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sexta-feira, 1 de março de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Brasil acerta compra de sistemas de defesa da Rússia, em acordo de US$ 1 bi
O governo brasileiro decidiu pela compra de cinco baterias antiaéreas da Rússia
– três do modelo Pantsir S1, de médio alcance, e duas Igla-S, com raio de ação
curto. Embora ontem, na reunião da presidente Dilma Rousseff e Dimitri Medvedev,
premiê russo, em Brasília, tenha sido assinada uma carta de intenções, o
negócio era definido como certo, e o documento, “só uma etapa da liturgia
brasileira”, segundo disse um especialista que acompanhou todo o
encontro.
O valor do pacote é estimado, na Europa, em US$ 1 bilhão. Cada bateria do
sistema Pantsir, é composta por 6 carretas lançadoras, mais veículos de apoio:
carro de comando e controle, radar secundário, remuniciadores e unidade
meteorológica.
O radar de detecção localiza o alvo – a rigor, 10 deles por minuto – em uma
área de 36,5 quilômetros. O tempo de reação é estimado em 20 segundos.
O Ministério da Defesa está negociando três baterias e os suprimentos. Cada
disparador é carregado com 12 mísseis 57E6 e leva, ainda, dois canhões de 30 mm
de tiro rápido – mais acessórios digitais que permitem localizar e abater alvos
no limite entre 15 km e 20 km, a 15 mil metros de altitude. Segundo o principal
funcionário brasileiro no processo, o general José Carlos de Nardi, chefe do
Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, “agora começa a discussão que
resultará na redução do preço de aquisição”. A análise do contrato deve demorar
cerca de três meses a quatro meses. As primeiras entregas, 18 meses
após a assinatura definitiva. “Esperamos contar com os sistemas para os Jogos
Olímpicos de 2016″, acredita o general De Nardi.
O procedimento é linear. Certos componentes do Pantsir, podem ser
substituídos por equivalentes feitos no Brasil. As carretas blindadas, por
exemplo, seriam trocadas pelo eficiente 6×6 da Avibrás, de São José dos Campos,
que utiliza o tipo no conjunto Astros-2, de foguetes livres. O radar de campo
também pode vir a ser trocado pelo Saber M200, de 200 km de raio de ação.
Produzido pela OrbSat, subsidiária da Embraer Defesa e Segurança, rastreia até
40 objetivos simultaneamente, priorizando a reação pelo grau de ameaça.
O acerto da segunda parte dessa transação é mais simples. Envolve duas
baterias do míssil Igla, versão S/9K38, a mais recente da arma antiaérea leve
disparada do ombro de um soldado. As Forças nacionais utilizam modelos de
gerações anteriores. O tipo tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries
anteriores, usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e é mais
resistente à interferência eletrônica de despistamento.
Os acordos preveem a formação de uma joint venture para fabricar o
Igla-S no País. A tarefa seria entregue a uma espécie de consórcio formado pelas
principais empresas do setor, como a Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer
Defesa e Segurança, Avibrás, Mectron e Logitech.
Distribuição. Cada uma das Forças receberá uma bateria Pantsir. A do Exército
ficará sob controle do 11° Grupo de Artilharia Antiaérea. A da Marinha vai para
os Fuzileiros Navais, e a Aeronáutica, agrega o seu ao Grupo de Artilharia
Antiaérea de Autodefesa.
Toda a operação estará coberta por cláusulas rígidas de transferência de
tecnologia. O preço final depende dos componentes que serão escolhidos. A
cotação sairá entre maio e junho. Todavia, alguns avanços já foram feitos na
reunião expandida da tarde de ontem. No Ministério da Fazenda, com a
participação direta do ministro Guido Mantega, foi estabelecido que o pagamento
inicial, da ordem de 40% sobre o total apurado, vai sofrer redução. O reservado
e influente diretor do serviço russo de cooperação técnico-militar, Alexander
Fomin, integrou a comitiva do premiê Medvedev.
FONTE: O
Estado de São Paulo, via
Notimp
Criação de fundo divide países da África e da América do Sul
criação de um fundo para financiar projetos na América do Sul e na África
divide governos das duas regiões.
Enquanto africanos pressionam para tirar do papel a proposta pensada ainda
2009, países como o Brasil, Venezuela e Colômbia resistem à ideia de montar um
fundo de contribuições voluntárias para bancar projetos de infraestrutura e
energia.
A possibilidade de o Brasil ser um dos principais doadores de um fundo
formado por países ainda em desenvolvimento assusta o governo da presidente
Dilma Rousseff e é vista, ao mesmo tempo, como uma atraente oportunidade pela
maioria dos africanos.
Essas diferenças ficaram explícitas ontem, no primeiro dia da 3ª Cúpula ASA
(América do Sul-África), que reúne em Malabo, capital da Guiné Equatorial,
representantes de 66 países até sexta.
A discussão sobre a criação do fundo esquentou os debates de altos
funcionários. O assunto será debatido por chanceleres e chefes de Estado, entre
eles Dilma, que chega a Malabo na noite de hoje.
A solução tem tudo para ser, literalmente, diplomática. O Brasil sugeriu que
um grupo de trabalho seja criado para debater a proposta e, em setembro,
apresentar o formato do fundo. Mas, se não houver consenso, poderá ficar nas
mãos dos chefes de Estado a decisão final.
“Podemos fazer muito sem um fundo”, disse aos colegas diplomatas a
embaixadora Maria Edileuza Fontenete Reis. Foi ela quem conduziu as reuniões de
ontem e tentou, de todas as formas, frear a ansiedade de representantes de
países africanos.
FONTE:
Folha de S. Paulo via Resenha do Exército
Defesa em Debate - O estruturalismo, os EUA e sua política dos guarda-chuvas nucleares no Oriente Médio
O estruturalismo, os EUA e sua política
dos guarda-chuvas nucleares no Oriente Médio
O estruturalismo da política internacional
Muitos teóricos neorealistas e estudiosos das Relações Internacionais acreditam que a multipolaridade no sistema internacional é resultado da instabilidade política gerada pelo fim da bipolaridade pós-Guerra Fria. Estes neorealistas, também conhecidos como estruturalistas, são aqueles que se alicerçam nas premissas do realismo clássico para providenciar uma análise estrutural da política internacional. Resumindo: existe um grupo de países que determinam as regras de funcionamento e de comportamento das relações internacionais.
A multipolaridade, segundo estes teóricos e estudiosos, aumenta o risco de guerras e aumenta os riscos de julgamentos equivocados entre os países. Além de reforçarem a importância da unipolaridade mundial, acreditam ser válido estabelecer políticas de alianças que permitam debilitar seus potenciais inimigos. A política dos guarda-chuvas é parte destas políticas de alianças entre grandes potências e outros países a fim de debilitar possíveis inimigos. Assim, podemos dizer que, países como Canadá, Austrália, Arábia Saudita, Israel, são exemplo de países que estão sob a proteção, ou melhor, sobre o guarda-chuva dos EUA.
A política de guarda-chuvas no Oriente Médio
Em função dos receios dos estruturalistas do sistema internacional de que o programa nuclear iraniano seja de finalidades militares, há rumores de que já esteja acontecendo uma corrida armamentista no Oriente Médio.
O Programa Nuclear do Irã remonta a década de 1950, quando este país, com auxílio dos EUA e de seu programa Átomos para a Paz, o auxiliaram na busca pelo domínio do ciclo completo do combustível nuclear. No entanto, os conflitos internos religiosos dificultaram maiores avanços neste Programa. Após a Revolução Islâmica, em 1979, por meio de uma parceria com a empresa alemã KWU, então uma joint venture da Siemens AG e AEG Telefunken, o programa nuclear iraniano foi retomado. Apesar dos esforços da KWU, dois fatores a forçaram a abandonar o Programa: o Irã não conseguia cumprir com os encargos econômicos contratuais e as pressões estadunidenses para cancelar seus contratos de fornecimento de tecnologia nuclear para o Irã. A KWU abandonou o território iraniano, contudo, deixou dois reatores, parcialmente, construídos. Em 1995, o Irã retomou seu Programa Nuclear e, sem êxito, buscou uma cooperação com a Rússia.
Contrariando os interesses do estruturalismo do sistema internacional, o Irã decidiu desenvolver seu programa nuclear autonomamente.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque foram listados em um relatório do Departamento de Defesa dos EUA como Estados patrocinadores do Terrorismo Internacional. Diferente do que muitos políticos e analistas internacionais afirmam, foi neste contexto que muitos países, em especial, estes listados, voltaram a se armar, gerando rumores de uma corrida armamentista.
Embora, todos os países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU compartilhassem com a campanha de George W. Bush (2001-2009) contra o Terrorismo Internacional, os EUA não obtiveram o apoio desejado deste Conselho para invadir o Iraque. A Inglaterra foi o único país que compactuou com a invasão dos EUA a este país, em 2003. Alegando haver armas de destruição em massa, os EUA coordenaram uma ação preemptiva no Iraque. Conclusão: não encontraram nenhuma arma de destruição em massa, a guerra se estendeu por muito mais tempo do que os políticos estadunidenses imaginavam, houve um desgaste militar e econômico excessivo, Bush deixou a presidência com a popularidade mais baixa da história dos EUA e, ao promover a destruição, inclusive, militar do Iraque, transformaram o Irã numa potência regional.
Em 2005, outro relatório do serviço de inteligência dos EUA apontou que o Irã havia retomado seu programa nuclear, enriquecia urânio em seu próprio território e que, entre 2010 e 2015, seria capaz de produzir uma bomba nuclear.
Democraticamente, Mahmoud Ahmadinejad, doutor em engenharia pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Irã, em 2005, assumiu a presidência. Ahmadinejad, considerado ultraconservador islâmico, desde antes de sua posse, defendia a retomada do programa nuclear de finalidades pacíficas como imprescindível para o desenvolvimento social e econômico de seu país e o desarmamento nuclear internacional. Por ser signatário do TNP, em 2009, o Irã recorreu à AIEA a fim de obter auxílio no seu programa de enriquecimento de urânio. O Irã não aceitou algumas cláusulas, entre elas, a de não enriquecer urânio em seu próprio território. Em 2009, Ahmadinejad foi reeleito. Embora polêmico, tem se mostrado flexível ao diálogo com os organismos de inspeção internacional. Por convite dos EUA, em 2010, Brasil e Turquia, junto às instituições internacionais, também tentaram dialogar com o Irã. Mas, mesmo depois do sucesso do Acordo Nuclear Brasil-Irã-Turquia, as pressões estadunidenses inviabilizaram um possível bom relacionamento do Irã com os países estruturalistas do sistema internacional.
Há quem diga que o Irã está sob o guarda-chuva da Rússia e da China. Há quem diga que Israel e Arábia Saudita estejam sob o guarda-chuva dos EUA. E há quem diga que estamos em meio a uma nova Guerra Fria.
A tal corrida armamentista no Oriente Médio
Como citado, tanto Israel quanto Arábia Saudita estão sob o guarda-chuva dos EUA. Ambos têm interesses em debilitar o Irã por razões geoestratégicas no Oriente Médio. Embora Israel não confirme, há suspeitas de que tenha a bomba atômica. Recentemente, em função da suposta corrida armamentista provocada pelo programa nuclear iraniano, há rumores de que a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, também esteja interessada na bomba atômica.
Além da Arábia Saudita, os analistas de política internacional apontam que Egito e Turquia também estejam interessados na bomba atômica. Afirmam que a Arábia Saudita poderia recorrer a três opções: desenvolver autonomamente, recorrer ao aliado Paquistão ou aos EUA. Considerando tais opções, principalmente, pela parceria estratégica que mantém há anos com os EUA, a opção mais provável seria a Arábia Saudita recorrer a este país.
De qualquer maneira, uma guerra não declarada já está em curso no Oriente Médio. Cientistas iranianos assassinados, vírus de computadores feitos em laboratório sabotando processos tecnológicos e usinas nucleares iranianas e sanções econômicas. Os experts afirmam ser provável que o Irã já seja alvo de drones e navios em suas costas. Acredita-se que o eixo EUA-Israel-Arábia Saudita seja autor destes atentados.
