sexta-feira, 23 de março de 2012

Grupo vinculado à Al Qaeda reivindica ataques em Toulouse

Um grupo vinculado à rede Al Qaeda reivindicou a matança na cidade francesa de Toulouse, em um comunicado divulgado nesta quinta-feira na internet, no qual convocou a França a revisar sua política hostil em relação aos muçulmanos.
O texto, assinado pela organização "Jund al Khilafah" (os soldados do Califado), que no passado reivindicou ataques no Afeganistão e no Cazaquistão, publicou a mensagem no site Shamikh, que divulga geralmente comunicados da Al Qaeda.
Segundo o comunicado, a matança de Toulouse foi praticada por "Yusef o francês", classificado como "um dos cavaleiros do Islã".
"Essa operação bendita sacudiu os pilares dos sionistas cruzados no mundo inteiro (...) e nós a reivindicamos", afirma o grupo no texto.
O grupo exigiu que o governo francês "revise sua política em relação aos muçulmanos no mundo" e "abandone suas tendências hostis ao Islã (...)", ao considerar que esta política só vai gerar "desgraça e destruição".
MORTE
Merah morreu hoje com uma bala na cabeça durante operação policial que pôs fim a um cerco de 30 horas, segundo autoridades francesas.
Em uma entrevista a jornalistas, o promotor de Paris, François Molins, afirmou que os agentes da Raid (unidade de elite da polícia) fizeram "todos os esforços" para capturar Merah vivo, mas que atuaram "em legítima defesa" quando o suspeito dos crimes saltou pela janela do apartamento, atirando contra os policiais.
Associated Press
Vídeo em local não-divulgado mostra suposto atirador de Toulouse, Mohamed Merah
Vídeo em local não-divulgado mostra suposto atirador de Toulouse, Mohamed Merah
Merah era acusado de matar três crianças e um professor em uma escola judaica na última segunda-feira (19). Em outros dois ataques na semana passada, ele teria atirado contra três soldados em Montauban, próximo a Toulouse, que também morreram.
Nascido em 10 de outubro de 1988 em Toulouse, ele é francês de origem argelina e possui antecedentes criminais. O suposto atirador esteve no Paquistão e no Afeganistão e se declarava jihadista da Al Qaeda.
No entanto, não existem informações concretas sobre sua participação em um campo de treinamento.
A investigação deve determinar se ele atuou sozinho ou com a ajuda de uma célula, e se ele pertencia à Al Qaeda, como reivindicava.
Veja abaixo vídeo do momento da invasão.
CERCO
Durante o certo, Merah prometeu por várias vezes se render, o que nunca aconteceu, enquanto a polícia fez tentativas de invadir o apartamento. Hoje pela manhã --por volta das 11h no horário local (7h de Brasília)--, policiais conseguir entrar no apartamento, quando foram ouvidos diversos disparos do lado de fora do prédio.
A operação culminou então com a morte de Merah, que havia declarado, segundo afirmação feita ontem pelo ministro do Interior do país, Claude Guéant, desejar morrer "de armas na mão".
Jean-Philippe Arles/Reuters
O ministro francês do Interior, Claude Gueánt, fala à imprensa após a operação policial que culminou com a morte de Merah
O ministro francês do Interior, Claude Gueánt, fala à imprensa após a operação que culminou na morte de Merah
COMBATE AO TERROR
Ontem, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que Merah já planejava perpetrar um novo ataque. Hoje, ele disse que toda pessoa que visitar sites que façam apologia ao terrorismo ou viajar a outro país para seguir "treinamento ideológico" será punida judicialmente.
"Tudo foi feito para que o autor (dos assassinatos) fosse levado à justiça. Mas não poderíamos colocar mais vidas em jogos, já tivemos muitos mortos", disse Sarkozy.
Ele exortou ainda os franceses a permanecerem unidos e para que os muçulmanos não sejam alvos de revanchismo.
"Nossos compatriotas muçulmanos não têm nenhuma ligação com o terrorismo", afirmou Sarkozy.
Sarkozy disse ainda que se reunirá com o primeiro-ministro, François Fillon, e ministros da área para evitar que as prisões francesas continuem a ser "centros de doutrinação de terrorismo".

Fonte: folha.com

Chefe do EMCFA recebe condecoração de honra francesa

O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general-de-exército José Carlos de Nardi, recebeu a medalha e o título de comandante da Ordem Nacional da Legião de Honra, conferidos pelo governo da França. A cerimônia ocorreu na última semana, em Paris.

Instituída em 1802, por Napoleão Bonaparte, a Ordem constitui a mais alta condecoração francesa, sendo entregue a marechais, soldados, inválidos de guerra, cientistas, artistas e escritores com méritos destacados.

Atualmente, a medalha e o título são concedidos pelo grão-mestre da Ordem, o chefe de Estado da França, que costuma usar a faixa de grã-cruz – categoria máxima da condecoração – em algumas cerimônias do cargo presidencial.

Envio de instrutores

Na capital francesa, De Nardi foi recebido pelo comandante-em-chefe das Forças Armadas da França, almirante-de-esquadra Edouard Guillaud.

Em seguida, chefiou a delegação brasileira presente à XI Reunião entre o EMCFA e o Estado-Maior das Forças Armadas da França. Teve como interlocutor o subchefe de Relações Internacionais do órgão francês, almirante-de-esquadra Philippe Combes.

Durante o encontro, o Ministério da Defesa do Brasil foi convidado a enviar instrutores e monitores militares para as 15 Escolas Nacionais de Vocação Regional que a França mantém na África. São instituições de ensino e preparo militar que difundem conhecimento específico, abordando temas que abrangem desde desminagem e despoluição até missões de paz.

As duas delegações também trocaram opiniões sobre cooperação de defesa e de segurança. Por último, os franceses descreveram suas experiências durante a Operação Harmattan, que estabeleceu uma área de segurança aérea sobre a Líbia. Brasil e França possuem uma parceria estratégica firmada no início de 2008.

Fonte: Ministério da Defesa

quinta-feira, 22 de março de 2012

Mercado Internacional de Armas



1. Mercado de Armas em 2011: US$ 30 bilhões.

2. Maiores Fornecedores: EUA 30% / Rússia 24% / Alemanha 9% / França 8% / Reino Unido 4% / Vários 25%.

3. Maiores Compradores: Ásia 44% / Europa 19% / Oriente Médio 17% / Américas 11% / África 9% /

4. Na Ásia: Cinco maiores clientes, pela ordem. Índia, Coreia do Sul , Paquistão ,China e Cingapura.

FONTE: Poder Terrestre/Stockholm Institute for International Peace – SIPRI – Estado de SP (20).

SAIBA MAIS:

Após ataque da Colômbia, Farc anuncia que liberará reféns na segunda

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia começarão nesta segunda (26) a liberação dos dez reféns que ainda mantêm sequestrados, de acordo com anúncio da senadora Piedad Córdoba, nesta quarta-feira. A revelação acontece no mesmo dia em que 33 guerrilheiros do grupo foram mortos pelo Exército colombiano.
"A decisão foi tomada e temos um compromisso por parte das Farc. Sabemos que estamos entregando os reféns em meio a uma guerra e esperamos que não aconteça nada", afirmou a ex-senadora, uma das mediadoras da liberação dos prisioneiros da guerrilha, à agência de notícias Efe.
Córdoba também disse que o governo colombiano se comprometeu a não fazer combates nem operações militares na região da entrega dos sequestrados. De acordo com a ex-parlamentar, a entrega acontecerá em três dias, tendo um dia de descanso, mas ainda não revelou o lugar onde será o resgate.
Guillermo Legaria/France Presse
Ex-senadora da Colômbia, Piedad Córdoba afirma que Farc começarão a liberar reféns nesta segunda (26)
Ex-senadora da Colômbia, Piedad Córdoba afirma que Farc começarão a liberar reféns nesta segunda (26)
Os sequestrados que serão libertados são os militares Luis Alfonso Beltrán Franco, Luis Arturo Arcia, Robinson Salcedo Guarín e Luis Alfredo Moreno Chagüeza, além dos policiais Carlos José Duarte, César Augusto Lasso Monsalve, Jorge Trujillo Solarte, Jorge Humberto Romero, José Libardo Forero e Wilson Rojas Medina.
Todos foram retidos entre 1998 e 1999 e são considerados as pessoas com o maior tempo de cativeiro em poder de grupos armados no mundo. Córdoba agradeceu também o apoio dos governos colombiano e brasileiro, que emprestará helicópteros e tripulações para recuperar os sequestrados.
OPERAÇÃO MILITAR
O governo colombiano confirmou a morte de 33 guerrilheiros das Farc em uma operação militar no departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela, nesta quarta-feira.
O grupo foi surpreendido por unidades aéreas e terrestres das Forças Armadas do país pro volta da 1h (3h em Brasília) em um acampamento na localidade de Arauquita. O Ministério de Defesa confirmou 51 baixas, com 33 mortos e 18 presos.
Em mensagem na sua conta no microblog Twitter, o presidente Juan Manuel Santos escreveu que se tratou de um "grande golpe às Farc" em uma região onde o grupo insurgente matou 11 militares.
Os insurgentes faziam parte de uma comissão da 10ª frente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que foi responsável pelos sequestros dos militares e policiais que começaram a serem libertados.
Fonte: Folha.com

Em 5 anos, China amplia venda de armas em 95 por cento


ROBERTO SIMON
A China está trocando sua condição histórica de grande importadora de armas por um lugar de destaque no ranking dos maiores fornecedores de armamento do mundo. A mudança estratégica ficou evidente em uma pesquisa divulgada ontem pelo Stockholm Institute for International Peace (Sipri), da Suécia, com dados do comércio global de armas no quinquênio de 2007-2011.
Apesar da crise financeira na Europa e nos EUA, o mercado bélico no mundo cresceu 24% nesses cinco anos, revela ainda o levantamento. A Ásia puxou o crescimento, importando 44% do armamento global.
Pequim impressiona por um movimento duplo. Na lista de maiores compradores, cedeu a liderança à Índia e passou a ocupar o quarto lugar, atrás de Coreia do Sul e Paquistão. Ao mesmo tempo, subiu rapidamente no ranking de grandes exportadores e agora ameaça roubar o quinto lugar da Grã-Bretanha.
Paul Holtom, um dos coordenadores da pesquisa, afirma que os chineses encontraram um atalho especial para avançar na lista dos grandes exportadores: a sede do Paquistão por armas. "Embora Pequim tenha vários clientes, a emergência de Islamabad como um grande importador de armamento chinês fez uma tremenda diferença", disse Holtom ao Estado. "A China também passou a ameaçar mercados antes cativos da Rússia na África e América Latina", completa.
A ascensão chinesa no mercado bélico, portanto, seria uma tendência estrutural e não um ponto fora da curva. "Era algo que já estávamos esperando." Os EUA continuam como o maior exportador de armas do mundo - 30% do total. A Rússia vem depois, com 24%.
Clientes. A pesquisa do Sipri chama ainda atenção para alguns casos especiais. A Síria, por exemplo, multiplicou por seis a importação de armas nos últimos cinco anos. Desse arsenal, 78% veio da Rússia.
A Venezuela ampliou suas compras em 550% no mesmo período. Holtom afirma que, além da busca de Caracas por um novo patamar estratégico, o governo venezuelano teve de contornar a falta de manutenção e suprimentos antes vindos dos EUA. "A Rússia aproveitou-se e concedeu linhas de crédito generosas a Caracas."
O Brasil caiu duas posições e tornou-se o 32.º importador de armamento em 2007-2011. Holtom, porém, afirma que a provável compra de novos caças, além de submarinos Scorpène, deverá fazer o País saltar várias posições no próximo levantamento.
Fonte: Estadão

Prestação de Contas do Governo Dilma

Prestação de Contas do Governo Dilma
Base: Ano de 2011

Análise da Política Fiscal da União

No governo FHC (1995/2002) apenas com cinco rubricas orçamentárias: Fazenda; Previdência (INSS); Saúde; Defesa e Educação foram gastos 85,02% das despesas totais (correntes e capitais) e 98,08% das receitas totais (correntes e capitais) no período.

