DE SÃO PAULO
Um mito persistente, que dá voltas pela internet e às vezes pousa até na
imprensa, é afirmar que o Brasil já teve uma das maiores indústrias de defesa do
mundo.
Mesmo o Livro Branco de Defesa Nacional diz que a base industrial de defesa
representou, há 30 anos, “importante segmento econômico, com relevante
contribuição para a balança comercial”.
De 1980 a 1992, o Brasil esteve em todos os anos, exceto 1981, entre os 20
maiores exportadores de armas, chegando à sua melhor colocação, o 10º lugar, em
1985. Depois de 1992, o país caiu fora da lista dos 20 maiores e não retornou
desde então.
Pelas tabelas do Sipri, o recorde brasileiro de vendas foi em 1984, de US$
269 milhões, o que colocou o país em 11º entre os exportadores. Naquele mesmo
ano, a então União Soviética vendeu o equivalente a US$ 14 bilhões; os EUA, US$
11 bilhões.
Em 1985, o ano em que o Brasil foi o 10º maior exportador, os números são US$
202 milhões. Até a pequena Áustria vendeu mais armas nesse ano: US$ 330
milhões.
As exportações de armas brasileiras se concentraram na Engesa, fabricante de
blindados como o Urutu e o Cascavel (que deverão ser substituídos no Exército
pelo novo Guarani), na Embraer e, em menor grau, na Avibrás.
A Embraer é hoje a principal exportadora na área militar do país, com
produtos como os aviões de treinamento e ataque leve Tucano e Super Tucano e as
versões de avião-radar do EMB-145.
Com o fim da Guerra Fria, muito material bélico usado pode ser
comprado a preços relativamente baratos. Sem uma política sustentada de compras
pelas Forças Armadas, não há como atrair as indústrias brasileiras para voltar a
produzir armamento.
‘AMEAÇA’
Para Carlos Frederico Aguiar, que preside a Abimde, as ações do governo para
consolidar sua base industrial de defesa são vistas “como ameaça” pelos
principais produtores do mundo, o que mostra que o Brasil “poderá vir a ser um
competidor a mais”.
Aguiar, também presidente da Condor, com sede no Rio, comentou a foto
publicada pela Folha em 23 de julho com um menino sírio segurando bomba de gás
lacrimogêneo da sua empresa lançada pela polícia turca.
“A foto demonstra que a Turquia, diferentemente de países como Líbia e Síria,
vem adotando soluções de uso diferenciado e proporcional da força, conforme
orientação da ONU, de maneira a preservar a vida e os direitos humanos.”
FONTE: Folha de São Paulo
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