E o Brasil? Qual guarda-chuva o protege?
O Brasil é um país com as aspirações internacionais pacíficas. Embora domine o ciclo completo do combustível nuclear, esteja construindo em parceria com a França um submarino com propulsão nuclear, esteja construindo sua terceira usina nuclear, por razões políticas, não tem interesse em construir a bomba atômica. Além dos vários acordos internacionais assinados reforçando o desinteresse do Brasil na bomba nuclear, há a garantia Constitucional, comprometimento raro na política mundial.
Em função do comportamento dúbio e agressivo de países no sistema internacional, a defesa tem se tornado imperativa para o Brasil.
O Brasil não possui inimigos no sistema internacional, mas possui inúmeras riquezas a zelar. Enquanto o atual momento não exigir a necessidade de o Brasil optar por um lado, não se escolherá nenhum lado. Isso é o que permite o Brasil ter livre circulação diplomática na política mundial, se armar estabelecendo acordos militares com diferentes países e, principalmente, não ter a necessidade e a vontade de se proteger sob guarda-chuva de nenhum país.
dos guarda-chuvas nucleares no Oriente Médio
Fernanda Corrêa
Historiadora, estrategista e pesquisadora do
Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.
fernanda.das.gracas@hotmail.com
Historiadora, estrategista e pesquisadora do
Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.
fernanda.das.gracas@hotmail.com
O estruturalismo da política internacional
Muitos teóricos neorealistas e estudiosos das Relações Internacionais acreditam que a multipolaridade no sistema internacional é resultado da instabilidade política gerada pelo fim da bipolaridade pós-Guerra Fria. Estes neorealistas, também conhecidos como estruturalistas, são aqueles que se alicerçam nas premissas do realismo clássico para providenciar uma análise estrutural da política internacional. Resumindo: existe um grupo de países que determinam as regras de funcionamento e de comportamento das relações internacionais.
A multipolaridade, segundo estes teóricos e estudiosos, aumenta o risco de guerras e aumenta os riscos de julgamentos equivocados entre os países. Além de reforçarem a importância da unipolaridade mundial, acreditam ser válido estabelecer políticas de alianças que permitam debilitar seus potenciais inimigos. A política dos guarda-chuvas é parte destas políticas de alianças entre grandes potências e outros países a fim de debilitar possíveis inimigos. Assim, podemos dizer que, países como Canadá, Austrália, Arábia Saudita, Israel, são exemplo de países que estão sob a proteção, ou melhor, sobre o guarda-chuva dos EUA.
A política de guarda-chuvas no Oriente Médio
Em função dos receios dos estruturalistas do sistema internacional de que o programa nuclear iraniano seja de finalidades militares, há rumores de que já esteja acontecendo uma corrida armamentista no Oriente Médio.
O Programa Nuclear do Irã remonta a década de 1950, quando este país, com auxílio dos EUA e de seu programa Átomos para a Paz, o auxiliaram na busca pelo domínio do ciclo completo do combustível nuclear. No entanto, os conflitos internos religiosos dificultaram maiores avanços neste Programa. Após a Revolução Islâmica, em 1979, por meio de uma parceria com a empresa alemã KWU, então uma joint venture da Siemens AG e AEG Telefunken, o programa nuclear iraniano foi retomado. Apesar dos esforços da KWU, dois fatores a forçaram a abandonar o Programa: o Irã não conseguia cumprir com os encargos econômicos contratuais e as pressões estadunidenses para cancelar seus contratos de fornecimento de tecnologia nuclear para o Irã. A KWU abandonou o território iraniano, contudo, deixou dois reatores, parcialmente, construídos. Em 1995, o Irã retomou seu Programa Nuclear e, sem êxito, buscou uma cooperação com a Rússia.
Contrariando os interesses do estruturalismo do sistema internacional, o Irã decidiu desenvolver seu programa nuclear autonomamente.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque foram listados em um relatório do Departamento de Defesa dos EUA como Estados patrocinadores do Terrorismo Internacional. Diferente do que muitos políticos e analistas internacionais afirmam, foi neste contexto que muitos países, em especial, estes listados, voltaram a se armar, gerando rumores de uma corrida armamentista.
Embora, todos os países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU compartilhassem com a campanha de George W. Bush (2001-2009) contra o Terrorismo Internacional, os EUA não obtiveram o apoio desejado deste Conselho para invadir o Iraque. A Inglaterra foi o único país que compactuou com a invasão dos EUA a este país, em 2003. Alegando haver armas de destruição em massa, os EUA coordenaram uma ação preemptiva no Iraque. Conclusão: não encontraram nenhuma arma de destruição em massa, a guerra se estendeu por muito mais tempo do que os políticos estadunidenses imaginavam, houve um desgaste militar e econômico excessivo, Bush deixou a presidência com a popularidade mais baixa da história dos EUA e, ao promover a destruição, inclusive, militar do Iraque, transformaram o Irã numa potência regional.
Em 2005, outro relatório do serviço de inteligência dos EUA apontou que o Irã havia retomado seu programa nuclear, enriquecia urânio em seu próprio território e que, entre 2010 e 2015, seria capaz de produzir uma bomba nuclear.
Democraticamente, Mahmoud Ahmadinejad, doutor em engenharia pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Irã, em 2005, assumiu a presidência. Ahmadinejad, considerado ultraconservador islâmico, desde antes de sua posse, defendia a retomada do programa nuclear de finalidades pacíficas como imprescindível para o desenvolvimento social e econômico de seu país e o desarmamento nuclear internacional. Por ser signatário do TNP, em 2009, o Irã recorreu à AIEA a fim de obter auxílio no seu programa de enriquecimento de urânio. O Irã não aceitou algumas cláusulas, entre elas, a de não enriquecer urânio em seu próprio território. Em 2009, Ahmadinejad foi reeleito. Embora polêmico, tem se mostrado flexível ao diálogo com os organismos de inspeção internacional. Por convite dos EUA, em 2010, Brasil e Turquia, junto às instituições internacionais, também tentaram dialogar com o Irã. Mas, mesmo depois do sucesso do Acordo Nuclear Brasil-Irã-Turquia, as pressões estadunidenses inviabilizaram um possível bom relacionamento do Irã com os países estruturalistas do sistema internacional.
Há quem diga que o Irã está sob o guarda-chuva da Rússia e da China. Há quem diga que Israel e Arábia Saudita estejam sob o guarda-chuva dos EUA. E há quem diga que estamos em meio a uma nova Guerra Fria.
A tal corrida armamentista no Oriente Médio
Como citado, tanto Israel quanto Arábia Saudita estão sob o guarda-chuva dos EUA. Ambos têm interesses em debilitar o Irã por razões geoestratégicas no Oriente Médio. Embora Israel não confirme, há suspeitas de que tenha a bomba atômica. Recentemente, em função da suposta corrida armamentista provocada pelo programa nuclear iraniano, há rumores de que a Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, também esteja interessada na bomba atômica.
Além da Arábia Saudita, os analistas de política internacional apontam que Egito e Turquia também estejam interessados na bomba atômica. Afirmam que a Arábia Saudita poderia recorrer a três opções: desenvolver autonomamente, recorrer ao aliado Paquistão ou aos EUA. Considerando tais opções, principalmente, pela parceria estratégica que mantém há anos com os EUA, a opção mais provável seria a Arábia Saudita recorrer a este país.
De qualquer maneira, uma guerra não declarada já está em curso no Oriente Médio. Cientistas iranianos assassinados, vírus de computadores feitos em laboratório sabotando processos tecnológicos e usinas nucleares iranianas e sanções econômicas. Os experts afirmam ser provável que o Irã já seja alvo de drones e navios em suas costas. Acredita-se que o eixo EUA-Israel-Arábia Saudita seja autor destes atentados.
E o Brasil? Qual guarda-chuva o protege?
O Brasil é um país com as aspirações internacionais pacíficas. Embora domine o ciclo completo do combustível nuclear, esteja construindo em parceria com a França um submarino com propulsão nuclear, esteja construindo sua terceira usina nuclear, por razões políticas, não tem interesse em construir a bomba atômica. Além dos vários acordos internacionais assinados reforçando o desinteresse do Brasil na bomba nuclear, há a garantia Constitucional, comprometimento raro na política mundial.
Em função do comportamento dúbio e agressivo de países no sistema internacional, a defesa tem se tornado imperativa para o Brasil.
O Brasil não possui inimigos no sistema internacional, mas possui inúmeras riquezas a zelar. Enquanto o atual momento não exigir a necessidade de o Brasil optar por um lado, não se escolherá nenhum lado. Isso é o que permite o Brasil ter livre circulação diplomática na política mundial, se armar estabelecendo acordos militares com diferentes países e, principalmente, não ter a necessidade e a vontade de se proteger sob guarda-chuva de nenhum país.
Fonte:defesanet
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Brasil quer conter presença chinesa na África
Fernando Exman
O governo federal quer aproveitar a viagem que
a presidente Dilma Rousseff fará nesta semana à África para tentar reforçar
ainda mais a presença das empresas brasileiras na região. O desafio, entretanto,
é grande: além do desconhecimento de parte considerável do empresariado sobre as
potencialidades do mercado africano, as empresas brasileiras precisam enfrentar
a concorrência de outras companhias estrangeiras, principalmente da China. Está
em jogo um mercado de aproximadamente 1 bilhão de consumidores, com demanda em
alta pelos mais vários tipos de bens e serviços e um crescimento econômico
superior à média mundial.
Dilma participará na sexta-feira da cúpula América do Sul – África (ASA), em
Malabo, Guiné Equatorial. O tema do encontro é justamente o fortalecimento da
cooperação entre países em desenvolvimento. Em seguida, ela desembarcará na
Nigéria, parceiro considerado estratégico no continente.
“A China tem ganhado participação na África. Mas, em termos de comércio, o
crescimento da participação da China na África não é em detrimento da
participação brasileira. O Brasil também cresceu seu “market share” em
detrimento de outros”, disse a secretária de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, destacando que a participação do continente
africano nas exportações brasileiras passou de 3,9% para 5% entre 2003 e 2012 e
as importações permaneceram em 6% do total no mesmo período.
Na avaliação de autoridades brasileiras, a oferta de linhas de crédito vem
tendo um papel estratégico na disputa pelo mercado africano e os ambiciosos
programas de financiamento da China têm feito a diferença. Como consequência, um
grupo de trabalho coordenado pela Presidência da República discute novas formas
de impulsionar o comércio com o continente africano. Um dos aspectos discutidos
é o lançamento de mecanismos de financiamento.
Em 2010, registra um estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, a China substituiu o Banco Mundial (Bird) como principal
fonte de financiamento dos países africanos. Entre 2001 e 2010, os empréstimos
concedidos à África pelo Exim Bank chinês, instituição voltada ao fomento às
exportações e importações do país asiático, foram estimados em US$ 67,2 bilhões.
Já os financiamentos do Banco Mundial nesse mesmo período totalizaram US$ 54,7
bilhões.
O próprio Banco Mundial já analisou a questão. No relatório “Construindo
pontes: O papel crescente da China como financiadora da infraestrutura da África
Subsaariana”, de 2009, o Bird mostrou que o crescimento do comércio entre a
China e a África foi acompanhado por uma maior ajuda econômica oferecida pelo
país asiático a partir de 2001. Em contrapartida, diversas obras de
infraestrutura executadas pelos chineses na África têm como garantia ou são
pagas com petróleo, minério de ferro, cromo ou cacau, diz o Bird. Hoje, a China
é o principal fornecedor do continente, e encontra na África um destino para os
seus produtos de alto valor agregado. O país asiático também se consolida como o
maior comprador de produtos africanos, ultrapassando os Estados Unidos.
A China demonstra que pretende manter tal papel. Em agosto de 2012, anota o
estudo do Ministério do Desenvolvimento, o país anunciou a concessão de crédito
de US$ 20 bilhões em três anos para projetos de infraestrutura, agricultura e
desenvolvimento na África.