No governo Lula (2003/2010) com as mesmas cinco rubricas orçamentárias foram gastos 80,93% das despesas totais (correntes e capitais) e 93,12% das receitas totais (correntes e capitais).

No governo Dilma (2011) com as mesmas cinco rubricas orçamentárias foram gastos 78,44% das despesas totais (correntes e capitais) e 82,80% das receitas totais (correntes e capitais).

Cabe destacar a brutal queda de gastos com Defesa, saindo de 1,73% do PIB no governo FHC (1995/2002) para 1,55% do PIB no período do governo Lula (2003/2010). Queda real em relação ao PIB de 10,40%. E no governo Dilma (2011) gastos de apenas 1,51% do PIB, com queda real em relação ao PIB de 12,72% em relação ao governo FHC.

Quanto à Educação houve um brutal aumento dos gastos, saindo de 1,30% do PIB no governo FHC (1995/2002) para 1,40% no governo Lula (2003/2010). Aumento real em relação ao PIB de 7,69%. No primeiro ano do governo Dilma (2011) o item educação salta para gastos de 1,85% do PIB, ou seja: aumento real em relação PIB de 42,31% em relação ao governo FHC.

Outro fato a destacar foi o brutal aumento de gastos do Judiciário saindo de 0,70% do PIB no governo FHC (1995/2002) para 1,05% do PIB no governo Lula (2002/2010). Aumento real em relação ao PIB de 50,00% em termos reais. No primeiro ano do governo do governo Dilma (2011) cai para 1,02% do PIB. Aumento real em relação ao PIB de 1,47% em relação ao governo FHC.

Resultado Fiscal Nominal da União

No governo FHC (‘1995/2002) a despesa total (correntes e capitais) foi de 27,71% do PIB e a receita total (correntes e capitais) foi de 24,02% do PIB, gerando um déficit fiscal nominal de 3,69% do PIB.

No governo Lula (2003/2010) a despesa total (correntes e capitais) foi de 31,69% do PIB e a receita total (correntes e capitais) foi de 27,54% do PIB, gerando déficit fiscal nominal de 4,15% do PIB.

No governo Dilma (2011) a despesa total (correntes e capitais) foi de 29,56% do PIB e a receita total (correntes e capitais) foi de 28,00% do PIB, gerando déficit fiscal nominal de 1,56% do PIB.

A dotação orçamentária das despesas da União para o exercício de 2011 foi de R$ 1.335,1 bilhões, tendo sido empenhado o montante de R$ 1.197,5 bilhões e liquidado R$ 1.197,5 bilhões ficando um resto a pagar de R$ 86,0 bilhões.

Análise da Política Tributária da União

No governo FHC (1995/2002) as receitas tributarias corresponderam a 6,84% do PIB. No governo Lula (2003/2010) foi de 7,40% do PIB. Crescimento real relação ao PIB de 8,18% em relação ao governo FHC. No governo Dilma (2011) foi de 8,17% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 19,44% em relação ao período do governo FHC.

No governo FHC (1995/2002) as receitas de contribuições corresponderam a 10,97% do PIB. No governo Lula (2003/2010) foi de 13,43% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 22,42% em relação ao governo FHC. No governo Dilma (2011) foi de 13,49% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 22,97% em relação ao governo FHC.

No governo FHC (1995/2002) as receitas de capitais corresponderam a 3,27% do PIB. No governo Lula (2003/2010) foi de 3,02% do PIB. Redução real em relação ao PIB de 7,64% em relação ao governo FHC. No governo Dilma (2011) foi de 2,20% do PIB. Redução real em relação ao PIB de 32,72% em relação ao governo FHC.

No governo FHC (1995/2002) as receitas totais corresponderam a 24,02% do PIB. No governo Lula (2003/2010) foi de 27,34% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 13,82% em relação ao governo FHC. No governo Dilma (2011) foi de 27,38% do PIB. Crescimento real em relação ao PIB de 14,00% em relação ao governo FHC.

Estoque da Dívida Externa Líquida da União (Dívida Externa Bruta Menos Reservas)

Em dezembro de 2002 o estoque da dívida externa líquida da União era de US$ 90,0 bilhões (17,85% do PIB) reduzindo para US$ 51,0 bilhões (2,38% do PIB) em dezembro de 2010. Redução real em relação ao PIB de 86,67% comparado com o ano de 2002. Em dezembro 2011 reduziu para US$ 49,7 bilhões (2,01% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 15,54% comparado com dezembro de 2010, e redução real em relação ao PIB de 88,74% comparado com dezembro de 2002.

Estoque da Dívida Externa Líquida Pública e Privada (Dívida Externa Bruta Menos Reservas)

Em dezembro de 2002 o estoque total da dívida externa líquida (pública e privada) era de US$ 189,5 bilhões (37,58% do PIB) reduzindo para US$ 61,8 bilhões (2,88% do PIB) em dezembro de 2010. Redução real de 92,33% em relação ao PIB comparado com o ano de 2002. Em dezembro de 2011 diminui para US$ 50,4 bilhões (2,04% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 29,16% comparado com dezembro de 2010, e redução real em relação ao PIB de 94,57% comparado com dezembro ano de 2002.

Reservas Internacionais em poder do Banco Central (Conceito de Caixa).

No conceito de caixa as reservas internacionais no Banco Central do Brasil em dezembro de 2002 eram de US$ 37,8 bilhões (7,49% do PIB). Em dezembro de 2010 de US$ 288,6 bilhões (13,47% do PIB). Em dezembro de 2011 de US$ 352,0 bilhões (14,24% do PIB).

Dívida Interna Bruta da União em Poder do Mercado

- Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do mercado de R$ 558,9 bilhões (37,82% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 1.603,9 bilhões (42,54% do PIB) em dezembro 2010. Aumento real em relação ao PIB de 12,48%.

- Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do mercado de R$ 1.603,9 bilhões (42,54% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 1.783,1 bilhões (43,04% do PIB) em dezembro de 2011. Aumento real em relação ao PIB de 1,17%.

Dívida Interna Bruta da União em Poder do Banco Central

- Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do Banco Central de R$ 282,1 bilhões (19,09% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 694,0 bilhões (18,41% do PIB) em dezembro de 2010. Redução real em relação ao PIB de 3,56%.

- Aumento nominal da dívida interna bruta em poder do Banco Central de R$ 694,0 bilhões (18,41% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 734,3 bilhões (17,72% do PIB) em dezembro de 2011. Redução real em relação ao PIB de 3,75%.

Dívida Interna Bruta da União em Poder do Mercado e do Banco Central

- Aumento nominal da dívida interna bruta total (em poder do mercado e do Banco Central) de R$ 841,0 bilhões (56,91% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 2.297,9 bilhões (60,95% do PIB) em dezembro 2010. Aumento real em relação ao PIB de 7,10%.

Aumento nominal da dívida interna bruta total (em poder do mercado e do Banco Central) de R$ 2.297,9 bilhões (60,95% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 2.517,4 bilhões (60,76% do PIB) em dezembro de 2011. Em termos reais em relação ao PIB permaneceu estável.

Dívida Externa Líquida da União (Dívida Externa Bruta Menos Reservas)

- Redução nominal da dívida externa líquida de R$ 262,9 bilhões (17,79% do PIB) em dezembro 2002 para R$ 90,1 bilhões (2,39% do PIB) em dezembro 2010. Redução real em relação ao PIB de 86,56%.

- Redução nominal da dívida externa líquida de R$ 90,1 bilhões (2,39%do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 83,3 bilhões (2,01% do PIB) em dezembro de 2011. Redução real em relação ao PIB de 15,89%.

Dívida Líquida Total da União (Interna e Externa)
- Aumento nominal da dívida total líquida da União (interna e Externa) de R$ 1.103,9 bilhões (74,70% do PIB) em dezembro de 2002 para R$ 2.388,0 bilhões (63,34% do PIB) em dezembro de 2010. Redução real em relação ao PIB de 15,21%.

- Aumento nominal da dívida total líquida da União (Interna e Externa) de R$ 2.388,0 bilhões (63,34% do PIB) em dezembro de 2010 para R$ 2.600,7 bilhões (62,77% do PIB) em dezembro de 2011. Redução real em relação ao PIB de 0,89%.


Política de Juro

Juro primário ou básico: é a remuneração financeira de referência para um dia de financiamento fixada pelo Banco Central, conhecida como HOT MONEY. Em dezembro de 2011 estava fixada em 11,50% ao ano.

Efeito Multiplicador de Base: é um índice calculado pelo Banco Central para regular a liquidez do mercado, via depósitos compulsórios. Através deste índice podemos chegar a taxa real de juros de mercado.

Em 2011 o custo médio de carregamento da dívida interna da União foi de 1,0101% ao mês (12,83% ao ano), com ganho real para os investidores de 0,5949% ao mês (7,38% ao ano), depois de excluída a inflação média/mês do IGPM de 0,41652 ao mês (5,0977% ao ano).

Sendo o multiplicador de base médio em 2011 de 1,3900, ou seja: 70,71% dos recursos disponíveis foram esterilizados pelo Banco Central, através dos depósitos compulsórios, o juro mínimo de mercado médio em 2011 foi de 12,83% ao ano x 3,5638 = 45,72% ao ano (3,1874% ao mês), não considerando outros custos, tais como: impostos, taxas e lucros dos bancos.

