Os Estados Unidos não alterarão sua estratégia no Afeganistão apesar dos incidentes das últimas semanas, agravados pelo massacre realizado neste domingo, quando um soldado americano matou 16 civis afegãos, assegurou nesta segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
"O objetivo dos Estados Unidos é eliminar Al Qaeda e estabilizar a situação no Afeganistão para que os terroristas não possam continuar em seu território. E seguiremos trabalhando nisso", insistiu o porta-voz.
Carney, no entanto, disse que os últimos episódios ocorridos no Afeganistão foram "trágicos e terríveis" e que eles serão discutidos na cúpula da Otan em Chicago, que será realizada em maio.
O representante lembrou que as políticas do presidente americano, Barack Obama, sobre o Afeganistão "sempre foram muito cuidadosas" e continuam destinadas a conseguir que as autoridades afegãs possam garantir a segurança do país.
"Os terroristas atacaram os Estados Unidos em 11 de setembro e essa luta continua. O presidente está totalmente comprometido para garantir que a Al Qaeda não volte a ser uma ameaça para o país nem para seus cidadãos. Mas também está comprometido com o processo de reconciliação afegão", especificou o porta-voz.
Reuters | ||
Soldados americanos supervisionam militantes talebans no Afeganistão |
NÃO IDENTIFICADO
O Pentágono anunciou nesta segunda-feira que não identificará o soldado americano responsável pela morte de 16 civis afegãos, no último domingo, antes que seja imputado pelos crimes.
Oficiais americanos descreveram o militar como casado com filhos e que serviu três vezes durante a ofensiva dos Estados Unidos no Iraque. De acordo com as autoridades, ele teria se entregado após os disparos.
O anonimato dos militares responsáveis por crimes antes do início das acusações é comum entre as forças americanas. Os oficiais também não afirmaram se o soldado será enviado de volta aos país.
Mais cedo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse estar chocada e entristecida pela morte dos 16 civis afegãos.
"Isso não é o que somos e os Estados Unidos estão comprometidos para que os responsáveis recebam as penas correspondentes".
ATIRADOR
Na madrugada de sábado para domingo, um soldado americano deixou sua base e matou 16 civis afegãos, incluindo crianças e idosos, na província de Candahar, reduto taleban do sul do Afeganistão.
O episódio é catastrófico para a Otan e para suas tropas, que já foram vítimas do "fogo amigo" de soldados afegãos formados por elas, o que comprometeu a confiança entre os dois campos.
A situação, que é já extremamente tensa, pode se agravar, com represálias ainda maiores.
Seis militares americanos foram mortos por seus colegas afegãos entre 23 fevereiro e 1º de março, após a queima de exemplares do Alcorão na base militar americana de Bagram e violentas manifestações contra os Estados Unidos foram registradas, deixando 30 mortos e 200 feridos.
Fonte: Folha.com
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