ROBERTO SIMON
A China está trocando sua condição histórica de grande importadora de armas por um lugar de destaque no ranking dos maiores fornecedores de armamento do mundo. A mudança estratégica ficou evidente em uma pesquisa divulgada ontem pelo Stockholm Institute for International Peace (Sipri), da Suécia, com dados do comércio global de armas no quinquênio de 2007-2011.
Apesar da crise financeira na Europa e nos EUA, o mercado bélico no mundo cresceu 24% nesses cinco anos, revela ainda o levantamento. A Ásia puxou o crescimento, importando 44% do armamento global.
Pequim impressiona por um movimento duplo. Na lista de maiores compradores, cedeu a liderança à Índia e passou a ocupar o quarto lugar, atrás de Coreia do Sul e Paquistão. Ao mesmo tempo, subiu rapidamente no ranking de grandes exportadores e agora ameaça roubar o quinto lugar da Grã-Bretanha.
Paul Holtom, um dos coordenadores da pesquisa, afirma que os chineses encontraram um atalho especial para avançar na lista dos grandes exportadores: a sede do Paquistão por armas. "Embora Pequim tenha vários clientes, a emergência de Islamabad como um grande importador de armamento chinês fez uma tremenda diferença", disse Holtom ao Estado. "A China também passou a ameaçar mercados antes cativos da Rússia na África e América Latina", completa.
A ascensão chinesa no mercado bélico, portanto, seria uma tendência estrutural e não um ponto fora da curva. "Era algo que já estávamos esperando." Os EUA continuam como o maior exportador de armas do mundo - 30% do total. A Rússia vem depois, com 24%.
Clientes. A pesquisa do Sipri chama ainda atenção para alguns casos especiais. A Síria, por exemplo, multiplicou por seis a importação de armas nos últimos cinco anos. Desse arsenal, 78% veio da Rússia.
A Venezuela ampliou suas compras em 550% no mesmo período. Holtom afirma que, além da busca de Caracas por um novo patamar estratégico, o governo venezuelano teve de contornar a falta de manutenção e suprimentos antes vindos dos EUA. "A Rússia aproveitou-se e concedeu linhas de crédito generosas a Caracas."
O Brasil caiu duas posições e tornou-se o 32.º importador de armamento em 2007-2011. Holtom, porém, afirma que a provável compra de novos caças, além de submarinos Scorpène, deverá fazer o País saltar várias posições no próximo levantamento.
Fonte: Estadão
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