Em 2011 a dívida total da União teve PMP (Prazo Médio de Pagamento) de 3,62 anos. Considerando apenas a dívida interna da União em poder do mercado teve um PMP de 3,49 anos.

Saldo da Balança Comercial

Série história de nossa balança comercial com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 1,1 bilhão = -0,15% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – superávit de US$ 32,5 bilhões = 2,61% do PIB; Governo Dilma (2011) – superávit de US$ 29,8 bilhões = 1,20% do PIB.
Saldo de Serviços e Rendas
Série história de nossa balança de serviços e rendas com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 24,4 bilhões = -3,47% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 42,6 bilhões = -3,43% do PIB; Governo Dilma (2011) – déficit de US$ 85,2 bilhões = -3,45% do PIB.

Saldo de Transações Correntes

Série história do saldo das transações correntes com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 23,4 bilhões = -3,33% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 6,6 bilhões = -0,53% do PIB; Governo Dilma (2011) – déficit de US$ 52,6 bilhões = -2,13% do PIB.
Saldo da Conta de Capital e Financeira
Série história do saldo da conta de capital e financeira com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – superávit de US$ 23,8 bilhões = 3,39% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – superávit de US$ 36,8 bilhões = 2,96% do PIB; Governo Dilma (2011) – superávit de US$ 111,8 bilhões = 4,52% do PIB.
Saldo do Balanço de Pagamentos
Série história do saldo do balanço de pagamentos com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 0,09 bilhão = -0,01% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – superávit de US$ 29,0 bilhões = 2,33% do PIB; Governo Dilma (2011) – superávit de US$ 58,6 bilhões = 2,37% do PIB.

Gastos com Pessoal da União (Diretos, Indiretos, Civis, Militares, Ativos, Aposentados, Pensionistas, Ex-Territórios e DF)


O custo total de pessoal da União aumentou de R$ 75,0 bilhões (5,07% do PIB) em 2002 para R$ 183,3 bilhões (4,86% do PIB) em 2010. Incremento nominal de 144,40% em relação ao ano de 2002, e queda real em relação ao PIB de 4,14%. Em 2011 o custo total com pessoal da União migrou para R$ 197,4 bilhões (4,76% do PIB). Incremento nominal de 7,69% em relação ao ano de 2010 e queda real em relação ao PIB 2,06%.

Em 2011 o rendimento médio/mês per capita com pessoal ativo da União - 1.229.710 servidores (881.123 civis e 348.587 militares) foi de R$ 8.037,12, enquanto a média/mês per capita nacional para os trabalhadores formais nas atividades privadas é de R$ 1.650,00 (79,47% menor).

Em 2011 o rendimento médio/mês per capita com pessoal aposentado e pensionista da União –1.000.994 servidores (713.115 civis e 287.879 militares) foi de R$ 6.560,14, enquanto a média/mês per capita dos aposentados e pensionistas das atividades privadas (INSS – 24,8 milhões de beneficiários) foi de R$ 828,40 (87,37% menor).

No governo Lula (2003/2010), comparando com dezembro de 2002, houve aumento do efetivo da União da ordem de 171.395 servidores: Legislativo - 4.171; Judiciário - 39.134; Executivo Militar - 42.581; Executivo Civil - 119.629 e redução de Ex-Territórios e DF de (34.120).

No governo Dilma (2011), comparado com dezembro de 2010, houve aumento do efetivo da União da ordem de 22.535 servidores: Legislativo - (502); Judiciário – 4.974; Executivo Militar – 10.808; Executivo Civil – 11.965; Ex-Territórios e DF – (4.710).

Previdência Social - União e INSS

Em 2011 o défcit previdenciário pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) foi de R$ 35,3 bilhões (0,85% do PIB) e do déficit previdenciário do setor público federal pelo Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) foi de R$ 54,2 bilhões (1,31% do PIB), totalizando no ano 2011 déficit previdenciário de R$ 89,5 bilhões (2,16% do PIB).

Em 2011 a receita previdenciária pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) foi de R$ 245,9 bilhões (5,93% do PIB) em contribuições de empresas e parte patronal de algumas prefeituras (11,9 milhões de contribuintes) e de empregados e autônomos ativos da iniciativa privada e de empregados de algumas prefeituras (53,7 milhões de contribuintes). A despesa previdenciária dos benefícios pagos aos 24,8 milhões de aposentados e pensionistas, com salário médio de R$ 828,40, foi de R$ 281,2 bilhões (6,78% do PIB), fazendo com que o resultado previdenciário tenha sido negativo em R$ 35,3 bilhões (0,85% do PIB).

Em 2011 a receita previdenciária pelo Regime Próprio de Previdência Social da União (RPPS) das contribuições dos 1.229.710 servidores ativos do governo federal (881.123 civis e 348.587 militares), com salário médio mensal de R$ 8.037,12, foi de R$ 24,6 bilhões (0,59% do PIB). A despesa previdenciária dos benefícios pagos aos 1.000.994 servidores aposentados e pensionistas do governo federal (713.115 civis e 287.879 militares), com salário médio de mensal de R$ 6.560,14, foi de R$ 78,8 bilhões (1,90% do PIB), fazendo com que o resultado previdenciário tenha sido negativo em R$ 54,2 bilhões (1,31% do PIB).

Crescimento Econômico

O Brasil é um país virgem, com vocação natural para o crescimento: 6,29% ao ano (1964/1984).

A partir de 1985 o Brasil amargou quedas sucessivas do crescimento real, com média/ano como segue: 4,39% ao ano (1985/1989), 1,24% ao ano (1990/1994), 2,31% ao ano (1995/2002), 4,06% ao ano (2003/2010) e 2,70% ao ano em 2011 gerando uma média medíocre de crescimento econômico real média/ano no período de 1985/2011 de 2,94% ao ano.

O PIB PER CAPITA (preços correntes) apurado no ano de 2002 foi de R$ 8.382,00. Em 2010 foi de R$ 19.016,00, ou seja: 126,87% maior do que o apurado em 2002. Com base nos números conhecidos em dezembro de 2011 foi apurado um PIB PER CAPITA (preços correntes) de R$ 21.252,00, ou seja: 11,76% maior do que o apurado no ano de 2010, e 153,54% maior do que o apurado em 2002.

O PIB (preços correntes) apurado no ano de 2002 foi de R$ 1.477,8 bilhões. Em 2010 foi de R$ 3.777,1 bilhões, ou seja: 155,59% maior do que o apurado no ano de 2002. Com base nos números conhecidos em dezembro de 2011 foi apurado um PIB (preços correntes) de R$ 4.143,0 bilhões, ou seja: 9,68% maior do que o apurado em 2010, e 180,35% maior do que o apurado em 2002.

Taxa Média/Ano de Desemprego Aberto

Em 2010 foi apurada uma taxa média de desemprego aberto, medida pelo IBGE, de 6,7%. Em 2011 foi apurada uma taxa média de 6,0%, ou seja: 10,45% menor do que a média apurada em 2010.
Fonte:defesanet.com.br

Tráfico humano é problema que se agrava em todo o mundo


Uma das atividades de crime organizado que mais aumentam em todo o mundo, o tráfico humano fez, em 2010, mais de 12 milhões de vítimas, submetidas a trabalhos forçados e prostituição compulsória, entre outros.
Relatórios da Organização Internacional para Migração (OIM) apontam que mais da metade das vítimas do tráfico humano internacional vêm do Sudeste Asiático e do Leste do continente. Metade das vítimas desta atividade criminosa é de crianças e os lucros obtidos com a mesma giram em torno de 25 bilhões de euros por ano, sendo superados apenas pelo tráfico de drogas no ranking do crime.
Apesar disso, poucos fazem ideia do que ocorre de fato com os envolvidos. "A falta de consciência sobre o assunto é um dos maiores obstáculos no combate ao tráfico humano", escreve a Crônica ONU, revista mensal das Nações Unidas. Do ponto de vista jurídico, o tráfico humano é o termo usado para designar toda forma de propaganda, transporte e alojamento de pessoas, visando explorá-las.
As vítimas servem de força de trabalho não ou mal remunerada, como prostitutas, soldados infantis, empregadas domésticas, ou sendo submetidas a casamentos forçados ou à retirada de órgãos de seus corpos.
Promessas de um futuro ameno
E por que essas vítimas caem – voluntariamente – nas mãos dos criminosos? Por que elas pagam somas horrendas a seus futuros carrascos? Segundo o Artip, um projeto comunitário de combate ao tráfico humano em diversos países do Sudeste Asiático, as principais razões são a pobreza e a desigualdade social.
Ou seja, o tráfico humano transpõe quase sempre as pessoas de países mais pobres para os mais ricos. A Tailândia é um bom exemplo, ao ser ao mesmo tempo alvo e exportador de vítimas do tráfico humano: os tailandeses são levados normalmente para a Austrália, a Europa, o Japão e os Estados Unidos. Na Tailândia, por outro lado, pessoas da Birmânia, do Camboja e de Laos costumam ser exploradas.
Uma pesquisa realizada pela Iniciativa Global contra o Tráfico Humano, com participação das Nações Unidas, verificou que as vítimas geralmente têm uma formação escolar básica. Os criminosos abusam então das esperanças destas pessoas com promessas de um futuro melhor para elas e seus filhos em regiões do planeta onde as condições econômicas são melhores. Eles descrevem um futuro cor-de-rosa às suas vítimas.
O tráfico humano se autogere
Além da pobreza, a discriminação de gênero é outra razão para o tráfico humano. Em muitas sociedades, as mulheres são menos valorizadas que os homens, obtendo uma formação escolar pior, além de salários mais baixos e desvantagens até mesmo estabelecidas por lei. As mulheres são também com frequência vítimas de abusos e violência. Elas deixam seus países de origem com a esperança de escapar de condições de vida miseráveis.
No entanto, também há homens entre as vítimas dos padrões de gênero. O relato sobre migração global da OIM registra um crescimento do tráfico de homens e jovens. O contingente masculino perfaz 20% das vítimas deste tipo de crime.
Em muitas sociedades, a subsistência da família é uma tarefa a ser assumida pelos homens. Quando eles têm dificuldades para dar conta disso, ou porque estão desempregados ou porque seus trabalhos são mal pagos, eles costumam acabar nas mãos dos criminosos, na esperança de poderem dar apoio a suas famílias.
Outros fatores que favorecem o tráfico humano são a violência e conflitos, como a guerra civil na Birmânia, a impossibilidade de migração legal ou a falta de redes sociais. O mais absurdo da situação é que o tráfico humano acaba se autofortalecendo. A organização Artip explica essa dinâmica através de dois exemplos: quando um pescador e agricultor na Tailândia escraviza crianças birmanesas, ele leva vantagens sobre seus concorrentes.
Ou seja, estes também se veem obrigados a recrutar pessoas e submetê-las ao trabalho forçado. Efeitos semelhantes acontecem no meio da prostituição. Quando um lugar se torna conhecido pela prostituição infantil, aparecem mais clientes. E a "demanda" por crianças nesta atividade criminosa aumenta.
Reintegração na sociedade
Quando retornam a seus países de origem depois de anos de exploração, muitas dessas pessoas continuam sofrendo em consequência do trabalho forçado. Muitos acabam em um estado miserável, em função de uma alimentação deficiente e do esgotamento físico e mental. O abuso de drogas é também comum. Muitas mulheres forçadas a se prostituírem sofrem graves traumas, e são, em muitas sociedades, além de tudo estigmatizadas.
Tanto as Nações Unidas quanto os governos dos países envolvidos com o problema já reconheceram a gravidade da situação. As autoridades sanitárias norte-americanas divulgaram um guia de conduta com relação às vítimas do tráfico humano. No entanto, principalmente nos países assolados pelo problema, sobretudo em diversas regiões da África, faltam recursos financeiros para tal ajuda.
Convenções contra o tráfico humano
O combate ao tráfico humano consta, há anos, da agenda das Nações Unidas. Já em 1949, foi criada uma Convenção contra o Tráfico de Mulheres. Em 2000, o chamado Protocolo do Tráfico Humano ou Protocolo de Palermo foi aprovado, priorizando o combate ao tráfico humano internacionalmente organizado.
Os resultados dessas persecuções penais são, contudo, mínimos. O último relatório de tráfico humano da Secretaria de Estado norte-americana registrou no ano de 2010 um total de 6017 processos em todo o mundo, com 3619 condenações. Um número extremamente baixo, tendo em vista as mais de 12 milhões de vítimas do problema.
Autor: Rodion Ebbighausen (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: defesanet.com.br