Num ritmo mais tímido, o Brasil também tem disponibilizado apoio às
exportações à região. Entre 2008 e 2012, por exemplo, o valor desembolsado por
programas oficiais alcançou US$ 4,8 bilhões.
O Brasil ainda mantém uma série de programas de cooperação técnica com o
continente. Cerca de 150 iniciativas em aproximadamente 40 países são mantidas
pelo Brasil, segundo o Itamaraty.
Outro sinal da maior aproximação entre o Brasil e a África é o crescimento do
total de empresas brasileiras que atuam no comércio bilateral. Enquanto o total
de empresas brasileiras exportadoras caiu nos últimos anos, o número de empresas
que vendem para a África subiu 39% entre 2003 e 2012, para 3.810. Já as empresas
que importam produtos africanos totalizaram 1.739 em 2012, alta de 84%.
O Ministério do Desenvolvimento também prevê uma alta nas exportações de
serviços por parte de empresas brasileiras e, consequentemente, uma elevação dos
embarques de bens relacionados a esses projetos. Nas contas do ministério, cada
US$ 100 milhões em exportações de serviços geram US$ 30 milhões em exportações
de equipamentos e outros produtos.
“Esses investimentos brasileiros na África puxam consigo exportações de bens
que de outra maneira dificilmente ocorreriam”, afirmou Tatiana Prazeres,
destacando ser uma característica da balança comercial Brasil-África a atuação
de “trading companies” de propriedade das construtoras brasileiras. “As
exportações são feitas por uma empresa, a comercial exportadora, que traz
produtos de empresas de menor porte.”
FONTE:
Valor Econômico, via resenha do EB
EUA e China travam ‘guerra fria’ cibernética
Cada vez mais frequentes, os ataques de
hackers chineses contra pessoas e instituições americanas começam a ganhar
contornos políticos – capazes até de arranhar as relações entre os dois países.
Mais de 140 ataques cibernéticos nos últimos anos tiveram sua origem numa
unidade militar chinesa em Xangai, revelou ontem um relatório da empresa de
segurança digital americana Mandiant, baseada na Califórnia.
Os dados da Mandiant conectam o grupo hacker APT1 (sigla de “ameaça
persistente avançada”, em inglês) ao comando do Exército de Libertação Popular
(ESP) – as Forças Armadas da China. O APT1 seria a chamada Unidade 61398, um
órgão militar de atividades secretas instalado num edifício de 12 andares em
Xangai.
O trabalho de contraespionagem dos americanos rastreou os ataques, chegando
ao endereço, no distrito de Pudong, no centro financeiro e bancário da China.
Lá, de acordo com o relatório, trabalham centenas – ou mesmo milhares – de
pessoas com competências técnicas de programação e gerenciamento de redes, além
de fluência em inglês, um perfil necessário para a realização dos
ciberataques.
“O caráter do trabalho da Unidade 61398 é considerado pela China segredo de
Estado. No entanto, acreditamos que ela está envolvida numa rede de nocivas
operações com redes de computador”, diz o relatório. “Já é hora de reconhecer
que a ameaça está vindo da China, e queremos fazer a nossa parte para combater a
ameaça efetivamente.”
A unidade teria roubado “centenas de terabytes de dados de pelo menos 141
organizações de um conjunto diversificado de indústrias que começaram a operar
em 2006″. A maioria das vítimas estava em EUA, Canadá e Reino Unido. E as
informações roubadas variam entre detalhes sobre fusões e aquisições e e-mails
de funcionários de altos escalões.
Numa área da tecnologia na qual o sigilo é a regra, a denúncia ganhou peso
quando uma empresa concorrente da Mandiant, a CrowStrike, reforçou a veracidade
das denúncias. “O Exército tem papel-chave na estratégia de segurança da China,
e faz sentido que seus recursos sejam usados para beneficiar a espionagem
digital que ajuda a economia chinesa” atestou o cofundador CrowStrike, Dmitri
Alperovitch.
Pequim nega acusações
O Ministério da Defesa chinês emitiu uma nota negando as acusações – e
chamando de “amadores” os especialistas da Mandiant: “O Exército chinês nunca
apoiou qualquer atividade de hackers. Relatórios sobre o envolvimento do
Exército com ataques cibernéticos são amadores e não estão de acordo com os
fatos”, assegurou a Chancelaria chinesa.
Depois de o Facebook ter sido atacado no último fim de semana, ontem foi a
vez de a Apple revelar ter sido alvo de hackers chineses. O porta-voz da Casa
Branca, Jay Carner, alertou para um “sério desafio a segurança e economia dos
EUA”. E advertiu, sem mencionar nominalmente a China: “o presidente Obama tomará
as medidas necessárias para conter esse perigo”.
FONTE: O
Globo via Resenha do Exército
Diplomacia e proteção de civis
A proteção de civis desarmados em situações de conflito é um desafio de ordem
moral e diplomática. Inocentes mortos, feridos ou desabrigados não podem ser
tratados como meros “efeitos colaterais”. A questão exige que a comunidade
internacional assuma sua responsabilidade coletiva. A importância crescente do
tema levou a presidência de turno sul-coreana do Conselho de Segurança das
Nações Unidas (CSNU) a realizar debate, em nível ministerial, de que participei
em 12 de fevereiro.
Como ponto de partida devemos ter presente que a prevenção de conflitos é a
melhor forma de garantir a proteção de civis. Muito se fala sobre a
inaceitabilidade de situações em que governos deixam de proteger suas próprias
populações. Hoje existe consenso internacional quanto à necessidade de esforços
coordenados para fazer frente a tais circunstâncias.
É necessário reconhecer, porém, que a comunidade internacional tem sido
omissa em relação a questões fundamentais para a proteção de populações civis,
entre as quais sobressaem as seguintes:
A promoção do desenvolvimento sustentável, com ênfase na erradicação da
pobreza e na segurança alimentar, contribui para promover a paz. A ausência de
oportunidades e de perspectivas é gênese de conflitos, estimula os radicalismos
e enfraquece a crença nas instituições. É lamentável o elevado nível das
despesas militares, enquanto não são atingidas as metas de Assistência Oficial
ao Desenvolvimento, acordadas em Monterrey em 2002.
Precisamos lutar para reduzir a disponibilidade dos instrumentos de
violência, em particular as armas de destruição em massa. É imprescindível fazer
avançar o desarmamento e a não proliferação. A facilidade na obtenção de armas
convencionais, particularmente pelo comércio ilícito, multiplica os danos
causados por conflitos. As consequências para os civis do uso indiscriminado de
novidades tecnológicas no combate a insurgências ou ao terrorismo, por sua vez,
requerem um debate aprofundado.
Não podemos esquecer a responsabilidade da comunidade internacional na
paralisação do processo de paz Israel- Palestina e o fracasso do Quarteto em
contribuir para um acordo. Medidas unilaterais estão exacerbando tensões na
região. O CSNU deve atuar decisivamente nessa questão. A vulnerabilidade da
população civil nos territórios ocupados representa uma situação de alto risco,
cuja periculosidade não deve ser subestimada.
A paralisia em questões de paz e segurança internacional pode ser considerada
o mais preocupante exemplo da estagnação do sistema de governança mundial. O
CSNU, congelado em configuração de poder anacrônica, é o foro que debate e pode
chegar a autorizar o uso da força para a proteção de civis. Um CSNU mais
legítimo e representativo disporá de melhores condições para implementar medidas
preventivas e estratégias diplomáticas que evitem a radicalização e solucionem
conflitos.
Reconhecemos que em alguns casos a comunidade internacional não poderá
prevenir, por meios diplomáticos, conflitos armados com violações massivas de
direitos humanos da população civil. Ainda assim, devem-se esgotar todos os
meios pacíficos para minimizar o impacto sobre civis. O uso da força sempre traz
consigo o risco de mortes e disseminação de violência e instabilidades. As
intervenções militares no Afeganistão e no Iraque, por exemplo, causaram elevado
número de civis mortos (estimativas conservadoras calculam aproximadamente 120
mil mortos de setembro de 2001 a setembro de 2012), além de refugiados e
deslocados internos (em torno de 1,6 milhão de pessoas somente no Iraque). A
África do Norte vive o efeito desestabilizador de ações na Líbia. Essas lições
não podem ser ignoradas.
Em situações excepcionais e extremas em que o uso da força venha a ser
autorizado pelo Conselho de Segurança para proteger civis, é necessário garantir
que a intervenção militar seja criteriosa, proporcional e estritamente limitada
aos objetivos estabelecidos pelas Nações Unidas. Nesse contexto, devemos velar
1) pela inserção da intervenção numa estratégia diplomática de resolução de
conflitos – em outras palavras, a intervenção não pode ser um fim em si mesmo;
2) pela geração de um mínimo de violência e instabilidade, evitando criar ainda
mais danos para a população civil; e 3) pela adoção e observância de
procedimentos claros de monitoramento e avaliação pelo CSNU da maneira como suas
resoluções são interpretadas e aplicadas.
Prevenção de conflitos e resolução pacífica de disputas minimizam o
sofrimento de civis. Quando a intervenção militar é autorizada e considerada
potencialmente benéfica, a responsabilidade de proteger deve ser acompanhada da
responsabilidade ao proteger. Os esforços multilaterais de proteção de civis
devem estar ancorados no respeito aos direitos humanos e no Direito
Internacional Humanitário, inclusive no contexto da luta contra o
terrorismo.
Nota-se hoje uma crescente utilização da frase “não há solução militar para…”
A presidenta Dilma Rousseff, em seu discurso no Debate Geral da 67.a
Assembleia-Geral da ONU, declarou que “não há solução militar para a crise
síria”. É esta constatação que torna tão urgente e necessária uma plataforma
diplomática para a Síria como a do Grupo de Ação de Genebra de 2012. 0
presidente norte- americano, Barack Obama, em seu discurso de posse, em janeiro
passado, afirmou que “segurança e paz duradouras não exigem guerra
perpétua”.
Passado o momento unipolar e iniciada a formação de uma ordem multipolar,
começa a se firmar a convicção de que não há solução militar para a grande
maioria dos problemas de paz e segurança do mundo contemporâneo. Devemos encarar
essa evolução como uma nova abertura parao multilateralismo e um papel mais
relevante para a diplomacia.
FONTE: O
Estado de S. Paulo via Resenha do Exército
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
A Teoria das Operações Especiais
Resumo e Adaptação da Tradução do Capítulo 1 do livro Special Operations - Case Studies in Special Operations Warfare: Theory and Practice
Editora Presidio Press, 1995
Escrito em 1995 pelo então Capitão-de-Fragata William H. McRaven, da Marinha dos EUA. Na época McRaven era Comandante do SEAL Team-3, sediado em Coronado,Califórnia. Em 2011 William H. McRaven era vice-almirante e o Comandante das Forças Especiais Conjuntas dos EUA e planejou e comandou a operação Neptune Spear que eliminou Bin Laden no Paquistão.
