Milhares de egípcios continuam nesta quinta-feira na praça Tahrir, no Cairo, um dia depois de realizarem manifestações para marcar o aniversário de um ano do começo das revoltas contra o então ditador do Egito Hosni Mubarak.
Após semanas de protestos iniciados em janeiro de 2011, Mubarak renunciou no dia 11 de fevereiro, deixando o poder para uma junta militar, até hoje alvo de críticas por parte da população, que quer um governo civil. O ex-ditador, por sua vez, é julgado pelas mortes de manifestantes durante a onda de revoltas no país.
Dezenas de tendas lotam o centro e as laterais da praça Tahrir, cujos acessos foram reabertos ao trânsito de veículos, mas um grande engarrafamento era registrado na região.
A polícia não está presente no local nesta quinta-feira, o que, segundo a agência de notícias Efe, contrasta com o amplo desdobramento ainda existente em edifícios governamentais próximos ao Ministério do Interior.
Alguns dos manifestantes que continuam na praça, símbolo dos protestos pró-democracia no Egito, afirmaram que planejam permanecer ali até sexta-feira, dia de orações e de manifestações pelo mundo árabe.
PROTESTOS
Entre os principais objetivos de quem ficou, está pressionar a junta militar a acelerar o processo de transferência de poder para um representante civil, e comemorar a vitória dos partidos islamistas nas eleições parlamentares pró-Mubarak.
Khalil Hamra/Associated Press | ||
Manifestantes levam bandeira egípcia durante comemorações de um ano do levante contra o regime de Mubarak |
Em comunicado, a União de Jovens da Revolução, que representa oito partidos e nove movimentos políticos, anunciou que manterá os acampamentos na praça para que a revolução continue e haja uma verdadeira mudança no país.
Na nota, a organização denuncia que continuam os juízos militares contra civis, que a Lei de Emergência não será derrogada completamente e que "a situação vai de mal a pior, o que significa que, depois de um ano, a revolução acabou com Mubarak, mas não com seu regime".
MUDANÇAS
Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu às autoridades egípcias que acelerem o ritmo das reformas democráticas no país e continuem a transição para fazer "a entrega pacífica de poder a um governo civil".
A Junta Militar egípcia, por sua vez, afirmou que deixará o poder em 30 de junho, após a realização de eleições presidenciais, e prometeu revelar então "os segredos e verdades" anteriores à revolução.
Em comunicado, o Conselho Supremo das Forças Armadas, máxima autoridade do país, ressaltou que deixará os quartéis para se dedicar somente a defender "a terra, o céu e o mar do Egito", como reivindicam ativistas e grupos políticos críticos ao atual papel de governo.
Os dirigentes militares divulgaram os próximos passos do período de transição: a suspensão do estado de emergência, a realização de eleições para a Câmara Alta do Parlamento, a redação de uma nova Constituição e a convocação de eleições presidenciais.
Fonte: folha.com
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