Vinte e quatro guerrilheiros das Farc mortos e 10 capturados

Ao menos 24 guerrilheiros das Farc morreram e outros dez foram capturados no departamento de Arauca (leste, fronteira com a Venezuela), onde as forças públicas realizam ações depois que no fim de semana onze militares foram abatidos em uma emboscada.
O presidente Juan Manuel Santos informou em sua conta no Twitter sobre a operação. "Grande golpe para as Farc em Arauca, onde mataram nossos soldados. Vão 24 mortos e 10 capturados. Felicitações a nossas forças", escreveu o presidente em uma mensagem que foi retransmitida pelo site da presidência da República.
Os combates do Exército contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas) ocorreram depois que onze militares morreram no sábado nesta região em uma emboscada realizada por esta guerrilha, a mais antiga da Colômbia, com 47 anos de luta armada contra o Estado.
Os 24 guerrilheiros mortos se somam a outros três que caíram na terça-feira em confrontos com o Exército na mesma região, onde outros quatro também foram detidos, informou o Exército.
No departamento petroleiro de Arauca, também age a guerrilha guevarista Exército de Libertação Nacional (ELN).
Os onze militares que morreram no sábado nesta região, na ação mais sangrenta das Farc contra as forças públicas neste ano, foram mortos, ao que parece, por um erro tático, indicou no domingo o presidente Santos.
Os sangrentos combates contra as Farc em Arauca ocorrem em meio à expectativa pela anunciada libertação unilateral de 10 militares em poder das Farc há mais de 12 anos, que esta guerrilha anunciou que realizaria em dezembro passado.

Fonte: defesanet.com.br

sexta-feira, 16 de março de 2012

Bin Laden planejou ataque a Obama antes de morrer, diz jornal

O ex-líder do grupo radical islâmico Al Qaeda, Osama bin Laden, planejou um ataque ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pouco antes de morrer, em maio de 2011, segundo informa o jornal "Washington Post" nesta sexta-feira.
De acordo com a publicação, Bin Laden queria atacar o Air Force One, o avião presidencial, causando a morte do presidente americano e do diretor da CIA, David H. Petraeus. A informação saiu de uma carta do líder terrorista para seu principal responsável militar, Atiyah Abd al Rahman.
"A razão para que concentremos neles é que Obama é o líder da infidelidade e matá-lo automaticamente faria [o vice-presidente americano Joe] Biden renunciar. Como ele é totalmente despreparado para assumir o posto, isso levaria os Estados Unidos a uma crise", afirma Bin Laden, na conversa interceptada.
Sobre Petraeus, afirmou que era "o homem do momento" e matá-lo poderia alterar os planos de guerra no Afeganistão. Consultados pelo "Washington Post", as autoridades americanas informaram que o plano nunca foi uma grande ameaça.
O ataque seria organizado pelo terrorista paquistanês Ilyas Kashmiri, morto um mês após Bin Laden, em um bombardeio de um avião não tripulado americano. O jornal diz que o plano provavelmente teria falhado, pois a Al Qaeda não possuía armas para derrubar o avião do presidente.
France Presse
O ex-líder da Al Qaeda Osama bin Laden, morto em 2011
O ex-líder da Al Qaeda Osama bin Laden, morto em 2011
COMUNICADO
Em um comunicado de 48 páginas, o líder terrorista pede ao responsável militar para focar os esforços para liderar ataques nos Estados Unidos e pediu que buscassem algum membro da organização que operasse no país ou que tivesse acesso fácil a território americano.
Os analistas americanos consultados pelo "Washington Post" não tinham evidências de que os planos se concretizaram. "A organização tinha pouca habilidade de planejar, organizar e executar planos complexos ou ataques catastróficos, mas a ameaça persistia".
Bin Laden ainda teria pedido que lideranças do grupo radical saíssem de áreas tribais do Paquistão, intensamente bombardeadas por aviões não tripulados americanos, para outras regiões, mais remotas e distantes.
O documento também mostra a preocupação da imagem da Al Qaeda entre os muçulmanos pelas ações americanas no Afeganistão e no Iraque, e pensava mudar o nome da organização para recuperar o apoio islâmico.
Fonte: Folha.com

TOA GUERRILHA NA AMAZÔNIA: A Experiência do Rio Traíra - Parte 3

GUERRILHA NA AMAZÔNIA:
UMA EXPERIÊNCIA NO PASSADO,
O PRESENTE E O FUTURO
(matéria em três partes)
Matéria Publicada Origalmente em DefesaNet Novembro 2005


Cel Alvaro de Souza Pinheiro(*),
do Exército Brasileiro
DefesaNet
Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro

DefesaNet
Nota: O Série de artigos "Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro", foi produzida como uma posição do Exército Brasileiro referente à Amazônia, nos anos 90.
O seu autor, na época Coronel de infantaria, atuava como oficial de ligação do Exécito Brasileiro junto ao Centro de Armas Combinadas e à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército dos EUA, apresenta uma visão abrangente e relata com detalhes dois pontos importantes a Guerrilha do Araguaia (Parte 2) e a Ação do Rio Traíra (Parte 3).
Hoje, no posto de General de Brigada (reserva) escreve sobre assuntos militares com vários artigos publicados em DefesaNet
Artigo publicado originalmente na:
Military Review 1º Trim 95 Ed Português
Military Review t - Oct 95 Edição Español
Military Review March-April 96 English Edition
Aviable on pdf 2MB pdf Link