McRaven caçou e capturou os dois maiores inimigos americanos: Saddam e Osama Bin Laden
Na área da literatura militar, muito se tem escrito sobre a teoria da guerra, desde o pensamento de Herman Kahn acerca da temível extremidade nuclear do espectro, até a guerra indireta de B. H. Liddell Hart na extremidade convencional. Existem teorias sobre a escalada e a conclusão da guerra, teorias sobre a revolução e a contra-revolução, teorias sobre a insurreição e a contrainsurreição, bem como teorias gerais sobre o poder aéreo e o poder marítimo; e outras mais específicas sobre o bombardeio estratégico e a guerra anfíbia. Entretanto, não se encontra nenhum registro a respeito de uma teoria sobre as operações especiais. Qual a importância de uma teoria das operações especiais? Uma operação especial bem-sucedida contradiz o conhecimento convencional, pois prescreve o emprego de uma força de pequeno efetivo para derrotar um adversário bem mais numeroso ou estacionado em bases fortificadas. Este livro formula uma teoria das operações especiais que expõe o porque da ocorrência deste fenômeno. Irei mostrar que, através do emprego de certos princípios de guerra, uma força de operações especiais pode reduzir as chamadas "fricções da guerra", de Carl von Clausewitz, a um nível aceitável. Ao minimizar estas fricções, a força de operações especiais pode obter uma superioridade relativa sobre o inimigo. Uma vez obtida essa superioridade, a força atacante deixa de estar em desvantagem e pode tomar a iniciativa a fim de aproveitar as vulnerabilidades do inimigo e assegurar a vitória. A obtenção da superioridade relativa é um fator necessário, mas, por si só, insuficiente para garantir o êxito. Se pudermos determinar, antes da operação, a melhor maneira de obter a superioridade relativa, poderemos modificar o planejamento e a preparação das operações especiais para aumentar a possibilidade de alcançarmos o êxito. Esta teoria não fará do leitor um melhor mergulhador, aviador ou pára-quedista, mas lhe proporcionará um embasamento intelectual para refletir sobre as operações especiais.
O Escopo deste Estudo Para desenvolver uma teoria de operações especiais, inicialmente, há que se limitar o escopo do problema. Isso exigiu a formulação da seguinte definição aperfeiçoada de operação especial: "Uma operação especial é conduzida por forças especialmente adestradas, equipadas e apoiadas visando um alvo específico, cuja destruição, eliminação ou resgate (no caso de reféns)constitui-se em imposição política ou militar."** A Joint Pub 3-05 estabelece que as missões de ação direta são "projetadas para a obtenção de resultados específicos, bem definidos e que, com freqüência, dependem do tempo. Eles têm importância estratégica, operacional, ou são críticos do ponto de vista tático." Abrangem ataques contra alvos vitais, interdição de linhas de comunicações, localização, captura ou recuperação de pessoal ou material, ou a captura, destruição ou neutralização de instalações críticas.
O Escopo deste Estudo Para desenvolver uma teoria de operações especiais, inicialmente, há que se limitar o escopo do problema. Isso exigiu a formulação da seguinte definição aperfeiçoada de operação especial: "Uma operação especial é conduzida por forças especialmente adestradas, equipadas e apoiadas visando um alvo específico, cuja destruição, eliminação ou resgate (no caso de reféns)constitui-se em imposição política ou militar."** A Joint Pub 3-05 estabelece que as missões de ação direta são "projetadas para a obtenção de resultados específicos, bem definidos e que, com freqüência, dependem do tempo. Eles têm importância estratégica, operacional, ou são críticos do ponto de vista tático." Abrangem ataques contra alvos vitais, interdição de linhas de comunicações, localização, captura ou recuperação de pessoal ou material, ou a captura, destruição ou neutralização de instalações críticas.
- Nota da Editoria Brasileira. Esta definição não coincide com a apresentada na doutrina combinada oficial norte-americana, a qual define as operações especiais de uma forma abrangente, compreendendo as operações psicológicas, assuntos civis e reconhecimento. As oito operações de combate que estão analisadas neste livro para determinar os princípios das operações especiais e formular a teoria respectiva se encaixam mais adequadamente no que o Joint Pub 3-05 define de "Missão de Ação Direta".* .* A Doctrine for Joint Special Operations [Joint Pub 3-05] define as Operações Especiais como "operações conduzidas por forças militares e paramilitares especialmente organizadas, adestradas e equipadas, visando a consecução de objetivos militares, políticos, econômicos ou psicológicos por meios militares não-convencionais em áreas hostis, interditadas ou politicamente sensíveis. Tais operações são conduzidas em tempo de paz, conflitos e guerras, independentemente ou em coordenação com operações realizadas por forças convencionais, não adestradas em Operações Especiais.
As considerações político-militares freqüentemente modelam as Operações Especiais, exigindo técnicas clandestinas, sigilosas e a supervisão no nível nacional. As Operações Especiais diferem das convencionais nos níveis de risco físico e político, técnicas operacionais, modalidades de emprego, independência do apoio de forças amigas, e dependência de inteligência operacional detalhada e de meios locais.
- Nota da Editoria Brasileira Diferentemente destas, as oito operações de combate aqui analisadas sempre foram de uma natureza estratégica ou operacional, e contaram com a vantagem de possuírem, praticamente, meios ilimitados e inteligência a nível estratégico nacional. Esta definição aperfeiçoada também significa que as operações especiais podem ser conduzidas por pessoal de operações não-especiais, tais como os aviadores que realizaram a incursão sobre Tóquio, sob a liderança de James Doolittle, ou os submarinos que participaram da incursão contra o encouraçado alemão Tirpitz. Embora seja da opinião que pode ser aplicada ao longo de todo o espectro das Operações Especiais, conforme definidas pela Joint Pub 3-05, a teoria aqui apresentada foi formulada exclusivamente tomando por base os oito estudos de caso constantes neste trabalho. Portanto, daqui em diante, o termo operações especiais será empregado segundo essa definição aperfeiçoada.
Por que são as Operações Especiais Singulares?
Todas as operações especiais são conduzidas contra posições fortificadas, quer seja um encouraçado cercado por redes antitorpedo (a incursão dos minissubmarinos britânicos contra o encouraçado alemão Tirpitz), um reduto nas montanhas protegido por tropas italianas (o resgate de Benito Mussolini, liderado por Otto Skorzeny), um campo de prisioneiros de guerra (a incursão dos Rangers sobre Cabanatuan e a incursão das forças especiais dos EUA sobre Son Tay), ou um avião comercial seqüestrado (o resgate de reféns em Mogadíscio, levado a cabo pela unidade antiterrorista alemã GSG-9). Estas posições fortificadas são características de situações onde o inimigo adotou uma posição defensiva. Em seu livro On War, Carl von Clausewitz observou: "a modalidade defensiva da guerra em si é mais vigorosa do que a ofensiva. [Ela] contribui para o poder de resistência, ou seja, a capacidade de autopreservação e proteção. Dessa forma a defesa, em geral, tem uma finalidade negativa, que é a de resistir à vontade do inimigo... Se é que desejamos desencadear uma ofensiva para impor a nossa vontade, devemos possuir força suficiente para superar a inerente superioridade da defesa inimiga."2
A teoria da guerra proposta por Clausewitz estabelece que, para derrotar "a modalidade mais vigorosa da guerra", a melhor arma de um exército é a superioridade numérica. "Neste sentido, admite-se que tal superioridade seja o fator mais importante no desfecho de um engajamento, desde que seja suficientemente grande para compensar as demais circunstâncias. Depreende-se, portanto, que o maior número possível de tropas deve ser empregado no ponto decisivo do engajamento."3
Nenhum combatente questionaria o benefício da superioridade numérica. Todavia, se ela constitui o fator mais importante, como é que 69 comandos alemães foram capazes de derrotar uma força belga de 650 soldados, protegidos pela maior e mais compacta fortaleza da época, o forte em Eben Emael? Como pode uma força de operações especiais numericamente inferior, que tem a desvantagem de atacar a modalidade mais vigorosa da guerra, obter a superioridade sobre o inimigo? Quem entender este paradoxo, entenderá as operações especiais.
Superioridade Relativa
A superioridade relativa é um conceito essencial à teoria das operações especiais. Simplesmente dito, a superioridade relativa é uma condição que existe quando uma força atacante, geralmente menor, obtém uma vantagem decisiva sobre um inimigo maior ou bem-fortificado. A importância do conceito de superioridade relativa reside na sua capacidade de mostrar quais os vetores positivos que influenciam o êxito de uma missão e como as fricções da guerra afetam a consecução do objetivo. Nesta seção, iremos definir os três atributos básicos da superioridade relativa e mostrar como se manifestam em combate. A superioridade relativa é obtida no momento decisivo de um engajamento. Por exemplo, quando os alemães atacaram o forte belga em Eben Emael durante a II Guerra Mundial, eles conquistaram uma vantagem decisiva - a superioridade relativa - sobre o inimigo, cinco minutos após o engajamento inicial, tendo empregado planadores e cargas explosivas dirigidas para obter a surpresa e a rapidez necessárias para subjugar, no menor tempo possível, o inimigo. Embora os belgas combatessem por mais 24 horas, o combate dependeu das ações iniciais, estando o desfecho praticamente assegurado.
Em alguns casos, o momento decisivo surge antes do combate. Em 1942 na Operação Chariot, os britânicos modificaram um velho contratorpedeiro, o HMS Campbeltown, carregando-o com 4 1/2 toneladas de explosivos e protegendo-o com blindagem. Após cruzar o Canal da Mancha, o navio arremeteu contra o dique seco, ocupado pelos alemães, em Saint-Nazaire, na França, tornando-o inoperante pelo resto da guerra. Embora as defesas alemãs em torno de Saint-Nazaire fossem as mais fortes no Atlântico, quando o HMS Campbeltown alcançou o ancoradouro exterior do porto (a cerca de 3km do dique seco), os alemães já não podiam detê-lo. A essa altura, antes do início das hostilidades propriamente ditas, a superioridade relativa já havia sido obtida. O ponto em que esta é obtida também é, freqüentemente, o ponto de maior risco. Quanto mais se aproximar a força atacante, tanto mais fortes serão as defesas. No entanto, uma vez superado o obstáculo decisivo, a probabilidade de êxito é consideravelmente maior do que a probabilidade de fracasso, obtendo-se, assim, a superioridade relativa. Uma vez obtida a superioridade relativa, esta deve ser mantida a fim de assegurar a vitória.
Quando da tentativa de resgate do ditador italiano Benito Mussolini, o Capitão Otto Skorzeny, das SS, conduziu um assalto aéreo (com planadores) contra um reduto italiano no alto da Montanha Gran Sasso, nos Apeninos. Quatro minutos após desembarcar, Skorzeny penetrou no hotel e libertou Mussolini. A esta altura, a superioridade relativa havia sido obtida, mas, para que a missão fosse bem-sucedida, Skorzeny ainda tinha de extrair Mussolini do alto da montanha e assegurar o seu retorno a Roma. Este período entre a libertação de Mussolini e o término da missão requereu a manutenção da superioridade relativa, o que foi possível graças à audácia de Skorzeny e às tropas convencionais que reforçavam a pequena força de comandos. A capacidade de manter a superioridade relativa freqüentemente exige a intervenção da coragem, do intelecto, da audácia e da perseverança, ou do que Clausewitz chama de "fatores morais".
Para citar um exemplo, durante a II GM, o Tenente Luigi Durand de la Penne, um homem-rã italiano, entrou clandestinamente no porto de Alexandria a bordo de um torpedo tripulado. Ele e seu segundo mergulhador desbordaram uma rede antisubmarino, cargas de profundidade, pequenos navios de proteção, a segurança do porto e uma rede antitorpedo para chegar ao encouraçado britânico HMS Valiant. Eles só tinham que colocar explosivos na quilha do navio para que a missão fosse bem-sucedida. Infelizmente, à medida que Durand de la Penne manobrava o torpedo tripulado sob o casco do HMS Valiant, o submersível começou a ganhar lastro e afundou na lama. Agravando ainda mais a situação, seu segundo mergulhador perdeu os sentidos e flutuou até a superfície. Fisicamente exausto pelo mergulho prolongado e afetado pela água gelada que penetrava na sua roupa de neoprene rasgada, Durand de la Penne passou os próximos 40 minutos posicionando o torpedo sob o HMS Valiant. Foi somente graças a sua tremenda perseverança e coragem (dois dos quatro fatores morais) que ele conseguiu manter a superioridade relativa e concluir a missão.
