terça-feira, 24 de julho de 2012

Terror - Ataques das FARC aterrorizam moradores do sudoeste colombiano



 
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, declarou, após o sangrento fim de semana de 6 de julho, que as Forças Armadas reconquistaram a supremacia em resposta a uma série de atentados mortais orquestrados pelas FARC nos municípios rurais de Toribio, Miranda e Monterredondo, no sudoeste no país.
“A despeito dos covardes ataques terroristas, nossas forças públicas assumiram o total controle e estão protegendo a população”, escreveu Santos em sua conta oficial no Twitter. Mesmo assim, os ataques dos rebeldes da Frente 6 das FARC continuam.
A cidade de Toribio, no departamento de Cauca, no nordeste do país, está localizada em uma região de plantações de café, a cerca de 90 km acima das perigosas estradas montanhosas da metrópole Cali. Em 6 de julho – após 72 horas de bombardeios e tiroteios contínuos entre a polícia e as forças armadas de um lado, e os terroristas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia do outro – a cidade foi declarada oficialmente controlada pelo governo. Mas o embate deixou quatro crianças feridas e milhares de pessoas desalojadas.
A Força Aérea da Colômbia foi chamada para dar suporte a 2.000 tropas do governo em solo, utilizando aviões Super Tucano para bombardear esconderijos estratégicos dos rebeldes marxistas e suas posições no entorno de Toribio.
Bem-vindo ao 'Toribistão'
Os canais de notícia colombianos foram particularmente duros em suas críticas, citando os moradores locais que se referiam à sua cidade como “Toribistão”. Até a revista semanal de notícias Semana relacionou Toribio à Bagdá dos tempos de guerra.
A despeito da ação das Forças Armadas, o prefeito de Toribio, Ezequiel Vitonás, argumenta se a cidade já está novamente a salvo dos guerrilheiros. Ele afirma que, na última década, Toribio foi atacada pelo menos 450 vezes, o que resultou em muitos mortos e feridos. Em julho de 2011, por exemplo, o município foi selvagemente atacado quando um ônibus chiva carregado de explosivos explodiu em frente ao posto policial local, matando vários policiais, ferindo quase 100 e danificando e destruindo cerca de 500 prédios e construções.
Desde fevereiro de 2012, de acordo com o governador de Cauca, Temístocles Ortega, a cidade esteve sob tiroteio 30 vezes – e esses ataques mataram 40 pessoas.
Em um conflito tão comumente confinado a táticas guerrilheiras clandestinas e evasão utilizadas na guerrilha de selva, Toribio e os municípios circunvizinhos surgem como fronteiras de conflito de fato entre as FARC e as forças do governo colombiano.
“A população local cresceu acostumada à guerra. Não é incomum ver casas fortificadas com trincheiras e túneis como uma proteção rudimentar contra as balas e as bombas dos guerrilheiros”, diz o autor britânico Kevin Howlett, um especialista em Colômbia.
Violência não é novidade em Toribio e seus vizinhos
Localizadas entre os campos de coca das FARC e a tradicional via de saída “segura” do seu lucrativo cultivo para o Oceano Pacífico, que passa pelos departamentos de Tolima, Huila, Cauca e Valle de Cauca, Toribio – e muitas outras cidade semelhantes – tem sido bombardeada pela violência há anos.
Porém, Vitonás afirma que o mundo exterior nunca ouviu falar dessa cidade inacessível até o início deste mês, quando jornalistas puderam chegar lá pela primeira vez e divulgar imagens.
A presença da mídia não passou despercebida pelas FARC que, de acordo com Pinzón, “criam seu próprio circo de mídia, atirando a esmo de casas que ocuparam, antes pertencentes a fazendeiros locais, aproveitando-se do fato de que as forças armadas não reagem onde houver risco para civis”.
Reportagens dessa região montanhosa sugerem que entre 300 e 3.000 pessoas das cidades de Toribio, Miranda, Argelia e Corinto foram vistas fazendo as malas e embarcando em qualquer ônibus disponível saindo da cidade.
De acordo com o exército, as FARC usam essas táticas em locais de difícil acesso na região. Ao lançar ataques, os rebeldes pretendem desviar a atenção do governo de sua real prioridade – que é movimentar com segurança seus combatentes de uma região para outra.
O departamento de Cauca e todo o sudoeste da Colômbia permanecem em alerta máximo enquanto as forças armadas enviam várias missões com o propósito de fazer os guerrilheiros recuarem.
Cidade aterrorizada recebe visita presidencial
Em 10 de julho, Santos voou até Toribio, juntamente com Pinzón, para ver de perto a zona de guerra e acalmar os habitantes da região.
A visita apressada do presidente quase resultou em calamidade, pois reportagens dos jornais nacionais El Tiempo e El Espectador dão conta de que explosivos foram depositados no campo de futebol da cidade, perto do local onde o helicóptero presidencial deveria pousar. Esses explosivos foram, então, detonados em segurança e os encontros do presidente ocorreram como planejado – mas os sucessos do governo foram ofuscados pela queda de um avião Super Tucano da força aérea nas montanhas perto de Jambaló, a cerca de 20km de Toribio, causando a morte de seus dois pilotos.
“É muito injusto, Cauca de hoje lembra os colombianos de um tempo em que as FARC controlavam vastas faixas de território deste país”, lamenta Howlett.
Embora os habitantes que permaneceram em Toribio não escutam o som de tiros há dois dias, ainda há relatos de ecos distantes de armas automáticas.
“Esses sons de tiros são as forças do governo expulsando as FARC”, explica o general Sergio Mantilla San Miguel, comandante das Forças Armadas da Colômbia. “O exército está presente, assim como a força aérea e a polícia, e nós estamos aqui pelo povo colombiano.”

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