A Amazônia Brasileira foi elevada à situação de área estratégica prioritária, em face dos múltiplos conflitantes aspectos que a caracterizam, conferindolhe uma problemática política, econômica, psicossocial e militar altamente especial, delicada e sensível. O presente artigo procura decodificar as lições aprendidas nas diversas experiências de guerrilha vivenciadas na Amazônia, tentando estabelecer um paralelo entre o passado, o presente e o futuro.
O Presente
12:00 horas de uma terça-feira, dia 26 de fevereiro de 1991. Cerca de 40 elementos que se declararam guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias Comunistas (FARC) - Comando Simón Bolívar - Facção Força e Paz, realizam uma incursão em território nacional e atacam um Destacamento do Exército Brasileiro estacionado em instalações semi-permanentes, às margens do rio Traíra, fronteira entre o Brasil e a Colômbia.
O ataque foi efetuado por três escalões, dos quais um, o de apoio de fogo, permaneceu na margem colombiana, enquanto os outros dois, de assalto e de segurança, investiram o acampamento. Inicialmente, com preciso fogo de atiradores de escol, foram eliminados os sentinelas da hora, e a seguir, desen cadeado intenso fogo de armas automáticas contra as instalações do Destacamento, cujos integrantes, surpreendidos, tentaram, sem sucesso, reagir.
Em decorrência da ação, da guarnição de 17 homens, resultaram três soldados mortos e nove feridos. Morreram também dois garimpeiros clandestinos colombianos que estavam detidos no posto aguardando evacuação para Vila Bittencourt/AM.
Na finalização da operação, os guer rilheiros colombianos apropriaram-se de estações rádio, munição, uniformes e todo o armamento do posto, conduzindo todo o material para o seu território. Aparentemente, não sofreram baixas. Portavam armamento automático HK 5.56 mm e armas de caça calibre 12. Trajavam uniformes de cor verde claro e botas de borracha do tipo "sete léguas". Faziam parte do comando atacante duas mulheres identificadas como já tendo sido anteriormente presas no Destacamento.
A instalação do Destacamento Traíra foi uma decisão do Comando Militar da Amazônia, autorizada pelo Sr Ministro do Exército, Comandante da Força Terrestre, para fazer face à tumultuada situação reinante na região da Serra do Traíra/AM, provocada pela presença de grande número de garimpeiros clandestinos brasileiros e, principalmente, colombianos, que para lá se deslocaram após a desativação das instalações da Empresa de Mineração Paranapanema, que detinha o alvará de pesquisa aurífera cedido pelo Governo Federal.
Em posteriores operações de inteligência ficou comprovado que a guerrilha colombiana aliada a cocaineiros e garimpeiros clandestinos colombianos, e também contando com o beneplácito de alguns índios corrompidos pela narcoguerrilha na região, procuravam as regiões auríferas nos antigos garimpos abandonados da Cia Paranapanema, a fim de obter recursos para suas ações subversivas. Dessa forma, a ação da guerrilha colombiana foi efetuada como uma represália à ação repressiva desencadeada pelo Destacamenteo Traíra.
Há que se ressaltar que a atuação do Destacamento Traíra, instalado sob a responsabilidade do então 1º Comando de FronteiraSolimões/1º Batalhão Especial de Fronteira (1º Cmdo Fron-Solimões/1º BEF), sediado em Tabatinga/AM, se limitava a uma ação específica de manutenção da ordem, visando tão somente expulsar garimpeiros colombianos de volta ao seu território, e impedir a vinda de garimpeiros brasileiros para a área, até que o Governo Federal regularizasse a situação da lavra no local, provocada pelo abandono da Empresa Parana panema.
O ataque das FARC contra o Destacamento Traíra foi uma ação inesperada, covarde, traiçoeira e inusitada, em virtude da missão que o Destacamento cumpria, e de nunca se ter tido notícia de fatos dessa natureza, desde a instalação, na Amazônia, dos primeiros Pelotões de Fronteira do Brasil.
A ação de 26 Fev 91 das FARC no rio Traíra desencadeou o planejamento e a execução de uma operação conjunta efetuada pelas Forças Armadas Brasileiras e Colombianas, denominada "Operação Traíra". Esta Operação foi a principal conseqüência da Reunião Extraordinária Regional Bilateral Brasil/Colômbia, com a participação, pelas forças colombianas, de autoridades do Comando da IV División del Ejército Nacional de Colombia, sediado em Vila Vicenzio/Col e, pelas forças brasileiras, de autoridades do Comando Militar da Amazônia, sediado em Manaus/AM.
Esta Reunião estabeleceu vários Acordos Conjuntos e algumas Recomendações que, basicamente, definiram que as respectivas forças se comprometiam a operar em seu respectivo território, com o objetivo de manter a ordem e a tranqüilidade na região fronteiriça. Ficou também estabelecido que as ações a realizar seriam coordenadas de forma plena, em todos os níveis de planejamento, inclusive com o intercâmbio imediato e contínuo de informações relacionadas com a subversão, o terrorismo e o narcotráfico, visando a neutralização de qualquer ameaça que se apresentasse no respectivo território. Foi também recomendado que os Exércitos do Brasil e da Colômbia promovessem gestões junto aos seus respectivos governos no sentido de incrementar na área a presença de organismos do Estado, orientados para a execução de atividades de desenvolvimento comunitário.
No território nacional, o posto de comando instalado pelo CMA ficou em Vila Bittencourt, sede de um dos Pelotões na fronteira com a Colômbia. No território colombiano, o posto de comando ficou em La Pedrera/Província de Taraira.
Os resultados obtidos na "Operação Traíra" foram extremamente significativos. Pelo lado colombiano, deve-se destacar a eficiente ação do Batalhão "Bejarano Muñoz", sediado em La Pedrera/Taraira. Pelo lado brasileiro, o excepcional desempenho dos combatentes do então 1º Batalhão Especial de Fronteira (1º BEF), hoje, 8º Batalhão de Infantaria de Selva (8º BIS), sediado em Tabatinga/AM. Superando com estoicismo o trauma inicial que enlutou a família tabatinguense, o 1º BEF, fundamentado numa liderança do mais alto padrão em todos os níveis de comando, demonstrando um excelente grau de adestramento, um moral e um espírito de corpo extraordinários, foi o grande responsável pela ocorrência da eliminação de doze guerrilheiros integrantes do comando das FARC que atacou o Destacamento Traíra, bem como pela prisão de inúmeros elementos de sua rede de apoio, e pela recuperação de boa parte do material capturado quando da solerte ação terrorista.
Há também que se destacar a efetiva participação dos elementos do tradicional "Batalhão Amazonas", 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º BIS), sediado em Manaus, unidade de elite do CMA que, como sempre, ratificou o seu excelente nível de preparo para as operações em ambiente de selva.
Especial atenção deve ser dada também à atuação dos elementos da Reserva Estratégica do Exército Brasileiro, sempre presentes nas situações de crise na Região Amazônica, das Forças Especiais e da Aviação do Exército.
Mais uma vez foi ratificado que a presença dos especialistas em guerra irregular e combate não-convencional do 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp), sediado no Rio de Janeiro, através da ação de um Destacamento de Ação Imediata, integrado por frações de Forças Especiais e Ações de Comandos, se faz imprescindível ao comando da operação, em situações dessa natureza.
Com relação à Aviação do Exército, há que se ressaltar que a "Operação Traíra" se constituiu num marco histórico altamente significativo. Esta foi a primeira oportunidade em que a então recém criada Brigada de Aviação do Exército (Bda Av Ex), sediada em Taubaté/SP, se viu engajada numa operação real de combate na Região Amazônica, o seu verdadeiro batismo de fogo. E o desempenho da Patrulha Ajuricaba, integrada por 4 helicópteros de manobra HM-1 Pantera, 2 helicópteros de reconhecimento e ataque HA-1 Esquilo, reforçados por pessoal de suprimento e manutenção, foi excepecional. Estas aeronaves, inclusive, apoiaram, por solicitação do comando colombiano, as ações de infiltração do comando colombiano, as ações de infiltração e ressuprimento das patrulhas colombianas. E após o término da "Operação Traíra", uma seção, constituída por duas aeronaves HM-1 e uma HA-1, permaneceu baseada em Vila Bittencourt, por mais de seis meses, operando em apoio às ações do 1º BEF na região do Traíra. É importante ter em mente que operar aeronaves de asa rotativa na Amazônia exige padrões de desempenho especiais que ultrapassam em muito os exigidos para outras áreas. Quando se está em presença de uma situação real de combate, estas demandas se tornam ainda mais significativas, e tudo isso foi superado pelos elevados níveis de adestramento, motivação e liderança dos integrantes da Aviação do Exército.
Também não se pode deixar de considerar a decisiva participação da Força Aérea Brasileira (FAB). Além de apoiar oportunamente a concentração estratégica e o apoio logístico com aeronaves C-130 Hércules e C-115 Búfalo, a FAB se fez representar no posto de comando da operação por um oficial superior do VII Comando Aéreo Regional (COMAR VII), sediado em Manaus, que desempenhou, no estado-maior constituído, as funções de coordenador do apoio aéreo. A ele cabia a tarefa de planejar e conduzir o emprego dos meios aéreos alocados à operação pelo Comando Geral do Ar (COMGAR). Estes meios eram, basicamente, constituídos por duas aeronaves C-95 Bandeirante, de reconhecimento aerofotogramétrico, seis helicópteros UH-1H e seis aeronaves de ataque ao solo AT-27 Tucano, todas baseadas em Vila Bittencourt.
A "Operação Traíra" ratificou mais uma vez que, na Amazônia, sem o adequado e oportuno apoio da Força Aérea, a Força Terrestre fica extremamente limitada nas suas ações de combate, apoio ao combate e logísticas.
A Marinha do Brasil também se fez presente na "Operação Traíra", através da atuação de um Navio Patrulha Fluvial da Flotilha do Amazonas (FLOTAM), sediada em Manaus, que se deslocou para Vila Bittencourt, cooperando com o apoio logístico e incrementando a segurança daquela região fronteiriça.
A insidiosa ação sobre o posto do Traíra, em fevereiro de 1991, registrou de forma significativa a mais importante ameaça aos interesses vitais do Brasil na Amazônia, no contexto da Defesa Externa, nos dias de hoje.
A atual problemática existente em diversas regiões do arco fronteiriço amazônico, da Guiana Francesa à Bolívia, envolvendo com maior ou menor intensidade, questões indígenas, garimpo clandestino, descaminho de recursos minerais, atividades de contra bando e de tráfico de armas, problemas fundiários, e, principalmente, a forte conexão existente entre a guerrilha alienígena e o narcotráfico criando o fenômeno da narco guerrilha (particularmente no Peru e na Colômbia), ratifica a possibilidade da eclosão latente de crises que tenham no seu escopo o desencadeamento de conflitos onde estará em foco a defesa dos interesses vitais do Brasisl na Amazônia, particularmente, a Soberania e a Integridade do Patrimônio Nacional.
Em novembro de 1991, outra operação de monta foi desencadeada pelo CMA para fazer face às latentes ameaças provodadas pela ação das FARC, na fronteira com a Colômbia. Esta operação denominada "Operação Perro Loco" foi realizada na região de Iauaretê/AM e Querarí/AM, conhecida como "Cabeça do Cachorro". Empregou efetivos do 5º BIS, sediado em São Gabriel da Cachoeira/AM, do 1º BFEsp, e uma Força de Helicópteros com 14 aeronaves da Bda Av Ex. A exemplo da "Operação Traíra", a "Operação Perro Loco" se constituiu numa magnífica demonstração de operacionalidade dos elementos envol vidos, atingindo de forma plena o seu grande objetivo que era dissuadir, de forma definitiva, a execução de incursões por parte da narcoguerrilha colombiana naquela região.
Em atendimento às diretrizes emanadas do Estado-Maior do Exército (EME), no contexto da Defesa Externa, coube ao Comando de Operações Terrestres (COTer) definir a orientação do planejamento do emprego da Força Terrestre na defesa dos interesses vitais do Brasil face a ameaças dessa natureza. E para esta definição, todos os ensinamentos colhidos nas experiências da "Operação Traíra" e da "Operação Perro Loco" foram significativamente considerados.
Dentre as mais significativas idéias preconizadas na atual concepção estratégica face a conflitos dessa natureza está a sua adequada caracterização. Tratase de um conflito de baixa intensidade, onde o inimigo, genericamente designado de "forças adversas", pode apresentarse sob vários matizes-narcotraficantes, garimpeiros clan destinos, indígenas apátridas, guerrilheiros com ou sem motivações ideológicas, aventureiros internacionais, agentes de potências de fora do continente sul-americano infiltrados, ou mesmo uma combinação desses elementos - pondo em risco a Segurança Nacional, nas regiões fronteiriças amazônicas.
O grande objetivo político a ser atingido quando da eclosão de um conflito dessa natureza é manter a Soberania e a Integridade do Patrimônio Nacional, não suspendendo as operações até a definitiva expulsão das "forças adversas" do Território Nacional.
Quanto aos objetivos militares, estes podem ser sintetizados pelas ações de destruir as "forças adversas" que atuarem no Território Nacional, e defender a população e o Patrimônio Nacional.
Fundamentalmente, a ação da Força Terrestre crescerá de intensidade passando pelos estágios de desencadeamento de ações preventivas, repressivas e operativas; e segundo a seguinte gradação: operações de apoio aos órgãos da administração federal, estadual ou municipal, operações de inteligência; operações contra as "forças adversas", e operações de maior vulto, caso as "forças adversas" evoluam para estágios mais desenvolvidos de organização.
A concepção estratégica de emprego da Força Terrestre face a situações dessa natureza define que, apesar da ocorrência de ações operativas para a destruição das "forças adversas", não será ativada a Estrutura Militar de Guerra, ou seja, tratase de uma situação típica de nãoguerra.
Em termos de estrutura operacional, para fazer face a situações dessa natureza, está preconizada a ativação, por parte dos Comandos Militares da Amazônia e do Norte (CMN), mediante autorização do Sr Ministro do Exército, Comandante da Força Terrestre, de uma Área de Conflito (AC). O estabeleci mento de AC, em termos de delimitação territorial, deve estar restrito à área fronteiriça onde seja iminente ou esteja ocorrendo a ameaça. Em termos de estrutura de comando, a AC deverá enquadrar uma Zona de Opera ções (ZOp) e uma Zona de Apoio (ZAp). Esta organização tem como finalidade o estabele cimento tanto de uma estrutura de comando e controle quanto a definição de responsa bilidade territoriais.