Se a superioridade relativa for perdida, será difícil recuperá-la. Após a investida do Campbeltown contra o dique seco em Saint-Nazaire, o plano previa que oitenta comandos a bordo do navio desembarcassem e destruíssem alvos em volta da instalação portuária. Embora os comandos tivessem atingido uma marcante vantagem tática quando investiram contra o dique seco e surpreenderam os alemães, os marinheiros e soldados germânicos logo intervieram e retardaram o avanço dos comandos enquanto tentavam destruir os alvos em terra firme. Trinta minutos após desembarcarem, os comandos do HMS Campbeltown encontravam-se em inferioridade numérica face aos reforços alemães, perdendo a superioridade relativa. O engajamento continuou por mais duas horas, mas os britânicos, devido à sua inferioridade numérica, não foram capazes de recuperar a vantagem. Eventualmente, os comandos se viram forçados a render-se.
Resultado da investida do HMS Campbeltown contra o dique seco de Saint-Nazaire
Uma vulnerabilidade própria das Forças de Operações Especiais é seu limitado poder de fogo em relação a uma força convencional de grande efetivo. Por isso, quando perdem a superioridade numérica, também perdem a iniciativa. Nesse caso prevalece, geralmente, a modalidade mais vigorosa da guerra. A chave das missões de operações especiais reside na conquista da superioridade relativa, o mais cedo possível no engajamento. Quanto mais se prolongar o engajamento, tanto maior será a probabilidade de que o desfecho seja afetado pela vontade do inimigo, pelo azar e pela incerteza, fatores que constituem as fricções da guerra.
O ponto de vulnerabilidade durante a missão, surge a partir do momento em que a força atacante atinge a primeira linha de defesa do inimigo. Nesse momento, as fricções da guerra (azar, incerteza e a vontade do inimigo) começam a influir no êxito do engajamento. Embora as chamadas fricções da guerra ainda possam afetar uma missão durante as fases de planejamento e preparação, decidimos considerar o ponto de vulnerabilidade como um aspecto da fase de engajamento. A área de vulnerabilidade é uma função da conclusão da missão ao longo do tempo. Quanto mais tempo se levar para obter a superioridade relativa, tanto maior será a área de vulnerabilidade, e conseqüentemente, maior o impacto causado pelas fricções da guerra. O gráfico mostra que a força de operações especiais é bem-sucedida porque suas vantagens intrínsecas (tecnologia, adestramento, inteligência, etc.) permitem reduzir a área de vulnerabilidade e, por extensão, as fricções da guerra, a um nível aceitável. Embora existam fatores na guerra que estão fora do nosso controle, a teoria das operações especiais mostra que há seis princípios que podem ser controlados e, ao mesmo tempo, influem na superioridade relativas.
Os Seis Princípios das Operações Especiais
Os seis princípios das Operações Especiais aqui apresentados - simplicidade, segurança, repetição, surpresa, rapidez e propósito - foram extraídos de uma análise de oito casos históricos.**Inicialmente, os casos foram considerados em termos dos princípios de guerra do Exército dos EUA, segundo definidos na Doctrine for Special Operations. Após minuciosa análise desses casos, alguns dos princípios de guerra foram eliminados ou modificados, a fim de que refletissem, com maior precisão, o seu relacionamento com uma operação especial. Os princípios do exército incluem: objetivo, ofensiva, massa, economia de meios, manobra, unidade de comando, segurança, surpresa e simplicidade.
Os Seis Princípios das Operações Especiais
Os seis princípios das Operações Especiais aqui apresentados - simplicidade, segurança, repetição, surpresa, rapidez e propósito - foram extraídos de uma análise de oito casos históricos.**Inicialmente, os casos foram considerados em termos dos princípios de guerra do Exército dos EUA, segundo definidos na Doctrine for Special Operations. Após minuciosa análise desses casos, alguns dos princípios de guerra foram eliminados ou modificados, a fim de que refletissem, com maior precisão, o seu relacionamento com uma operação especial. Os princípios do exército incluem: objetivo, ofensiva, massa, economia de meios, manobra, unidade de comando, segurança, surpresa e simplicidade.
- Nota da Editoria Brasileira: Estes princípios predominaram em todas as missões bem-sucedidas. Quando um destes foi omitido, negligenciado ou contornado, redundou, invariavelmente, em algum grau de fracasso. São estes princípios que permitem às forças de operações especiais atingirem a superioridade relativa. Poderão as forças de grande efetivo empregar esses princípios para obter a superioridade relativa? É pouco provável. A superioridade relativa favorece as pequenas formações. Isto não implica em que as forças de grande efetivo não possam obter algum grau de surpresa ou empregar a rapidez para atingir seus objetivos, ao contrário, a obtenção da superioridade relativa exige a adequada integração dos seis princípios.
Devido ao seu volume, é difícil para as forças de grande efetivo elaborar um plano simples, manter seus movimentos sigilosos, conduzir ensaios detalhados com todo o pessoal (até o nível individual), obter a supressa tática, incrementar a rapidez da ação no objetivo, e motivar todos os combatentes da unidade para alcançar um único objetivo. Em determinado momento, o comando e o controle tornam-se demasiado abrangentes para permitir a uma força de grande efeito aplicar, eficazmente, os princípios das operações especiais. Clausewitz nada mais faz do que constatar o óbvio quando diz: "quanto maior a magnitude de qualquer evento, tanto mais ampla será a variedade de forças e circunstâncias que o afetam."4
As forças de grande efetivo são mais suscetíveis às fricções da guerra. Os princípios das operações especiais funcionam porque procuram reduzir a guerra ao nível mais simples e, dessa forma, limitar os efeitos negativos do azar, da incerteza e da vontade do inimigo. Para atingir a superioridade relativa, o combatente de operações especiais deve levar em consideração os princípios nas três primeiras fases de uma operação: planejamento, preparação e execução. Os princípios estão interconectados e se apoiam mutuamente. Por exemplo, se o plano não for simples, será difícil manter em sigilo a intenção da operação e ainda mais difícil ensaiar a missão. E se for difícil manter o sigilo e ensaiar a missão, será quase impossível executá-la com surpresa, rapidez e determinação.
O Relatório da Missão de Resgate (Rescue Military Report), preparado pela Comissão Holloway, a qual revisou a fracassada tentativa de resgatar os reféns em Teerã, em 1980, mostra como se relacionam os princípios de simplicidade, segurança e repetição. A missão de resgate foi abortada quando, devido a circunstâncias imprevisíveis, houve uma insuficiência de helicópteros para continuar a missão.
O relatório indicou, no entanto, que o acréscimo de helicópteros teria aumentado o nível de dificuldade, o que "teria aumentado, desnecessariamente, o risco à segurança das operações". 5
O relatório continua a dizer que: "as considerações de segurança das operações iam de encontro à realização de tais ensaios [de grandes proporções] e, se bem que o grupo de revisão reconhecesse o risco de reunir todas as forças no local de adestramento no Oeste dos EUA, as possíveis desvantagens de segurança de tais ensaios parecem ser superadas pelas vantagens que seriam obtidas".6
A correlação entre simplicidade, segurança e repetição está clara: se o plano for complexo, requererá extraordinária segurança. O excesso de segurança, caracterizado pela preocupação com a quebra do sigilo conseqüente da realização de ensaios, prejudica uma preparação eficaz. Na fase de preparação, adequada segurança e contínua repetição têm um impacto direto na capacidade da força atacante de obter a surpresa e conseguir a rapidez na fase de execução.
Ao discorrer sobre a surpresa, Clausewitz observa: "A surpresa nunca será obtida sob condições de conduta relaxadas [inadequada segurança]."7 A segurança terá um elevado nível de prioridade na fase de preparação, de forma a evitar que o inimigo obtenha uma vantagem decisiva. A contínua repetição das ações a realizar, manifestada no adestramento e nos ensaios conduzidos antes da missão, constitui o vínculo entre o princípio de simplicidade, na fase de planejamento, e os princípios de surpresa e rapidez, na fase de execução. Por exemplo, o Tenente-Coronel Herbert Zehnder, que pilotou um helicóptero HH-3 desde a Tailândia até Son Tay, no Vietnã do Norte, tinha que realizar a difícil tarefa de pousar no pequeno pátio do campo de prisioneiros de guerra. Considerava-se essencial que essa aterragem controlada ocorresse no pátio, a fim de ganhar alguns segundos de surpresa. Inicialmente, esta manobra foi considerada muito difícil. No entanto, após centenas de horas no ar e uma dúzia de ensaios, essa difícil manobra tornou-se mais fácil e a surpresa foi obtida. A contínua repetição das ações facilitou a tarefa de pousar numa área de proporções reduzidas, aumentando, dessa forma, a probabilidade de obtenção da surpresa. A contínua condução de ensaios realísticos irá melhorar a capacidade da força atacante de executar, com rapidez, a missão, especialmente sob condições de combate. John Lorimer, tripulante do mini-submarino que danificou o encouraçado alemão Tirpitz, afirmou: "Se houver necessidade de realizar alguma tarefa perigosa, a melhor maneira de cumpri-la é adestrar, adestrar e adestrar, de modo que em meio à emoção do momento, a tarefa seja realizada automaticamente."8 A repetição, pela sua própria natureza, possibilita a rapidez da ação no objetivo.
O último dos seis princípios diz respeito ao propósito da missão. Incutir um senso de propósito, especificamente a compreensão dos objetivos da missão e um compromisso pessoal para com a consecução dos mesmos, é vital para atingir a superioridade relativa. Embora o princípio de propósito seja mais aparente na fase de execução, todas as fases devem-se concentrar no propósito da missão. O seu entendimento irá reduzir os objetivos irrelevantes, destacar a inteligência necessária e modelar os requisitos de segurança das operações. Assegurará, ainda, em combate, que os esforços do comandante e de cada combatente estejam voltados para o que é realmente importante - a missão. Todos os exemplos anteriores mostram o relacionamento entre as fases de planejamento, preparação e execução de uma missão, e demonstram a natureza sinérgica dos seis princípios das operações especiais.
A seguir, iremos analisar, detalhadamente, os seis princípios e demonstrar como se manifestam em combate:
Simplicidade
Simplicidade
A simplicidade é o princípio mais crítico e, às vezes, o mais difícil de observar. Como se pode elaborar um plano simples? Existem três elementos da simplicidade que são fundamentais para o êxito: a limitação do número de objetivos, boa inteligência e criatividade. A situação política ou militar impõe os objetivos estratégicos ou operacionais da missão, mas os planejadores geralmente possuem a liberdade de ação para determinar os objetivos táticos, desde que os dois objetivos coincidam. Portanto, é de importância fundamental limitar o número de objetivos táticos àqueles que são vitais. Por exemplo, no início da II Guerra Mundial, Hitler ordenou aos comandos alemães que capturassem o forte belga em Eben Emael, a fim de impedir que os canhões de 75mm e 120mm destruíssem as pontes circunjacentes e engajassem a divisão Panzer alemã que avançava nessa direção. Embora existissem dezenove posições fortificadas (cada uma com duas ou três metralhadoras), os alemães, de início, somente atacaram 9 casamatas. As 10 remanescentes estavam orientadas para o sul, e não representavam uma ameaça para as pontes ou os Panzers localizados ao norte. Por outro lado, enquanto planejavam a incursão sobre Saint-Nazaire, os britânicos identificaram o dique seco na Normandia como o objetivo principal, e as portas da Comporta Sul e quaisquer outros submarinos alemães acessíveis, como alvos secundários e terciários.9 Contudo, à medida que o planejamento foi progredindo, o número total de alvos principais aumentou de três para onze. Em conseqüência disso, a força de assalto precisou aumentar em 50 combatentes e o efetivo de apoio naval cresceu em mais de 200.
