O secretário de Defesa americano, Leon Panetta, afirmou nesta segunda-feira que o responsável por matar 16 soldados no Afeganistão, no último sábado, poderá ser punido com a pena de morte. Oficiais americanos afirmam que o ataque foi ação de um soldado "não autorizado".
"Meu entendimento é que nessas ocasiões isso pode ser considerado", disse Panetta, após declarar que o caso seria julgado pela Justiça militar americana.
Em entrevista no Quirguistão, Panetta classificou a ação como um "fato isolado" e que não alterará os planos para a retirada gradual das tropas dos Estados Unidos, que deverá ser concluída em 2014.
"A guerra é um inferno. Esse tipo de incidentes sempre acontecerão, sempre acontecem em qualquer guerra", afirmou o secretário.
Sobre o soldado suspeito de ter feito os ataques, ele afirmou que o militar teria saído do quartel, atirado nas famílias e, após voltar à base operacional, se entregou aos colegas. Questionado sobre uma possível confissão, Panetta não deu certeza, mas disse suspeitar que o soldado tenha feito isso.
Scott Olson/Associated Press | ||
Secretário de Defesa americano, Leon Panetta, em entrevista no Quirguistão, nesta segunda-feira |
OBAMA
Mais cedo, o presidente Barack Obama, negou que o ataque de um militar americano no Afeganistão no último domingo, em que 16 civis morreram, seja um ato comparável ao massacre de My Lai, na guerra do Vietnã, em 1968.
"Não tem comparação. Parece que esse ataque foi de um único homem que agiu por conta própria. Isso não representa de nenhuma maneira os enormes sacrifícios que nossos homens e mulheres fizeram no Afeganistão", afirmou o presidente.
O ato de soldados americanos foi conhecido como o incidente mais grave registrado na guerra do país asiático, em que mulheres e crianças foram violentados e depois mortos pelos militares no dia 16 de março de 1968. A ação terminou com 504 mortos.
Obama chamou o ataque no Afeganistão de trágico, mas que não muda a estratégia americana no Afeganistão, em que está prevista para 2014 a retirada de todos as tropas dos Estados Unidos.
O presidente declarou que as mortes aumentam a importância de um plano para que seja feita a passagem da segurança para forças afegãs e que a volta dos militares seja feita a tempo.
"Isso é um sinal da importância da transição em coordenação com os planos de que os afegãos comecem a tomar mais iniciativas na segurança", disse o presidente.
DANO CEREBRAL
Um oficial americano consultado pela agência de notícias Reuters nesta segunda-feira afirma que o soldado suspeito de causar a morte de 16 civis na província de Candahar, no sul do Afeganistão, era tratado por um dano cerebral traumático sofrido após um acidente no Iraque em 2010, em que o veículo que estava capotou.
Apesar da denúncia, o oficial, que não teve seu nome revelado, disse que é prematuro afirmar que haja alguma relação entre o dano cerebral e o incidente no Afeganistão.
O militar, de 38 anos, pertencia a brigada Stryker, que conduzia veículos de infantaria leve, criada após o fim da Guerra Fria e sediada no Estado de Washington, no nordeste do país. Ele continua preso em uma base de Candahar.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, o quartel é o mesmo de quatro soldados que foram declarados culpados por matar três civis afegãos durante uma patrulha em 2010, apesar de não pertencerem à mesma brigada que o acusado do incidente de sábado.
Fonte: Folha.com
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