A ZOp deverá ficar restrita à região onde se realizam as ações operativas de destruição das "forças adversas". Esta região deverá abranger o espaço físico terrestre e aéreo necessário à condução das operações. Em princípio, o comandante da ZOp deverá ser o comandante do escalão diretamente responsável pela destruição das "forças adversas". E o seu posto de comando deve estar localizado no ponto onde melhor se possa coordenar e controlar as ações operacionais.
A ZAp deverá englobar a região onde as ações a realizar serão de caráter predomi nantemente logístico. Em princípio, o posto de comando da ZAp deve estar localizado junto à principal base logística instalada. Basicamente, o suprimento chega à ZAp por meios aéreos (principalmente) ou fluviais de maior porte. Razão pela qual, normalmente, a ZAp estará numa área onde exista um aeródromo de adequadas condições. Daí o suprimento será transportado para a ZOp, normalmente, através do emprego de helicópteros.
O valor da AC a ser estabelecida, por determinação do CMA ou do CMN, será função da complexidade e da gravidade do problema a ser resolvido. Numa área onde o poder de combate das "forças adversas" se apresente como ponderável, com parcelas significativas de forças irregulares represen tativas da guerrilha e/ou do narcotráfico alienígena, em princípio, a AC ativada deverá ser de valor Bda, cabendo o planejamento e a condução das operações ao comandante de uma das quatro Brigadas de Infantaria de Selva (dependendo da localização do conflito) estacionadas na Área Estratégica Amazônica. Nesse caso, o comandante da brigada poderá designar um de seus comandantes de batalhão, comandante da ZOp, e o seu E/4, comandante da ZAp. Caso o problema seja de menor monta, e seja restrito à eliminação de um pequeno grupo que, episodicamente, adentrou o Território Nacional, o CMA ou o CMN poderão determinar às suas brigadas subordinadas o estabelecimento de uma AC de valor batalhão.
É importante ressaltar que o COTer tem antecipadamente definidas para os Comandos Militares de Área interessados quais as áreas prioritárias onde, em função das informações disponíveis, há uma maior probabilidade de eclosão de uma crise dessa natureza. Dessa forma, é possível a orientação do esforço de preparação e de planejamento para essas áreas prioritárias.
Como meios disponíveis para emprego nas AC ativadas estãos os meios de combate, apoio ao combate e logísticos do CMA e do CMN; os meios de combate, apoio ao combate e logísticos da Reserva Estratégica, destacandose os do Comando de Aviação do Exército, os da Brigada de Infantaria PáraQuedista e os do Batalhão de Forças Especiais. Além desses, estão disponíveis os meios de combate, apoio ao combate e logísticos da Força Aérea Brasileira e da Marinha do Brasil, a serem definidos respectivamente pelo Comando Geral do Ar (COMGAR - Nota recentemente alterado para Comando Geral de Operações Aéreas) e pelo Comando de Operações Navais (CON). A esses meios poderão ser acrescentados outros, dependendo da complexidade do problema a ser enfrentado, requisitados de organizações civis governamentais (federais, estaduais ou municipais) ou privadas, todos integrados sob o comando único da AC.
Assim, o Exército Brasileiro está dotado de uma adequada estrutura de preparação, planejamento e condução de operações para fazer face às "forças adversas" que, indiscu tivelmente, se constituem na mais latente ameaça a ser enfrentada no contexto da Defesa Externa, na Área Estratégica Amazônica, nos dias de hoje.
O Futuro
Uma visão futura de situações que possam colocar em risco os interesses vitais do Brasil na Amazônia nos permite antever que as ameaças atualmente existentes tenderão a diminuir ou a aumentar, principalmente, como conseqüência do resultado que as nações amigas vizinhas tiverem no seu esforço para vencer seus graves conflitos internos.
Todavia, fica muito claro que qualquer perspectiva otimista, a curto prazo, é absolutamente irreal. A atual intensidade da presença da narcoguerrilha na Colômbia, no Peru e na Bolívia é de tal ordem que não nos é permitido visualizar um "final feliz", nem a médio prazo, apesar dos extraordinários esforços que vêm sendo desenvolvidos por estes respectivos governos.
Assim, a perspectiva de combater "forças adversas" provenientes da narcoguerrilha alienígena, em algumas regiões do arco fronteiriço amazônico, num contexto de Defesa Externa, permanece presente, a curto e a médio prazos.
Por outro lado, ao se focalizar possíveis ameaças à garantia dos poderes constitu cionais e à manutenção da lei e da ordem, numa visualização a curto e a médio prazos, não se pode deixar de acompanhar com extrema atenção o desenvolvimento das questões fundiárias que, em inúmeras regiões da Amazônia, podem levar a exacerbações que desencadeiem conflitos provocados por reivindicações não atendidas dos chamados "Movimentos dos SemTerra". Estes conflitos, que poderão ter ou não conotação ideológica, podem exigir o emprego de força federal, ainda que eventualmente, no combate contra "forças adversas", num contexto de Defesa Interna. A própria região do "Bico do Papagaio" continua sendo potencialmente explosiva para o desencadeamento de conflitos dessa natureza. Para prevenir a sua eclosão, muito mais que a presença da expressão militar, o que se faz necessário é uma eficiente ação governamental, coordenada a nível federal, estadual e municipal. Todavia, para fazer face, no futuro, a situações dessa natureza, os comandos militares de todos os níveis mantêm permanentemente atualizados os seus planejamentos de Segurança Integrada.
Mas, ao se efetuar qualquer análise prospectiva envolvendo aos questões de segurança da Amazônia Brasileira, há que se considerar significativamente a atual conjuntura internacional e as demandas produzidas pelo que se tem denominado de "Nova Ordem Mundial". Neste novo sistema internacional, onde os Estados Unidos da América se apresentam como a única superpotência econômica e militar, novos focos de tensão e atrito passaram a eclodir, todos com relação direta a aspectos étnicos, religiosos e de identidade nacional.
Nesse novo contexto, as questões ambientais têm se revestido de especial importância. E sob a égide de um manto ecológicopreservacionista, os organismos de comunicação social internacionais têm construído e divulgado uma imagem extremamente negativa a respeito da Amazônia Brasileira. Nesse contexto de idéias, o mundo passou a assistir a pronunciamentos como o do Presidente Miterrand que, na defesa do que entende ser uma causa de fundamental importância para a humanidade, advoga a formação de organismos supranacionais para policiar os governos das nações dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento sobre as questões ambientais. É a apresentação explícita do princípio do devoir d'ingerence.
Não se constitui em escopo deste trabalho a discussão sobre a validade, a adequabili dade, a oportunidade e a legitimidade da avaliação desta que pode vir a se constituir, no futuro, na maior das ameaças externas aos interesses vitais do Brasil na Amazônia. Até porque, o EME, órgão responsável pela formulação das políticas e concepções políticoestratégicas, já definiu em diretriz estratégica específica que, para fazer face a ameaça dessa natureza, que envolve a possibilidade da ocorrência de um conflito contra uma força militar multinacional extracontinental dotada de um superior poder de combate, há que se empregar, ao nível da Estratégia Operacional, a Estratégia da Lassidão ou da Usura. Esta, por definição, "desenvolvese através de um conflito prolongado, de caráter total, tendo na maioria das vezes, fraca intensidade, normalmente à base da guerrilha, e busca obter a decisão pelo desgaste moral e o cansaço material. Nesta forma de atuar é fundamental saber durar".
A adoção da Estratégia da Lassidão no nível Operacional pressupõe a adoção da Guerra Irregular como principal forma de conduta de uma guerra convencional, na qual fica evidente o desequilíbrio de poder de combate entre as nossas forças e as dos possíveis oponentes. Implica na impossibilidade de fazer face ao invasor por meios convencionais de atuação em força, quer ofensiva, quer defensivamente, devido à inferioridade de recursos materiais e à grande disparidade na área científicotecnológica.
Seu grande objetivo será demonstrar ao invasor que o preço a pagar para manter o domínio sobre determinada região não compensa os benefícios decorrentes. Há que se ressaltar que o Exército Brasileiro é o único da América Latina a possuir o mesmo conceito doutrinário de emprego das Forças Especiais que o Exército dos EUA. Este conceito preconiza, basicamente, que os Destacamentos de Forças Especiais estabelecerão Áreas Operacionais de Guerra Irregular (AOGI). A diferença entre as concepções norte-americana e brasileira está no fato de que as Special Forces têm previsão de emprego fora de seu território operando com populações estrangeiras no contexto de um Movimento Revolucionário Patrocinado. Por outro lado, os nossos operadores de Forças Especiais estabelecerão AOGI no contexto de um Movimento de Resistência, trabalhando com comunidades brasileiras, quando da ameaça ou da ocorrência de uma invasão do nosso território.
As ações da Lassidão se desenvolvem em dois planos, simultaneamente: o plano material das forças militares e o plano moral da ação psicológica.
No plano material das forças militares, há que se enfatizar que, apesar de o combate a ser conduzido estar fundamentado no in tenso emprego das ações típicas de guerrilha, não se pretende transformar a força regular numa força de guerrilha. Para que forças regulares sejam eficazes empregando as técnicas da guerra de guerrilhas não se faz necessário que elas se convertam em forças de guerrilha. Isto seria um retrocesso inconcebível e preju dicial para o desenvolvimento da campanha.
No plano moral da ação psicológica, há que se distinguir o trabalho a ser desenvolvido sobre os diversos atores em presença. O objetivo será dar aos nossos combatentes e à nossa população o devido suporte moral, que lhes permita conduzir uma campanha de longa duração. Quanto ao invasor, há que se tendar desgastálo psicologicamente, pro curando leválo a ceder pelo cansaço.
Há que se ter sempre em mente que o objetivo político a ser atingido, e a campanha não deve ser concluída antes disso, é restabelecer a Soberania e a Integridade do Patrimônio Nacional. E há que se desenvolver uma conscientização nacional de que tal objetivo só será atingido com a retirada de todos os efetivos estrangeiros do território brasileiro.
Para que se possa efetuar um planejamento adequado, oportuno e coerente, também se faz necessária a correta identificação dos centros de gravidade em presença. Tornase muito claro que o centro de gravidade do invasor é a vontade nacional que lhe dá respaldo. No momento em que, fruto do desgaste que venha ser infligido ao invasor, fique caracterizado que o rendimento custo benefício não é compensador, ocorrerá o enfraquecimento da vontade nacional, e este será o fator prepon derante para a retirada das forças militares estrangeiras do território nacional.
Por outro lado, não podemos ignorar que os vazios demográficos, o desconhecimento da área, a existência de fronteiras não vivificadas, o posicionamento marginal em relação aos sistemas de circulação, enfim, a deficiência de integração de inúmeras regiões da Amazônia aos centros de poder nacionais podem criar condições potenciais de risco de fragmentação, com conseqüente perda do patrimônio nacional.
Não se pode esquecer também que a adoção da Lassidão pressupõe sacrifícios, que serão impostos a toda a Nação, que ficará exposta ao poder do adversário que, certamente, tentará quebrar a vontade nacional, principal insumo para a implementação dessa estratégia. E este é verdadeiramente o ponto focal a ser desenvolvido: estabelecer e consolidar a vontade nacional, desde já, em torno da defesa dos interesses vitais do Brasil na Amazônia.
Conclusão
Os vestígios e as ruínas de inúmeras fortalezas e os preservados fortes artilhados com velhos canhões de bronze são testemunhas de mais de 350 anos de lutas travadas pelos nossos antepassados para conquistar e manter a Amazônia Brasileira. E o emprego das técnicas da guerra de guerrilhas tem sido uma constante nessas lutas.
O ambiente de selva, a extensão territorial, a imensa faixa de fronteira, a rarefação demográfica, a deficiência de transportes e a precariedade de comunicações, todos fatores característicos daquela que, hoje, é a Área Estratégica de maior prioridade no território brasileiro, têm contribuído para que esta singular forma de combater encontre naquele ambiente operacional magníficas condições de condução.
Ao longo dos anos, tornouse muito claro que o vetor principal do desenvolvimento da Amazônia tem sido a ação pioneira e desbravadora das Forças Armadas, as quais, sem medir esforços e sacrifícios, sempre se fizeram presentes. E é, sobretudo, nos seus mais remotos rincões que o Exército influencia de modo decisivo a formação e a consolidação da nacionalidade das populações. E esta grandiosa missão de fortalecer a brasilidade nos corações e mentes de cada cidadão, além de ter que manter incólumes milhares de quilômetros de fronteiras, não é realizada sem sacrifícios, exigindo profissionais integralmente compromissados com a real dimensão do que significa ser soldado na Amazônia.
Mas a defesa dos interesses vitais do Brasil naquela área não é obra exclusiva dos soldados da Amazônia. É uma responsabili dade de todos os brasileiros, militares e civis, inclusive de outras regiões. E quando for o caso, todos, irmanados, se necessário empregando a guerra de guerrilhas, irão defendêla, como o fizeram no passado, e o estão fazendo no presente.
E nada poderá refletir melhor esta determinação na consecução das missões de segurança e integração da Amazônia do que a frase do antigo chefe, Gen Rodrigo Otávio: "Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia, muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados em conquistála e mantêla!"