Ainda mais, foi necessário acrescentar dez embarcações de assalto e conduzir mais adestramento, bem como modificar as táticas a fim de implementar essas mudanças. Limitar o número de objetivos a apenas aqueles que forem essenciais orienta o adestramento, diminui o efetivo necessário, encurta o tempo da ação no objetivo e diminui o número de "partes móveis". O segundo elemento necessário à elaboração de um plano simples é a inteligência adequada, a qual simplifica o plano, mediante a redução dos fatores desconhecidos e o número de variáveis que devem ser consideradas. Durante a preparação do resgate dos reféns no Aeroporto de Entebbe, a Operação Thunderbolt, o pessoal de inteligência israelense conseguiu identificar o número de terroristas e de guardas ugandenses, seus armamentos, e o seu dispositivo geral. Esta informação permitiu ao comandante da força de ataque, Brigadero-General Dan Shomron, reduzir o efetivo de sua força e empregar somente o que era necessário. Isto melhorou, consideravelmente, o comando e controle, constituindo-se em elemento fundamental do êxito. Antes da incursão sobre a fortaleza em Eben Emael, os alemães obtiveram planos de engenharia que ofereciam uma descrição detalhada das saídas de emergência do forte. Isso era necessário porque se uma parcela dos 650 belgas dentro do forte escapasse, poderia superar a pequena força alemã. Munidos desse conhecimento, os combatentes, após desembarcarem dos planadores, rapidamente destruíram as saídas de emergência, eliminando a capacidade dos belgas de contra-atacar. Todavia, sempre existirão lacunas na inteligência.
A tripulação do minissubmarino que atacou o encouraçado Tirpitz não sabia até que profundidade se estendia a rede antitorpedo. Em Son Tay, os incursores desconheciam o número exato de prisioneiros de guerra, ou quantos guardas inimigos se encontravam no interior do campo. Em ambos os casos, os executantes levaram em consideração as palavras de Clausewitz: "Grande parte da inteligência obtida na guerra é contraditória, uma parte ainda maior é falsa, e a maior de todas as partes apresenta caráter duvidoso. O que se exige de um planejador é um grande discernimento...A lei das probabilidades deve ser sua diretriz."10
A tripulação do submarino estava preparada para cortar a rede e continuar seu avanço, caso esta se estendesse 37 m até o fundo do mar. Os analistas de inteligência examinando o campo em Son Tay previram o número de prisioneiros de guerra e de guardas, baseados na quantidade e tamanho dos prédios. Ambas as unidades conceberam seus planos em torno do que se podia razoavelmente prever. O terceiro elemento que contribui para a simplicidade é a criatividade, a qual simplifica o plano ao ajudar a evitar ou a eliminar obstáculos que, do contrário, poderiam comprometer a surpresa e/ou complicar a rápida execução da missão. A criatividade, normalmente, se manifesta na nova tecnologia, mas também se encontra na aplicação de táticas não-convencionais. O forte em Eben Emael distava 48 km da fronteira com a Alemanha. Se a surpresa tivesse sido comprometida, os belgas teriam tido tempo suficiente para destruir as pontes, as quais eram cruciais para o avanço alemão. As tropas pára-quedistas não podiam transportar o material pesado necessário para destruir as casamatas, e o lançamento por pára-quedas teria dispersado, consideravelmente, a tropa. Hitler ordenou ao General Kurt Student que organizasse uma força de assalto, transportada por planadores, para conquistar o forte. Embora os planadores não constituíssem uma nova tecnologia, esta foi a primeira vez em que foram utilizados em combate, o que surpreendeu os belgas, dando tempo suficiente para permitir que os alemães destruíssem os canhões que estavam orientados para as pontes. Durante o seu adestramento para a incursão sobre o campo de prisioneiros de guerra em Son Tay, no Vietnã do Norte, o pessoal de Forças Especiais teve dificuldades para engajar alvos à noite. Até mesmo sob as melhores circunstâncias, "a precisão dos tiros desencadeados à noite era em torno de 35%".11
HH-3E Jolly Green - Este modelo de helicóptero foi usado na missão de resgate em Son Tay
O melhoramento da precisão era crucial para a rápida execução da missão. Uma semana após identificar o problema, o pessoal das Forças Especiais adquiriu uma mira de baixa intensidade luminosa, disponível no mercado, e a precisão aumentou para 95%. Em todos os casos, a nova tecnologia ou as táticas inovadoras foram empregadas para ajudar o elemento de assalto a atingir o objetivo e, posteriormente, a eliminar o inimigo com rapidez e eficácia. Planadores, minissubmarinos, torpedos tripulados, aeronaves C-130E equipadas com radar infra-vermelho de rastreamento frontal (FLIR) e contratorpedeiros modificados constituíram-se em novas ou criativas tecnologias especialmente projetadas ou configuradas para derrotar as defesas inimigas e obter a surpresa. Cargas explosivas dirigidas, metralhadoras Bren, demolições especiais, miras de baixa intensidade luminosa, granadas de luz e som, e dispositivos de visão noturna foram vitais para incrementar a rapidez da ação no objetivo. Embora os três elementos da simplicidade exerçam maior impacto durante a fase de execução, eles devem ser identificados no início de modo a ajudar na elaboração do plano e torná-lo o mais simples possível.
Segurança
Segurança
A finalidade de atribuir um elevado nível de prioridade à segurança é impedir que o inimigo obtenha uma vantagem através do conhecimento prévio de um ataque iminente. No entanto, a natureza das operações especiais exige o ataque a uma posição fortificada. Segue-se, portanto, que na paz ou na guerra, o inimigo está preparado para enfrentar um ataque. Dessa forma, mais do que a operação iminente, o que deve ser mantido em sigilo é o momento e, até certo ponto, o meio de infiltração. Por exemplo, os estudantes que ocuparam a Embaixada dos EUA, em Teerã, estavam esperando que esse país tentasse um resgate. Eles cobriram a área aberta com longas estacas de madeira, a fim de impedir o desembarque de forças helitransportadas e o lançamento de tropas pára-quedistas. Embora estivesse ancorado a 97 km da entrada ao estreito de Soroy, na Noruega, o encouraçado Tirpitz estava protegido por redes antisubmarino, redes antitorpedo e dispositivos contra mergulhadores para neutralizar qualquer ataque sob a superfície da água.
Os quatro terroristas a bordo do vôo LH 181, da Lufthansa, sabiam que tanto a Alemanha quanto Israel possuíam unidades antiterroristas capazes de atacar, com rapidez, um avião comercial. Os terroristas portavam armas automáticas e granadas, e poderiam ter impedido que o GSG-9 entrasse no Boeing 737. Na maioria dos casos históricos, o pessoal inimigo guarnecendo os alvos estava adequadamente preparado para defender-se contra o tipo de ataque que sofreram. No entanto, os ataques foram, em sua maior parte, bem-sucedidos.
Por quê? A segurança, por parte dos atacantes, impediu que o inimigo levantasse a oportunidade e, em alguns casos, o método de ataque, embora isso não o impedisse de preparar-se para um ataque. Daí a razão pela qual as operações especiais são bem-sucedidas, apesar da preparação defensiva do inimigo. A segurança deve receber o nível mais elevado de prioridade, sem prejudicar, desnecessariamente, a preparação (adestramento e ensaios) ou a execução das operações. Isso é importante para a obtenção da superioridade relativa, porque impede que o inimigo ganhe uma vantagem inesperada. Uma das razões predominantes a respeito do sucesso das operações especiais tem a ver com a capacidade de uma força atacante de levantar o tipo de defesa organizado pelo inimigo. Se a segurança dos incursores não for preservada, o inimigo poderia planejar uma ação de surpresa e, subseqüentemente, antecipar-se ao ataque ou reduzir a possibilidade de rapidez da ação no objetivo. Ambas as ações reduziriam, dramaticamente, a possibilidade da obtenção da superioridade relativa.
Repetição
Repetição
Na fase de preparação, a repetição, da mesma forma que a rotina, é indispensável na eliminação das barreiras ao êxito. Quando o grupo-tarefa da força aérea envolvido na incursão sobre Son Tay tentou, pela primeira vez, empregar o helicóptero UH-1H numa formação aérea com o C-130, os pilotos acharam o vôo nessa formação cerrada tão difícil, a ponto de acreditar que não estava dentro da "capacidade do aviador médio do Exército". Todavia, após voar centenas de horas na mesma configuração, "os procedimentos ensaiados com o...UH-1H [foram] comprovados e [poderiam ser] aplicados em planos futuros."12
Embora o General Joshua Shani, o principal piloto do C-130 que participou da incursão sobre Entebbe, somente tivesse uma oportunidade para ensaiar o pouso em uma pista curta antes da missão, ele não considerou isto como um problema. Nas suas palavras: "Eu já havia feito centenas de pousos em pistas curtas. Fazem parte do adestramento básico...era uma rotina."13
Homens do Sayeret Mat'kal, a mais secreta das forças especiais de Israel, invadem o velho terminal do aeroporto de Entebbe em 1976
Determinadas unidades de combate, tais como as equipes antiterroristas, bombardeiros estratégicos e as equipes de infiltração subaquática SEAL realizam, rotineiramente, missões empregando configurações padronizadas. Esta rotina aperfeiçoa as habilitações táticas, a ponto de permitir uma reação rápida a uma ameaça, desde que esta se encaixe no cenário padrão para o qual a unidade se adestrou. A maioria das operações especiais, porém, varia com relação aos cenários padronizados, o suficiente para exigir o emprego de novos equipamentos e táticas, a fim de solucionar o problema. Quando isso ocorre, torna-se essencial conduzir pelo menos um, e preferivelmente dois, exaustivos ensaios antes da missão. O plano que parecia simples no papel, agora deve ser posto à prova. A necessidade de conduzir ensaios exaustivos é corroborada repetidas vezes. Invariavelmente, quando um determinado aspecto de uma operação não foi ensaiado, ele fracassou durante a execução da missão. Para citar um exemplo, os britânicos tiveram 18 meses para preparar o seu ataque contra o encouraçado alemão Tirpitz. A missão exigia que os pequenos submersíveis secos, os minissubmarinos X, fossem rebocados durante oito dias através do Atlântico Norte por submarinos convencionais. Isso era particularmente desgastante para as tripulações e, em conseqüência, os navios somente foram rebocados por curtos períodos no transcorrer dos ensaios. Durante a verdadeira operação de reboque, a corda de cânhamo partiu. Um minissubmarino X afundou com a perda de todo o pessoal a bordo, e outro sofreu danos irreparáveis.
O Almirante Godfrey Place (oficial comandante do X-7) comentou: "Se tivéssemos rebocado os [minissubmarinos X] durante os oito dias completos, teríamos sabido que as cordas de cânhamo quebrariam."14**Empregaram-se dois tipos de cordas, cânhamo e náilon. Uma vez que a corda de cânhamo não foi testada durante os oito dias completos, não havia maneira de saber que partiria sob essas condições.
O Almirante Godfrey Place (oficial comandante do X-7) comentou: "Se tivéssemos rebocado os [minissubmarinos X] durante os oito dias completos, teríamos sabido que as cordas de cânhamo quebrariam."14**Empregaram-se dois tipos de cordas, cânhamo e náilon. Uma vez que a corda de cânhamo não foi testada durante os oito dias completos, não havia maneira de saber que partiria sob essas condições.
- Nota da Editoria Brasileira A repetição aperfeiçoa as habilitações nos níveis individual e unidade, ao mesmo tempo em que os ensaios exaustivos revelam as vulnerabilidades no plano. Ambos são essenciais ao êxito no campo de batalha.
A Surpresa
A Surpresa
O SS-Haupturmfüher (Capitão) Otto Skorzeny comandante da missão que resgatou Mussolini.
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A Doctrine for Joint Special Operations (Doutrina das Operações Especiais Combinadas) estabelece que a surpresa é a capacidade de "atacar o inimigo em um momento ou local, ou de uma maneira, que o apanhe despreparado."15 Contudo, em todas as Operações Especiais analisadas, o inimigo estava totalmente preparado para neutralizar a ação ofensiva. Por exemplo, na fortaleza belga de Eben Emael, canhões antiaéreos estavam posicionados na parte superior do forte, a fim de impedir um assalto aéreo; a instalação portuária de Saint-Nazaire estava cercada por baterias costeiras e holofotes visando impedir que navios britânicos navegassem despercebidos pelo Rio Loire; o encouraçado alemão Tirpitz e as belonaves HMS Queen Elizabeth e HMS Valiant estavam rodeados por redes antisubmarino e antitorpedo; o Vietnã do Norte possuía um dos mais densos sistemas de defesa aérea do mundo; 250 italianos mantinham guarda sobre Benito Mussolini; 223 soldados japoneses estavam de guarda sobre os prisioneiros de guerra em Cabanatuan; e o aeroporto de Entebbe, em Uganda, estava cercado por 100 soldados ugandenses, com dois batalhões estacionados nas proximidades. Em cada um desses casos, o inimigo estava preparado para impedir um assalto contra sua posição e, no entanto, a supressa foi obtida em todos eles.
