O governo brasileiro decidiu pela compra de cinco baterias antiaéreas da Rússia
– três do modelo Pantsir S1, de médio alcance, e duas Igla-S, com raio de ação
curto. Embora ontem, na reunião da presidente Dilma Rousseff e Dimitri Medvedev,
premiê russo, em Brasília, tenha sido assinada uma carta de intenções, o
negócio era definido como certo, e o documento, “só uma etapa da liturgia
brasileira”, segundo disse um especialista que acompanhou todo o
encontro.
O valor do pacote é estimado, na Europa, em US$ 1 bilhão. Cada bateria do
sistema Pantsir, é composta por 6 carretas lançadoras, mais veículos de apoio:
carro de comando e controle, radar secundário, remuniciadores e unidade
meteorológica.
O radar de detecção localiza o alvo – a rigor, 10 deles por minuto – em uma
área de 36,5 quilômetros. O tempo de reação é estimado em 20 segundos.
O Ministério da Defesa está negociando três baterias e os suprimentos. Cada
disparador é carregado com 12 mísseis 57E6 e leva, ainda, dois canhões de 30 mm
de tiro rápido – mais acessórios digitais que permitem localizar e abater alvos
no limite entre 15 km e 20 km, a 15 mil metros de altitude. Segundo o principal
funcionário brasileiro no processo, o general José Carlos de Nardi, chefe do
Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, “agora começa a discussão que
resultará na redução do preço de aquisição”. A análise do contrato deve demorar
cerca de três meses a quatro meses. As primeiras entregas, 18 meses
após a assinatura definitiva. “Esperamos contar com os sistemas para os Jogos
Olímpicos de 2016″, acredita o general De Nardi.
O procedimento é linear. Certos componentes do Pantsir, podem ser
substituídos por equivalentes feitos no Brasil. As carretas blindadas, por
exemplo, seriam trocadas pelo eficiente 6×6 da Avibrás, de São José dos Campos,
que utiliza o tipo no conjunto Astros-2, de foguetes livres. O radar de campo
também pode vir a ser trocado pelo Saber M200, de 200 km de raio de ação.
Produzido pela OrbSat, subsidiária da Embraer Defesa e Segurança, rastreia até
40 objetivos simultaneamente, priorizando a reação pelo grau de ameaça.
O acerto da segunda parte dessa transação é mais simples. Envolve duas
baterias do míssil Igla, versão S/9K38, a mais recente da arma antiaérea leve
disparada do ombro de um soldado. As Forças nacionais utilizam modelos de
gerações anteriores. O tipo tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries
anteriores, usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e é mais
resistente à interferência eletrônica de despistamento.
Os acordos preveem a formação de uma joint venture para fabricar o
Igla-S no País. A tarefa seria entregue a uma espécie de consórcio formado pelas
principais empresas do setor, como a Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer
Defesa e Segurança, Avibrás, Mectron e Logitech.
Distribuição. Cada uma das Forças receberá uma bateria Pantsir. A do Exército
ficará sob controle do 11° Grupo de Artilharia Antiaérea. A da Marinha vai para
os Fuzileiros Navais, e a Aeronáutica, agrega o seu ao Grupo de Artilharia
Antiaérea de Autodefesa.
Toda a operação estará coberta por cláusulas rígidas de transferência de
tecnologia. O preço final depende dos componentes que serão escolhidos. A
cotação sairá entre maio e junho. Todavia, alguns avanços já foram feitos na
reunião expandida da tarde de ontem. No Ministério da Fazenda, com a
participação direta do ministro Guido Mantega, foi estabelecido que o pagamento
inicial, da ordem de 40% sobre o total apurado, vai sofrer redução. O reservado
e influente diretor do serviço russo de cooperação técnico-militar, Alexander
Fomin, integrou a comitiva do premiê Medvedev.
FONTE: O
Estado de São Paulo, via
Notimp
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