Fonte:defesanet.com.br

TOA - GUERRILHA NA AMAZÔNIA: A Experiência dos Anos 70 Parte 2

GUERRILHA NA AMAZÔNIA:
UMA EXPERIÊNCIA NO PASSADO,
O PRESENTE E O FUTURO
(matéria em três partes)
Publicado em DefesaNet originalmente em Novembro de 2005


Cel Alvaro de Souza Pinheiro (*),
do Exército Brasileiro
DefesaNet
Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro
DefesaNet
Nota: O Série de artigos "Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro", foi produzida como uma posição do Exército Brasileiro referente à Amazônia, nos anos 90.
O seu autor, na época Coronel de infantaria, atuava como oficial de ligação do Exécito Brasileiro junto ao Centro de Armas Combinadas e à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército dos EUA, apresenta uma visão abrangente e relata com detalhes dois pontos importantes a Guerrilha do Araguaia (Parte 2) e a Ação do Rio Traíra (Parte 3).
Hoje, no posto de General de Brigada (reserva) escreve sobre assuntos militares com vários artigos publicados em DefesaNet
Artigo publicado originalmente na:
Military Review 1º Trim 95 Ed Português
Military Review t - Oct 95 Edição Español
Military Review March-April 96 English Edition
Aviable on pdf 2MB pdf Link
2 - A Experiência dos Anos 70 A Guerrilha do Araguaia
Ensolarada manhã amazônica em novembro de 1970. Uma aeronave Albatrós SA16, da Força Aérea Brasileira, entra na final para o lançamento de pára-quedistas sobre o rio Tocantins, em frente à localidade de Marabá, Estado do Pará. A 7 000 pés(2.300m) de altura, doze homens do então Destacamento de Forças Especiais da Brigada Aeroterrestre se lançam ao espaço num arrojado salto livre operacional, considerando-se as reduzidas dimensões da área de salto, um pequeno banco de areia no meio do rio. Após um retardo de 30 segundos, abrem seus pára-quedas e o líder da equipe libera de seu equipamento uma bandeira do Brasil. A equipe aterra, rapidamente se reorganiza, e em passo acelerado conduz a bandeira até uma embarcação da Marinha, onde um tenente fuzileiro naval a recebe dos pára-quedistas. O navio-patrulha fluvial se desloca da ilha para o porto da cidade. Lá, o fuzileiro, sempre de forma solene, desembarca e passa a bandeira a um tenente de um dos Batalhões de Infantaria de Selva do Comando Militar da Amazônia (CMA). Devidamente escoltado por uma guarda de honra, o infante de selva se dirige à principal praça da cidade onde passa a bandeira a um estudante de uma escola pública que, ao som do Hino Nacional, procede ao hasteamento do Pavilhão Nacional.

Esta solenidade de grande significado cívico, assistida por milhares de habitantes daquela progressista cidade paraense, materializou o término daquela que foi a primeira grande operação militar realizada pelas forças armadas brasileiras na Amazônia, a Operação Carajás 70.

Empregando efetivos das três forças singulares, e contando com a participação de várias unidades não sediadas na Amazônia, a Operação Carajás 70 vivenciou um quadro de contra-guerrilha em ambiente de selva, e se constituiu num excelente adestramento conjunto. Todavia, mais do que atingir um objetivo de adestramento, aquela manobra teve como principal finalidade uma ação de presença e de dissuasão, tendo em vista que, àquela época, os indícios da presença de um foco de guerrilha rural na região conhecida como "Bico do Papagaio" (fronteira entre os Estados do Maranhão, do Pará e de Goiás) tornavam-se cada vez mais intensos.

Realmente, cerca de um ano e meio depois, em abril de 1972, os órgãos de informações confirmavam a existência desse foco na região das localidades de Marabá/PA e Xambioá/GO (atualmente estado de Tocantins). O então ilegal Partido Comunista do Brasil (PC do B), de orientação maoísta, ali instalara uma área de treinamento visando o posterior desenvolvimento de uma zona liberada.

A Força de Guerrilha do Araguaia (FOGUERA), como se auto-intitulou o movimento revolucionário, foi patrocinada por grande soma de recursos proporcionados pelo Movimento Comunista Internacional, a maioria dos quais provenientes da Albânia. O comprometimento do Partido Comunista da Albânia com a FOGUERA era de tal ordem que todos os dias, às 21:00 h, hora local de Xambioá, um programa com uma hora de duração, em língua portuguesa, ia ao ar pelas ondas curtas da Rádio de Tirana. Tratava-se de uma programação especificamente dirigida ao movimento do Araguaia, e os fatos mais recentes ocorridos na área eram transmitidos sempre dando uma conotação heróica à atuação da guerrilha. Havia uma rede rádio de longo alcance integrando a força de guerrilha, uma estação intermediária e Tirana. Desmantelar esta conexão rádio foi um dos primeiros desafios superados com sucesso pelos órgãos de informações e segurança.

A área selecionada pelo PC do B mostrava-se extremamente adequada para a ação subversiva. Tratava-se de uma região onde as condições de vida da população eram bastante precárias. A ação dos governos estadual e municipal pouco se fazia presente. A rede hospitalar e o estado sanitário eram altamente deficientes. A malária e a leishmaniose eram endêmicas e grande parte da população era anêmica e infestada de verminose. Não havia água tratada e muito menos rede de esgotos nas localidades. A base econômica da região era o extrativismo vegetal, sendo a coleta da castanha, no inverno, e o corte da madeira, no verão, as principais atividades. A agricultura era basicamente de subsistência com roças de milho, mandioca e arroz. A qualidade de vida da população era realmente muito baixa.

Por outro lado, a posição da área próxima a importantes eixos rodoviários era extrema mente favorável porque a região recebia um considerável número de novos colonos e isto permitia o ingresso de reforços sigilosamente. No campo militar, a escolha do local foi muito inteligente, porque a região englobava território de dois Comandos Militares de Área, o da Amazônia e o do Planalto. E tal fato ao início das operações provocou problemas de coordenação e controle, constituindo-se em vantagem para a força de guerrilha.

Em maio de 1972, quando efetivamente se iniciaram as operações militares, a FOGUERA contava com um efetivo aproximado de 80 guerrilheiros, dos quais cerca de 15 eram mulheres. O movimento era organizado em um Birô Político, uma Comissão Militar e três Destacamentos, cada um com três Grupos de 8 a 10 guerrilheiros.

O Birô Político era o órgão de cúpula do PC do B, àquela época dissidente do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que seguia a orientação soviética, enquanto o PC do B seguia a linha chinesa. Adotando os princípios preconizados por Mao Tse Tung, o PC do B idealizava a eclosão de um movimento de guerrilha em área rural que, após o recebimento do devido apoio da população rural, seria estendido aos centros urbanos. Os componentes do Birô Político raramente estavam na área, mas orientavam e acompanhavam cerradamente tudo o que se passava. Todas as decisões da Comissão Militar ficavam subordinadas à aprovação do Birô Político.

A Comissão Militar se constituía no comando da FOGUERA. Suas atribuições eram planejar, coordenar e conduzir as ações da força de guerrilha. Esta liderança, bem como os demais elementos em função de comando nos Destacamentos e Grupos, era na sua quase totalidade constituída por quadros com cursos de guerrilha no exterior, notadamente em Pequim, Tirana e Havana.