De um modo geral, as forças de operações especiais não se podem dar o luxo de atacar o inimigo no momento ou no local onde esteja despreparado. Tais forças devem atacar, apesar da preparação do inimigo. A surpresa significa, literalmente, apanhá-lo desprevenido. Esta sutil diferença não é uma mera questão de semântica. Da mesma forma que dois pugilistas no ringue, cada um está preparado para neutralizar o soco do outro. No entanto, apesar da sua preparação, alguns socos atingem o alvo. Numa operação especial, a surpresa é obtida através da dissimulação, da sincronização e do aproveitamento das vulnerabilidades do inimigo. Quando bem-sucedida, a dissimulação impele o inimigo a desviar a sua atenção da força atacante, ou retarda a sua resposta o tempo suficiente para obter-se a surpresa no momento vital. Por exemplo, durante a incursão sobre Son Tay, a Força-Tarefa de Navios-Aeródromos 77, da Marinha, realizou um ataque diversionário, com três navios-aeródromos, cuja finalidade era "negar ao inimigo a opção de concentrar a sua atenção [na] verdadeira missão principal".16
Esta ação diversionária teve excelente resultado, pois permitiu que a força atacante, helitransportada, penetrasse as defesas aéreas do Vietnã do Norte e pousasse despercebida no campo de prisioneiros de guerra. A dissimulação que desvia a atenção do inimigo pode ser arriscada. Quando não produz a resposta adequada, essa ação acarreta, normalmente, conseqüências desastrosas.
Em Saint-Nazaire, a Royal Air Force recebeu a missão de bombardear a cidade portuária, a fim de desviar a atenção dos alemães da pequena armada que navegava, sigilosamente, pelo Rio Loire. Infelizmente, a incursão aérea nada mais fez do que elevar o nível de alerta dos alemães e impedir que fossem apanhados de surpresa. Embora a dissimulação que desviou a atenção do inimigo tivesse excelente resultado para os incursores de Son Tay, na maioria das operações especiais, a dissimilação é mais bem utilizada para retardar a ação inimiga. Por exemplo, quando atacaram o aeroporto em Entebbe, os israelenses utilizaram um Mercedes, semelhante ao que usavam os dignitários ugandenses, para retardar, momentaneamente, a ação dos guardas. Quando pousou em Gran Sasso para resgatar Mussolini, Skorzeny trouxe consigo um general italiano de elevado posto, acreditando que "a mera presença [do general italiano] provavelmente criaria uma certa confusão... um tipo de hesitação que os impediria de resistir de imediato ou de assassinar o Duce".17
Os homens da Skorzeny desembarcam de seus planadores planadores DFS 230 em Gran Sasso para resgatarem Mussolini
A sua suposição resultou acertada, e a confusão adicional proporcionou-lhe o tempo suficiente para alcançar Mussolini. Conforme é demonstrado em vários dos casos analisados, a dissimulação pode até ser um instrumento útil para a obtenção da surpresa, mas não se deve depender excessivamente dela. Normalmente, é melhor retardar a reação do inimigo do que desviar a sua atenção. A hora do ataque constitui-se em um fator fundamental para a obtenção da surpresa. A maioria das forças atacantes preferem investir sobre o alvo à noite, principalmente porque a escuridão proporciona cobertura. Pressupõe-se também que o inimigo esteja cansado, menos alerta e mais suscetível à surpresa. Mas, por outro lado, a noite freqüentemente aumenta o estado de alerta, e cada missão deve considerar as alternativas de um ataque noturno. Várias das operações mais bem-sucedidas foram conduzidas durante o dia, obtendo um elevado grau de surpresa. Skorzeny, por exemplo, pousou em Gran Sasso às 14:00h sabendo que os guardas italianos já teriam acabado de almoçar e estariam descansando. Os alemães que atacaram Eben Emael pousaram ao alvorecer. A luz matutina proporcionou iluminação suficiente para o pouso dos planadores, enquanto muitas das guarnições dos canhões belgas ainda se encontravam na cidade circunvizinha.
Os minissubmarinos que destruíram o Tirpitz também atacaram durante a manhã. Os meios de inteligência britânicos haviam informado aos tripulantes que o equipamento de sonar do encouraçado ia ser reparado durante a manhã do ataque e, portanto, não estaria operacional. Nas operações especiais, o inimigo estará preparado; a questão é: quando estará ele menos preparado e que momento proporcionará os maiores benefícios para a força atacante? Toda defesa tem um ponto vulnerável. A obtenção da surpresa significa aproveitar essa vulnerabilidade. Embora os norte-vietnamitas possuíssem a mais extensa rede de defesa aérea da Ásia, os meios de inteligência da força aérea conseguiram encontrar um hiato de cinco minutos no ciclo de rodízio do radar. Isso permitiu ao C-130 e aos helicópteros infiltrarem os incursores de Son Tay, no Vietnã do Norte, sem serem detectados. Os britânicos enfrentaram um problema semelhante durante a II Guerra Mundial. A Royal Air Force havia tentado, inúmeras vezes, afundar o encouraçado Tirpitz. Ancorada em Kaafjord, na Noruega, a belonave estava protegida por baterias antiaéreas, e seus armamentos de autoproteção incluíam 16 canhões antiaéreos de 4.1 polegadas, 16 de 37mm e 80 de 20mm. Além disso, a maior parte do navio possuía uma blindagem de 12 polegadas. Todavia, o ponto vulnerável do encouraçado era sua quilha levemente blindada. Foi esse ponto, a vulnerável parte inferior, que os britânicos decidiram atacar. A surpresa foi obtida por dois minissubmarinos (X-6 e X-7), quando penetraram as defesas alemãs e colocaram seus explosivos.
Minisubmarino X-5 da Royal Navy em treinamento
No caso do Tirpitz, a vulnerabilidade na defesa era um termo relativo. Os alemães organizaram defesas antisubmarino e antitorpedo; contudo, comparadas com as defesas antiaéreas, aquelas eram consideravelmente mais fracas. Muitos táticos consideram o princípio da surpresa o fator mais importante de uma operação especial bem-sucedida. Acreditam, equivocadamente, que a surpresa proporciona a vantagem decisiva sobre o inimigo, e que o ato de meramente apanhar o inimigo despreparado assegura a vitória da força atacante. Esse não é o caso. A surpresa é inútil e, de fato, impossível de se obter sem os outros princípios. De que adianta surpreender o inimigo, se não possuímos o equipamento adequado para enfrentá-lo? A superioridade relativa somente é atingida através da correta aplicação de todos os princípios. A surpresa é essencial, porém não deve ser considerada isoladamente. É importante apenas como parte integrante da pirâmide de princípios.
Rapidez
Numa missão de operações especiais, o conceito de rapidez é simples. Alcançar o objetivo o mais rápido possível. Qualquer retardo ampliará a sua área de vulnerabilidade e diminuirá a sua possibilidade de atingir a superioridade relativa. Referindo-se à guerra em termos gerais, o Fleet Marine Force Manual (FMFM 1-3) estabelece: "Como todas as coisas na guerra, a rapidez é relativa"18.
Esta observação constante no FMFM 1-3 pode ser verdadeira na guerra convencional ou de grandes proporções, onde as forças manobram no campo de batalha e se ajustam a certos avanços táticos, mas, nas operações especiais, o inimigo está organizado em posições defensivas e sua única motivação é neutralizar o ataque. Dessa forma, a vontade de resistir do inimigo é uma variável conhecida, e a sua capacidade de reagir é constante. Conseqüentemente, com o passar do tempo, as fricções da guerra atuam contra as forças de operações especiais, ao invés de contra o inimigo. É essencial, portanto, deslocar-se o mais rápido possível, independentemente da reação do inimigo. Por exemplo, nos dois casos envolvendo ataques com submarinos - a incursão dos minissubmarinos X contra o Tirpitz e o ataque do torpedo tripulado italiano da Decima Flottiglia MAS contra a frota britânica na Alexandria -, as forças atacantes avançaram clandestinamente. O inimigo não percebeu a sua presença e, portanto, não estava tentando se opor à vontade da força atacante.
O famoso torpedo tripulado italiano conhecido como Torpedo SLC (Siluir a Lenta Corsa ou torpedo de baixa velocidade)
No entanto, a rapidez não foi relativa, tornando-se um fator vital ao êxito da missão. Os minissubmarinos X, que haviam navegado pelo Atlântico Norte dois dias antes, começaram a sofrer panes catastróficas nos seus sistemas elétricos e de lastração. A cada minuto que passava, o lastro e a estabilidade de um dos minissubmarinos iam se agravando, fazendo com que se inclinasse 15 graus para bombordo. O tempo tornou-se um fator tão vital que o comandante do submarino, Tenente Don Cameron, ao invés de atravessar clandestinamente a rede antitorpedo, decidiu emergir e investir impetuosamente contra oTirpitz. Esta ação foi tomada com grande risco ao êxito da missão, mas Cameron conscientizou-se, claramente, de que o tempo, e não os alemães, passara a ser o seu maior inimigo. Os homens-rã italianos que infiltraram no Porto de Alexandria a bordo de submarinos tripulados estavam constantemente expostos à água fria. Sabiam que, mesmo que o inimigo não os descobrisse, sucumbiriam às forças da natureza e ao desgaste físico. À medida que se aproximava do HMS Valiant, o Tenente Durand de la Penne relembrou: "A sede me atormenta... Não posso continuar trabalhando devido à extrema fadiga e à falta de ar."19 Ele estava ciente de que "a rapidez era essencial... [se fosse forçado a emergir devido à fadiga] o alarme seria dado, cargas de profundidade seriam lançadas e [a] operação... estaria fadada ao fracasso."20
No entanto, devido à rapidez com que trabalhou, somente foi descoberto após subir à superfície. Horas mais tarde, a ogiva do torpedo tripulado explodiu e o HMS Valiant afundou no Porto de Alexandria. Em ambos os casos, o inimigo não foi um fator decisivo, mas o tempo ainda atuava para impedir o desfecho bem-sucedido da operação. A maior parte das operações especiais envolvem o contato direto e, na maioria dos casos, imediato com o inimigo, em que minutos e segundos podem determinar a diferença entre o êxito e o fracasso. Das missões bem-sucedidas analisadas nesta obra, foi apenas na incursão contra SaintNazaire que os atacantes demoraram mais de 30 minutos desde o ponto de vulnerabilidade até a obtenção da superioridade relativa. Na maioria dos demais casos, a superioridade relativa foi obtida em cinco minutos, tendo as missões sido completadas em 30 minutos.**Houve alguns casos - por exemplo, a incursão contra o campo de prisioneiros de guerra em Cabanatuan, a incursão sobre Son Tay e o resgate de Mussolini por parte de Skorzeny - em que a missão não foi concluída até que a viagem de retorno foi completada.
- Nota da Editoria Brasileira*O X-10, comandado pelo Tenente Ken Hudspeth, foi designado para atacar o Scharnhorst, um cruzador alemão que distava a menos de 2km do Tirpitz. Hudspeth passou por dificuldades mecânicas semelhantes, mas suas ordens claramente o proibiam de atacar, se existisse a possibilidade de o ataque comprometer a destruição do alvo principal, o Tirpitz.-Nota da Editoria Brasileira.
