sábado, 28 de janeiro de 2012

Comentário Gelio Fregapani - Cenário político-militar; mundial e nacional

Situação mundial – O cenário político e o econômico

Continua o cenário potencial de conflito no Oriente Médio e seu entorno. O Irã afirma que fechará o estreito de Ormuz se for atacado. Entretanto, a temperatura bélica diminuiu um pouco por conta de certos posicionamentos. A Rússia reforçou as advertências de que não ficará de braços cruzados diante de qualquer agressão militar contra o Irã ou a Síria. Os EUA procuparam um contato (coisa que não faziam) ainda que para dizer que será inaceitável o fechamento do Estreito de Ormuz e conjuntamente com Israel adiaram um exercício conjunto. Entretanto comenta-se que a Rússia estaria articulando, com os países balcânicos, um “acerto de contas” com a Turquia.

Com esses dados podemos fazer a seguinte leitura:

1 -É possível que o Irã tenha meios de fechar, por algum tempo, o estreito de Ormuz e os EUA preferem evitar do que enfrentar
2 – A Rússia talvez faça ameaças apenas para trocá-las” por liberdade de ação nos Balcans.

Quanto a economia, o consenso quase universal, é pessimista. O declínio econômico e o aumento do desemprego obrigarão a drásticos cortes em programas sociais, afetando ainda mais a indústria e o comércio. Mesmo subestimando a profundidade das crises, há razões para acreditar que os governos não podem salvar o sistema, em processo de desintegração e confusão.

A economia dos EUA sofrerá as consequências da sua inconsequencia. O dólar, impresso sem controle e cada vez menos aceito, perderá o valor e talvez até deixe de existir, reduzindo a zero o valor das divisas acumuladas naquela moeda. significando o maior calote mundial já realizado. A simples ameaça desse calote já foi a causa primária da atual recessão mundial, e chega a ser difícil imaginar o apocalíptico cenário da concretização da ameaça.

Lógico que venha a mente uma solução militar: uma guerra bem sucedida pelo petróleo, mas ganhar a guerra não é tão fácil como ganhar batalhas. Outra alternativa para os EUA uma seria o retorno ao seu antigo isolamento, mas desta vez com uma tremenda redução do nível de vida; coisa ainda inaceitável, mas possível no futuro. Mesmo não chegando a tais extremos, a simples retração do mercado estadunidense causará profundas alterações na economia mundial, cenário que expomos a seguir.

A Europa sofrerá as consequências do declínio geral dos mercados mundiais. A Alemanha, França, os Países Baixos e os países nórdicos ainda tentarão aguentar a retração econômica. A Inglaterra, afundando no crescimento negativo tentará obter vantagens apoiando os EUA nas conquistas a manu militarii entre os estados petrolíferos e outros "nichos’, ". A Europa do Sul (dos PIGS) entrará numa depressão profunda e a indispensável redução de salários e benefícios sociais reduzirão drasticamente o consumo e em consequencia o número de empregos.

O nível de desemprego a provocará conflitos sociais e levantamentos populares. A ruptura da União Européia é quase inevitável. É pouco provável que uma Europa deprimida, fragmentada e polarizada adira a qualquer aventura militar estadounidense-israelense contra o Irã ou mesmo a Síria. A Europa cavalgada pela crise opor-se-á à abordagem de confronto de Washington em relação à Rússia e à China.

Os novos centros de crescimento, China, Índia, Brasil, Rússia, que durante uma década proporcionaram ímpeto para o crescimento mundial,, com a diminuição das encomendas, tendem a desacelerar rapidamente e estarão ocupados com suas crises intenas. Os únicos beneficiários seriam os fornecedores de petróleo, se tiverem paz, mas o único deles que teria força para garantir a paz para si é a Rússia. Falta saber se é isto que ela quer.
Situação Nacional - Dilma X Partidos e o aval das Forças Armadas
O diretor-geral do Dnit, general Jorge Fraxe, declarou guerra ao aparelhamento político responsável pela conservação das estradas, que se sabe, é eivado de corrupção. Determinou que todos os cargos de confiança devem ser preenchidos por funcionários de carreira. Com sua decisão, retira cerca de 100 cargos comissionados dos partidos da base aliada, incluindo 26 superintendentes regionais, com salários acima de R$ 20 mil. Nos meios políticos, o clima naturalmente é de indignação.

A pressão política para a retirada do general certamente será avassaladora. Temem que a ideia do general Fraxe seja estendida aos demais órgãos do governo. Um indício que este seja o plano é a futura presidente da Petrobras, Graça Foster, ter entrado em alguns gabinetes do Senado Federal para avisar que deveria trocar diretores. Atualmente o PT, PMDB e PTB dominam feudos dentro da estatal, com indicações de diretores e subsidiárias. Foster teve que pisar em ovos.

Nessa queda de braço veremos a força ou a fraqueza da presidente; sabemos onde está o coração dela, mas se mantiver o rumo terá muito a perder políticamente. Ainda que ganhe moralmente seu mandato estará na corda bamba.

Sejamos realistas. A “base aliada” da presidente e até seu próprio partido já estavam esperando uma oportunidade para dar-lhe uma rasteira. Pior agora, se ameaçar desmanchar os feudos. Da oposição, igualmente corrupta e sectária, nada a esperar.

Certamente as medidas presidenciais obterão um amplo apoio popular, mas ainda que esse apoio possa influenciar o desencadeamento de movimentos, ele por si não garante ninguém contra a classe política, que jamais perdoará a quem prejudicar a sua “boquinha”. Com o inútil judiciário, ninguém poderá contar, a não ser certos bandidos.

Restará talvez à Dilma o aval das Forças Armadas, mas isto não se consegue automaticamente. É claro que o “amplo apoio popular” facilita as coisas, mas existem velhas cicatrizes que a ministra dos Direitos Humanos e outros radicais (de ambos os lados) insistem em manter abertas.

É certo que o aval das Forças Armadas passará pela correção dos soldos e pelo reequipamento bélico, mas só isto não é suficiente. Os verdadeiros valores dos militares são mais elevados – se referem ao bem da Pátria. Dilma não conquistará os militares só com benesses. Ela necessitará reunir-se com eles expor seus planos de governo, mostrar que é isto que o Brasil precisa e os óbices a serem ultrapassados. Enfim, falar-lhes como chefe ao dar uma ordem de operações: para quem não sabe, é dizer primeiro qual a nossa missão e o porquê; segue-se a estratégia pretendida, as possibilidades do “opositor”, a tarefa de cada um e os meios a disposição. Esta é a liguagem que o s militares entendem. Assim pode se lhes pedir qualquer sacrifício. Até o impossível.

Este ano em que nuvens negras ameaçam descer sobre a terra e que as necessidades e ambições hegemônicas de um modo ou outro envolverão a nossa Pátria, nacessitaremos mais do que nunca de um chefe de coragem. E essa coragem tem que começar em casa.
Que Deus guarde a todos vocês

Gelio Fregapani/defesanet.cm.br

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