Em encontro do setor, ministro aponta ‘insegurança’ no mundo e urgência de proteger o patrimônio do País
ROLDÃO ARRUDA
O fim da bipolaridade entre os regimes comunista e
capitalista não fez do planeta um lugar mais estável nem mais seguro, segundo o
ministro da Defesa, Celso Amorim. Na avaliação dele, existe hoje um “forte
sentimento de insegurança no sistema internacional”, causado pelas “ações
unilaterais de grandes potências e alianças militares” e pela incapacidade do
Conselho de Segurança da ONU de controlar esses movimentos.
Diante desse cenário e do aumento dos interesses do Brasil ao redor do mundo,
é mais do que justificável, segundo o ministro, a elevação dos gastos no
aprimoramento do setor de defesa: “A nova estatura internacional do Brasil no
século 21 requer as Forças Armadas continuamente preparadas e modernizadas para
a proteção de nosso patrimônio e de nossos interesses”.
Amorim fez essas afirmações na conferência de abertura do 6.º Encontro
Nacional da Associação Brasileira de Estudos da Defesa, ontem à noite, no
Memorial da América Latina, em São Paulo. Ele disse que não vê riscos imediatos
na América do Sul, onde existe um clima de cooperação, um “cinturão de paz”. Não
se deve desconsiderar, no entanto, ameaças extrarregionais.
“Temos um patrimônio que nos transforma num dos territórios mais ricos do
planeta”, afirmou. “O Brasil deve construir capacidade dissuasória crível, que
torne extremamente custosa a perspectiva de agressão externa ao nosso País.”
Amorim, que foi ministro de Relações Exteriores no governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, ressaltou em diferentes momentos a importância da
diplomacia na solução de conflitos e a necessidade de se articularem as
políticas de defesa e externa. A sua principal ênfase, porém, recaiu sobre o
risco da instabilidade internacional e a necessidade de aprimoramento da defesa.
O encontro, organizado pela Associação Brasileira de Estudos de Defesa, com
apoio da Unesp, prossegue até quinta-feira.
FONTE: Estadão
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