Subordinados à Comissão Militar estavam os três Destacamentos, verdadeiros elementos de manobra da FOGUERA: o de Faveiro, mais ao Norte, com área de atuação próxima à rodovia Transamazônica; o da Gameleira, ao centro; e o de Caiano, mais ao Sul. Estes Destacamentos operavam de forma compartimentada, não tomando conheci mento das ações planejadas e conduzidas pelos demais, por questões de segurança. O sub-comandante do Destacamento exercia as funções de Comissário Político, empenhando-se no trabalho de elevação do nível político e da conscientização ideológica. O sistema de comando e controle da Comissão Militar sobre os Destacamentos era baseado na "cobertura de pontos", com local, data e hora predeterminados, e estabelecidos de modo absolutamente compartimentado, de modo a assegurar a manutenção do sigilo. Este sistema fazia do guerrilheiro preso vivo a mais eficiente fonte de informações para a ação repressiva.

Subordinados aos Destacamentos estavam os Grupos de Fogo, num total de nove e que se constituíam nas frações elementares básicas da força de guerrilha. Sua autonomia era extremamente restrita e operavam sob rígido controle dos Comandantes de Destacamento.

Na sua grande maioria, os elementos pertencentes à FOGUERA foram recrutados pelo PC do B junto aos meios universitários dos grandes centros urbanos de Fortaleza/CE, Salvador/BA, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/ SP. Uma boa parte já estava vivendo na clandestinidade e comprometida com ações de terrorismo urbano.

O treinamento da guerrilha era efetuado procurando-se atingir basicamente dois objetivos, um de caráter prático e ou outro, teórico. A parte prática era dirigida à preparação do combatente individual e das frações elementares para o combate em ambiente de selva. Destacavam-se as instruções de orientação, emboscadas, e explosivos e destruições com material improvisado. A parte teórica tinha como objetivo específico o fortalecimento da conscientização ideológica dos integrantes da FOGUERA. E há que se reconhecer que, de uma maneira geral, o moral e a crença na causa eram elevados. Além do treinamento militar, os grupos eram também empenhados no "trabalho produtivo", sobretudo na roça, tendo como finalidade maior o seu auto-ressuprimento.

Junto à população rural local, os guerrilheiros desenvolviam uma ação psicológica denominada "trabalho de massa", com o objetivo de obter o seu apoio. O resultado desse trabalho frutificou em algumas áreas com a organização de uma força de sustentação. Mas em nenhum momento, a FOGUERA conseguiu recrutar elementos da população local que estivessem dispostos a combater, integrando efetiva mente a força de guerrilha.

Na verdade, a FOGUERA era uma força de guerrilha em estágio inicial, ainda incipiente. Seu armamento se resumia a armas curtas, armas de caça e alguns fuzis obtidos de ações isoladas contra postos da Polícia Militar do Pará. Um dos mais graves equívocos cometidos pelas forças federais foi iniciar as operações desencadeando ações que são normalmente efetuadas contra forças de guerrilha já nos seus estágios finais de organização e construção, quando já prontas para seu emprego em combate

A ação de repressão da força legal pode ser dividida em três fases, quais sejam: a 1ª fase, de abril a outubro de 1972; a 2ª fase, de abril a agosto de 1973; e a 3ª fase, de setembro de 1973 a março de 1975

A primeira fase foi caracterizada pelo emprego em massa de tropa. Em agosto de 1972, o efetivo chegou a ser de 1 500 homens. Fundamentalmente, foram instaladas duas bases de combate de valor batalhão, uma em Marabá e a outra em Xambioá. E no interior da área de operações foram instaladas seis bases de combate de valor companhia.

Nesta fase verificou-se a ocorrência de uma série de equívocos dentre os quais destacam-se:

Concepção equivocada nos níveis operacional e tático. O planejamento e a condução das operações inicialmente desencadeadas no "Bico do Papagaio" partiram do pressuposto que as ações de contra-guerrilha a serem executadas seriam aquelas que normalmente são desencadeadas contra forças já no estágio de Exército de Libertação Nacional, to tipo "martelo-bigorna", "pistão-cilindro", etc. Uma das primeiras operações efetuadas na área foi uma ação de vasculhamento na única serra existente na região, a serra das Andorinhas, que se caracterizava por não ter cobertura vegetal. Após ser bombardeada com napalm pela Força Aérea, a serra foi objeto de uma vigorosa ação de cerco e busca efetuada por um grande efetivo. E o resultado foi nulo porque os guerrilheiros nunca lá estiveram. Por outro lado, no terreno de selva, as patrulhas se deslocavam com um efetivo de pelotão, 35 a 40 homens, pelas trilhas, enquanto os grupos da guerrilha se deslocavam através selva, com um efetivo de 5 a no máximo 10 elementos. Dessa forma as ações iniciais se mostraram extremamente ineficazes.

Falta de unidade de comando. Provocada, sobretudo, pelo fato de que a base de combate de Marabá estava sob o controle do Comando Militar da Amazônia, enquanto a de Xambioá estava sob o do Comando Militar do Planalto (CMP). Uma simples solicitação de evacuação aeromédica provocava um complexo problema de coordenação.

Informações deficientes sobre o terreno e o inimigo. Não havia cartas nem fotos aéreas da região de operações em escala compatível. O desconhecimento do terreno era enorme. As patrulhas se deslocavam somente pelas trilhas, enquanto os guerrilheiros, profundos conhecedores do terreno, sempre através selva. Não se conhecia o dispositivo e a composição da FOGUERA. As informações sobre o valor eram extremamente difusas. Com relação às atividades recentes e atuais, e peculiaridades e deficiências, praticamente nada.

Grande diversidade de unidades empregadas e deficiências no adestramento. Unidades de diferentes pontos do território nacional foram empregadas nesta fase. Algumas delas com graves deficiências no adestramento em operações de contra guerrilha em ambiente de selva. Muitas delas com efetivos constituídos por soldados recrutas que, além da imaturidade psicológica, não tinham ainda completado nem a metade do ano de instrução. Inúmeras baixas ocorreram pela execução de disparos acidentais e por disparos equivocadamente realizados quando do encontro inadvertido entre patrulhas na selva.

Falta de continuidade nas operações. Diferentemente da força de guerrilha que já estava na área há algum tempo e lá permanecia, a tropa era empregada por períodos predeterminados, não mais de 20 dias, findos os quais retornava à sua sede, sem ser substituída. Esta descontinuidade trazia enormes prejuízos para as operações e graves reflexos negativos sobre a população.

Apesar de todas estas deficiências, há que se ressaltar dois aspectos positivos na 1ª fase. O primeiro é que foi possível fazer da ordem de 15 baixas na força de guerrilha. E o segundo é que houve uma conscientização geral em todos os escalões de comando sobre a gravidade da situação no "Bico do Papagaio".

Em outubro de 1972, foi decidido em Brasília, pelo mais alto escalão da Força Terrestre, interromper as operações.

A 2ª fase foi planejada levando-se em consideração todos os ensinamentos colhidos na 1ª fase. E assim foi determinado que seria necessário o desencadeamento de uma operação de inteligência visando o levantamento detalhado da FOGUERA, do terreno, e da população local. Esta operação de inteligência, que foi denominada "Operação Sucuri", foi planejada nos seus mínimos detalhes e cuidadosamente desencadeada. E os seus resultados foram excepcionais, tendo sido possível atingir plenamente todos os objetivos.

E fruto das informações obtidas na "Operação Sucuri" ficou muito claro para o escalão superior que o problema não poderia ter apenas uma solução militar. Haveria necessidade de se integrar a ação de diversos órgãos governamentais civis de nível federal e estadual, para que se efetuasse a eliminação completa do foco subversivo.

A 3ª fase, que se denominou "Operação Marajoara", foi desencadeada imediatamente após a conclusão dos levantamentos efetuados na "Operação Sucuri". A unidade de comando ficou perfeitamente definida, cabendo ao CMA o exercício pleno do comando e controle, inclusive das diversas agências governamentais federais e estaduais civis envolvidas.

Foram selecionados efetivos profissionais das mais bem adestradas unidades de infantaria de selva e dos batalhões de infantaria pára-quedista. Um rigoroso programa de adestramento foi conduzido tanto nas sedes quanto na área, enfatizando-se, sobretudo, o exercício da liderança nos diversos escalões.

Três bases de combate foram instaladas, uma em Marabá, onde se encontrava o principal posto de comando da operação; uma em Xambioá, e outra em Bacaba, às margens da rodovia Transamazônica. Foi estabelecido um eficiente e seguro sistema de comunicações que permitiu o funciona mento do sistema de comando e controle em muito boas condições. Da mesma forma, foi estabelecido um eficiente sistema de apoio logístico que levou em consideração as características altamente especiais da missão e do ambiente operacional.

Todo o efetivo envolvido, inclusive o pessoal da Força Aérea, passou a operar descaracterizado, em trajes civis. Como "estória de cobertura", a tropa atuava como se fossem elementos pertencentes aos quadros da Política Federal. Esta decisão foi tomada, principalmente, a fim de negar o reconhecimento de que efetivos das forças armadas estavam sendo empregados num problema de defesa interna dessa natureza.

As patrulhas passaram a operar com o efetivo de 5 a 10 homens, compatível com o poder de combate do inimigo interno em presença. E também passaram a contar com o considerável reforço de habitantes locais selecionados que atuavam como "guias" e/ou rastreadores". Há que se ressaltar que a atuação destes elementos foi decisiva para a obtenção do pleno êxito na operação.
Mais uma vez se ratificava o ensinamento de que "guerrilha se combate com guerrilha".Nesse contexto, cabe ressaltar o importante papel desempenhado pelos elementos da então Companhia de Forças Especiais, os especialistas em guerra irregular, que estiveram permanentemente envolvidos no combate à FOGUERA, desde o desencadeamento das operações de informações, ainda na "Operação Carajás 70". Nesta fase, estes elementos atuaram como multiplicadores de força, adestrando as unidades engajadas e preparando as forças de autodefesa das comunidades locais, desencadeando operações de informações e operações psicológicas junto à população local, e sendo empregados em missões selecionadas de ação direta contra o inimigo interno.
Outro papel preponderante a ser ressaltado na consecução dos objetivos finais foi o desempenhado pelos elementos da Força Aérea, particularmente pelos esquadrões de helicópteros. Cumprindo missões de infiltração, exfiltração, ressuprimento e evacuação aeromédica, estes elementos foram fator primordial para o êxito alcançado.
Assim, cerca de três anos após o início da ação repressiva, e tendo-se colhido uma grande quantidade de importantes ensinamentos para todos os escalões, eliminava-se aquele que foi o mais perigoso foco de guerrilha rural no Território Nacional.

Fonte:defesanet.com.br