Para obterem a surpresa e incrementarem a rapidez, as forças de operações especiais, geralmente, possuem limitado efetivo e estão levemente armadas, sendo, portanto, incapazes de durar na ação contra um inimigo convencional por longos períodos de tempo. A incursão contra Saint-Nazaire mostra os problemas que surgem quando as forças de operações especiais tentam prolongar o engajamento. Quando o número de objetivos em Saint-Nazaire aumentou de 3 para 11, a operação requereu que os comandos permanecessem em terra por mais tempo, a fim de destruir esses alvos. Num memorando aos chefes do estado-maior sobre a Operação Chariot, o assessor do Comando de Operações Combinadas avisou que, para atingir todos os objetivos, "Toda a força... [necessitaria] permanecer em terra por um período máximo de 2 horas."21
Quaisquer vantagens obtidas pelos comandos através da surpresa foram perdidas na execução, pelo fato de planejar uma operação que precisou de duas horas de ação contínua. Isso exigiu que sua força levemente armada, e em alguns casos desarmada, travasse combate contra uma brigada antiaérea alemã, fortemente armada, integrada por 300 soldados (os armamentos destas unidades, incluindo o canhão antiaéreo de 88mm, podiam ser empregados, com devastadora eficácia, contra os elementos terrestres). Clausewitz adverte: "Quanto mais restrito for o efetivo, tanto mais restritos deverão ser os objetivos; ainda mais, quanto mais restrito for o efetivo, tanto mais limitada será a duração."22
Adicionalmente, durante esse período de duas horas, as 17 lanchas que transportaram os comandos até Saint-Nazaire haviam permanecido expostas ao mortífero fogo proveniente das defesas costeiras. Em apenas 90 minutos, quase todas haviam sido destruídas ou haviam retrocedido. Se os comandos tivessem atacado e exfiltrado rapidamente, a probabilidade de concluir a missão teria aumentado dramaticamente. Nas operações especiais, a rapidez é uma função do tempo e não, conforme alguns sugerem, um fator relativo influenciado pela vontade de resistir do inimigo. Apesar dos esforços do inimigo, a superioridade relativa pode ser obtida, principalmente, porque a força atacante se desloca com tal rapidez que a reação do inimigo deixa de ser um fator preponderante.
Propósito
Propósito
O propósito implica em entender e, posteriormente, atingir o principal objetivo da missão, independentemente dos obstáculos ou das oportunidades que se apresentem. Este princípio tem dois aspectos. Em primeiro lugar, o propósito deve estar claramente definido pelo enunciado da missão: resgatar os prisioneiros de guerra, destruir o dique seco, afundar o encouraçado, etc., e ser elaborado de modo a assegurar que no calor da batalha, aconteça o que acontecer, o combatente individual entenda o objetivo principal.
Por exemplo, durante o ataque dos minissubmarinos X contra o encouraçado Tirpitz, o X-6 tinha avarias no seus principais equipamentos(o periscópio de ataque estava quebrado, a carga de demolição de bombordo estava inundada, água estava entrando no compartimento principal e o minissubmarino estava inclinado 15 graus para bombordo). O Tenente Don Cameron tinha de tomar a decisão de atacar ou retroceder. Se atacasse e fracassasse, existia a possibilidade de que pudesse comprometer o êxito dos outros dois minissubmarinos X, também designados para atacar o Tirpitz.* Após refletir sobre o propósito da missão, segundo definido pelas ordens de operações recebidas, Cameron decidiu atacar. Suas ordens estavam claras. Se o minissubmarino ainda funcionasse e estivesse equipado com, ao menos, uma carga explosiva, devia concluir a missão.
Durante o ataque contra a frota britânica no Porto de Alexandria na II GM, os homens-rãs italianos, Capitão Vincenzo Martellota e seu companheiro de mergulho, Suboficial Mario Marino, já tinham colocado o seu torpedo tripulado sob um cruzador britânico de grande porte, quando perceberam que era o alvo errado. Eles haviam arriscado suas vidas evitando pequenos navios de proteção, cargas de profundidade e a segurança do porto. E embora o afundamento do cruzador tivesse sido aceitável, não era o navio que deviam atacar. Em conseqüência disso, Martellota se afastou da belonave e continuou em frente. Eventualmente, os italianos atingiram o seu alvo designado, um navio-petroleiro de grande capacidade. Ao seguir as ordens à risca, Martelloto e Marino não só afundaram o navio-petroleiro, mas também causaram grandes danos a um contratorpedeiro que estava amarrado ao seu lado. Nos casos britânico e italiano, os homens receberam ordens claramente definidas que orientaram suas ações no calor da batalha e direcionaram seus esforços para o que era importante.
O segundo aspecto do princípio de propósito é o compromisso pessoal. O Tenente-Coronel Henry Mucci, Comandante do 6º Batalhão de Rangers que resgatou 512 prisioneiros de guerra de um campo de concentração japonês, entendeu a necessidade do estabelecimento de um compromisso pessoal. Antes da operação, ele ordenou aos seus Rangers: "Ponham-se de joelhos agora mesmo e rezem! Diabo... não o simulem! REZEM... para valer. E quero que cada um de vocês faça um juramento perante Deus... Jurem que morrerão combatendo antes de permitir que esses prisioneiros de guerra corram perigo!23
De modo semelhante, o General Joshua Shani, Comandante da força aérea em Entebbe, comentou vários anos após a incursão: "Estávamos completamente empenhados em concluir a tarefa...Combatíamos por Israel."24
O propósito da missão deve ser plenamente entendido antes da sua realização, sendo imprescindível que os executantes sejam inspirados por um sentido de dedicação pessoal que não tenha limites. O Capitão Otto Skorzeny disse certa vez: "Quando um homem é motivado pelo simples entusiasmo e pela convicção de que está arriscando a sua vida por uma causa nobre... ele traz consigo os elementos essenciais ao êxito."25
Numa época de alta tecnologia e de Cavaleiros Jedi, freqüentemente desprezamos a necessidade do envolvimento pessoal, e, em assim fazendo, corremos um grande risco. Conforme advertiu Clausewitz: "Os teóricos estão inclinados a considerar o combate, friamente, como um teste de força, sem qualquer participação das emoções, e este é um dos milhares de erros que eles cometem deliberadamente, porque não percebem suas conseqüências."26
Os princípios das operações especiais acima definidos não foram meramente extraídos dos princípios de guerra convencionais. Eles representam elementos únicos da guerra que somente as forças de operações especiais possuem e podem empregar com eficácia.
1. Junta de Chefes de Estado-Maior, Joint Publication 3-05 (Test): Doctrine for Joint Special Operations, (Washington, DC: Gabinete da Junta de Chefes de
Estado-Maior, 1990).
2. Carl von Clausewitz, On War, traduzido e editado por Michael Howard e Peter Paret, (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1976), xxx, p. 358.
3. Ibid., p. 194.
4. Ibid., p. 159.
5. "Rescue Mission Report", em The Iranian Rescue Mission, da Comissão Holloway, (Washington, DC: Departamento da Defesa, agosto 1980), p. 58.
6. Ibid., p. 59.
7. Clausewitz, On War, p. 198.
8. Thomas Gallagher, The X-Craft Raid, (New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1971), p. 20.
9. H.M.S.O., Combined Operations: The Official Story of the Commandos, (New York: Macmillan, 1943), p. 72.
10. Clausewitz, On War, p. 183.
11. Lieutenant General Leroy J. Manor, entrevista conduzida pelo Dr. John Parton e pelo Major Dick Meadows, Tampa, Fla., 23 de fevereiro de 1988.
12. Comandante, Grupo-Tarefa Combinado do JCS para Contingências,Report on the Son Tay Prisoner of War Rescue Operation, Parte I, E-61, E-64 e E-54.
13. General Joshua Shani, entrevista gravada com o autor, em Washington, DC, 19 de janeiro de 1993.
14. Contra-Almirante Godfrey Place, V.C., entrevista gravada com o autor, em Sherborne, Dorset, Inglaterra, 18 de junho de 1992.
15. JCS, Doctrine for Joint Special Operations, E-5.
16. JCS, Report on Son Tay, IV.
17. Otto Skorzeny, Skorzeny's Secret Mission, traduzido por Jacques Le Clercq, (Nova York: E. P. Dutton, 1950), p. 87.
18. Departamento da Marinha, Fleet Force Manual (FMFM) 1-3 Tactics, (Washington, DC: Departament of the Navy, 1991), p. 63
19. Luigi Durand de la Penne, "Report on Operation G.A.3: The Attack on HMS Valiant", em Dott. Carlo de Risio, compilador,I Mezzi d'Assalto, (Roma: Ufficio
Storico della Marina Militare, 1991). A tradução do relatório foi feita para o autor pelo Capitão-de-Fragata Paolo Gianetti, da Marinha Italiana.
20. Julio Valerio Borghese, Sea Devils, traduzido por James Cleugh, (Chicago, Henry Regnery, 1954), p. 154.
21. Assessor sobre operações combinadas, "Draft Memorandum to the Chiefs of Staff: Operation `Chariot'", Imperial War Museum.
22. Clausewitz, On War, p. 283.
23. Forrest B. Johnson, Hour of Redemption: The Ranger Raid on Cabanatuan, (Nova York: Manor Books, 1978), p. 171.
24. Shani, entrevista.
25. Skorzeny, Secret Mission, p. 24.
1. Junta de Chefes de Estado-Maior, Joint Publication 3-05 (Test): Doctrine for Joint Special Operations, (Washington, DC: Gabinete da Junta de Chefes de
Estado-Maior, 1990).
2. Carl von Clausewitz, On War, traduzido e editado por Michael Howard e Peter Paret, (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1976), xxx, p. 358.
3. Ibid., p. 194.
4. Ibid., p. 159.
5. "Rescue Mission Report", em The Iranian Rescue Mission, da Comissão Holloway, (Washington, DC: Departamento da Defesa, agosto 1980), p. 58.
6. Ibid., p. 59.
7. Clausewitz, On War, p. 198.
8. Thomas Gallagher, The X-Craft Raid, (New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1971), p. 20.
9. H.M.S.O., Combined Operations: The Official Story of the Commandos, (New York: Macmillan, 1943), p. 72.
10. Clausewitz, On War, p. 183.
11. Lieutenant General Leroy J. Manor, entrevista conduzida pelo Dr. John Parton e pelo Major Dick Meadows, Tampa, Fla., 23 de fevereiro de 1988.
12. Comandante, Grupo-Tarefa Combinado do JCS para Contingências,Report on the Son Tay Prisoner of War Rescue Operation, Parte I, E-61, E-64 e E-54.
13. General Joshua Shani, entrevista gravada com o autor, em Washington, DC, 19 de janeiro de 1993.
14. Contra-Almirante Godfrey Place, V.C., entrevista gravada com o autor, em Sherborne, Dorset, Inglaterra, 18 de junho de 1992.
15. JCS, Doctrine for Joint Special Operations, E-5.
16. JCS, Report on Son Tay, IV.
17. Otto Skorzeny, Skorzeny's Secret Mission, traduzido por Jacques Le Clercq, (Nova York: E. P. Dutton, 1950), p. 87.
18. Departamento da Marinha, Fleet Force Manual (FMFM) 1-3 Tactics, (Washington, DC: Departament of the Navy, 1991), p. 63
19. Luigi Durand de la Penne, "Report on Operation G.A.3: The Attack on HMS Valiant", em Dott. Carlo de Risio, compilador,I Mezzi d'Assalto, (Roma: Ufficio
Storico della Marina Militare, 1991). A tradução do relatório foi feita para o autor pelo Capitão-de-Fragata Paolo Gianetti, da Marinha Italiana.
20. Julio Valerio Borghese, Sea Devils, traduzido por James Cleugh, (Chicago, Henry Regnery, 1954), p. 154.
21. Assessor sobre operações combinadas, "Draft Memorandum to the Chiefs of Staff: Operation `Chariot'", Imperial War Museum.
22. Clausewitz, On War, p. 283.
23. Forrest B. Johnson, Hour of Redemption: The Ranger Raid on Cabanatuan, (Nova York: Manor Books, 1978), p. 171.
24. Shani, entrevista.
25. Skorzeny, Secret Mission, p. 24.
26. Clausewitz, On War, p. 138.
Resumo da Teoria
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