderá
prevenir, por meios diplomáticos, conflitos armados com violações massivas de
direitos humanos da população civil. Ainda assim, devem-se esgotar todos os
meios pacíficos para minimizar o impacto sobre civis. O uso da força sempre traz
consigo o risco de mortes e disseminação de violência e instabilidades. As
intervenções militares no Afeganistão e no Iraque, por exemplo, causaram elevado
número de civis mortos (estimativas conservadoras calculam aproximadamente 120
mil mortos de setembro de 2001 a setembro de 2012), além de refugiados e
deslocados internos (em torno de 1,6 milhão de pessoas somente no Iraque). A
África do Norte vive o efeito desestabilizador de ações na Líbia. Essas lições
não podem ser ignoradas.
Em situações excepcionais e extremas em que o uso da força venha a ser
autorizado pelo Conselho de Segurança para proteger civis, é necessário garantir
que a intervenção militar seja criteriosa, proporcional e estritamente limitada
aos objetivos estabelecidos pelas Nações Unidas. Nesse contexto, devemos velar
1) pela inserção da intervenção numa estratégia diplomática de resolução de
conflitos – em outras palavras, a intervenção não pode ser um fim em si mesmo;
2) pela geração de um mínimo de violência e instabilidade, evitando criar ainda
mais danos para a população civil; e 3) pela adoção e observância de
procedimentos claros de monitoramento e avaliação pelo CSNU da maneira como suas
resoluções são interpretadas e aplicadas.
Prevenção de conflitos e resolução pacífica de disputas minimizam o
sofrimento de civis. Quando a intervenção militar é autorizada e considerada
potencialmente benéfica, a responsabilidade de proteger deve ser acompanhada da
responsabilidade ao proteger. Os esforços multilaterais de proteção de civis
devem estar ancorados no respeito aos direitos humanos e no Direito
Internacional Humanitário, inclusive no contexto da luta contra o
terrorismo.
Nota-se hoje uma crescente utilização da frase “não há solução militar para…”
A presidenta Dilma Rousseff, em seu discurso no Debate Geral da 67.a
Assembleia-Geral da ONU, declarou que “não há solução militar para a crise
síria”. É esta constatação que torna tão urgente e necessária uma plataforma
diplomática para a Síria como a do Grupo de Ação de Genebra de 2012. 0
presidente norte- americano, Barack Obama, em seu discurso de posse, em janeiro
passado, afirmou que “segurança e paz duradouras não exigem guerra
perpétua”.
Passado o momento unipolar e iniciada a formação de uma ordem multipolar,
começa a se firmar a convicção de que não há solução militar para a grande
maioria dos problemas de paz e segurança do mundo contemporâneo. Devemos encarar
essa evolução como uma nova abertura parao multilateralismo e um papel mais
relevante para a diplomacia.
FONTE: O
Estado de S. Paulo via Resenha do Exército
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