A Argentina pediu nesta quarta-feira que a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se some à União Europeia (UE) para analisar o conflito sobre a soberania das Ilhas Malvinas, depois que Londres recorreu à mediação de Bruxelas pelo boicote comercial proposto pelo governo de Cristina Kirchner.
Os argentinos "propõem que a UE junto com a Unasul analisem a questão e convidem as partes a reiniciar as negociações convocadas, em numerosas oportunidades, pela Assembleia Geral das Nações Unidas", assinalou um comunicado da chancelaria argentina.
Negociações convocadas pela ONU e que "a Grã-Bretanha ignora, mostrando o desprezo pelo principal órgão para a resolução pacífica dos conflitos entre nações, pondo em risco as instituições da governança multilateral", acrescentou o texto.
O Governo argentino respondeu assim à decisão do Reino Unido de convocar o encarregado de negócios do país sul-americano em Londres, Osvaldo Mársico, e pedir a mediação da UE após a proposta de boicote comercial a produtos britânicos.
A Argentina "se compraz" pelo fato de o Reino Unido "haver, finalmente, recorrido a um fórum para buscar uma solução diplomática à questão das Malvinas", frisou a chancelaria.
Sua decisão, acrescentou, permitirá à UE "comprovar as violações de resoluções das Nações Unidas por parte da Grã-Bretanha devido à exploração de recursos naturais em áreas em disputa de soberania".
UNIÃO EUROPEIA
A União Europeia anunciou nesta quarta-feira que iniciará "procedimentos diplomáticos adequados" em relação à Argentina pelas tentativas de bloqueio comercial com o Reino Unido em meio à tensão entre Londres e Buenos Aires sobre as ilhas Malvinas.
Em entrevista à agência de notícias France Presse, o porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, John Clancy, afirmou que a intenção é "esclarecer as preocupações comerciais legítimas" de ambos países.
"Deixamos claro que estas ações contra atividades comerciais legítimas eram um assunto de preocupação não só para o Reino Undo, mas para toda a União Europeia".
Mais cedo, o Reino Unido pediu ao bloco que se manifestasse sobre a tentativa argentina de bloquear o comércio bilateral, após reunião na terça (28) em que a ministra da Indústria do país sul-americano, Débora Giorgi, pediu a empresas argentinas que substituam a importação de produtos britânicos.
Londres também convocou o encarregado comercial britânico na Argentina para apresentar um informe "urgente" sobre os últimos movimentos do governo de Cristina Kirchner.
O ministério de Relações Exteriores britânico chamou ainda o embaixador argentino no Reino Unido, Osvaldo Mársico, para pedir explicações sobre as tentativas de bloqueios e a proibição de entrada de dois navios de cruzeiros com bandeiras britânicas na cidade de Ushuaia, na segunda (27).
CONFRONTO
Nesta quarta, o Reino Unido acusou a Argentina de recorrer à "política do confronto" com relação às ilhas Malvinas.
Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou nesta quarta "contraproducente" a medida adotada pelo governo de Cristina Kirchner, que propôs a cerca de 20 empresas que importam produtos do Reino Unido que os substituam por artigos de outra procedência.
O porta-voz de Cameron afirmou que "é muito triste que a Argentina continue com sua política de confronto, em vez de cooperação" e considerou que essa postura é "uma má interpretação da determinação britânica sobre este assunto".
"O Reino Unido é também um dos principais investidores da Argentina e nós importamos produtos argentinos. Não é favorável aos interesses econômicos do país estabelecer barreiras desse tipo".
A decisão argentina coincide com um aumento da tensão entre os dois países pela presença do príncipe William nas ilhas e o envio de uma embarcação de guerra do Reino Unido ao Atlântico Sul.
A tensão entre as duas nações acontece às vésperas do 30º aniversário da guerra travada entre ambos os países pela soberania das ilhas, que deixou cerca de 900 mortos.
Fonte: Folha.com
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