domingo, 15 de janeiro de 2012

Coreia do Norte estaria punindo quem não chorou por ditador

Pelo menos 6 meses em campos de trabalho forçado para quem não pareceu autêntico

SEUL – Durante dias, o mundo inteiro assistiu, intrigado, à onda de histeria coletiva que tomou milhões de norte-coreanos após o anúncio da morte de Kim Jong-il, no mês passado. Cenas como desmaios em praças de Pyongyang e do choro convulsivo de milhares de mulheres diante de monumentos em homenagem ao Querído Líder invadiram os jornais — oficiais ou não — enquanto muitos se perguntavam o motivo de tanta tristeza pela morte de um ditador que teria mergulhado o país num dos maiores episódios de fome de sua história.
Mas a resposta pode estar numa reportagem do jornal sul-coreano “Daily NK”, publicada nesta sexta-feira: os norte-coreanos que não participaram das homenagens — ou não foram convincentes na demonstração de tristeza — estariam sendo enviados a campos de trabalho forçado por no mínimo seis meses.
Segundo a reportagem do jornal, escrita com base na declaração de uma fonte da Coreia do Norte não identificada, o governo está organizando “sessões de críticas” para aqueles que transgrediram as normas durante as homenagens.
- As autoridades estão impondo uma pena de pelo menos seis meses em campos de trabalho pra qualquer um que não tenha participado das concentrações organizadas durante o período de luto ou para quem participou mas não chorou e não pareceu autêntico – diz a fonte ao jornal.
O número de pessoas afetadas não foi esclarecido, mas poderia chegar a milhares, de acordo com o “Daily NK”. Atualmente, estima-se que mais de 200 mil norte-coreanos trabalhem em campos — onde em geral sofrem de má nutrição.
O regime também teria reforçado a propaganda oficial, para convencer a população da “grandeza do novo líder, Kim Jong-un”.
— Todos os dias, das sete da manhã às sete da noite, carros em avenidas lotadas divulgam por alto falante propaganda do governo, e proclamam os feitos de Kim Jong-un — continua a fonte.
O norte-coreano citado pelo jornal acrescentou que as pessoas que estão sendo acusadas de espalhar rumores criticando a terceira geração da dinastia também estão sendo enviadas aos campos ou estão sendo banidas com suas famílias para áreas rurais remotas. As recriminações pelo comportamento “inadequado”, afirma, estão criando uma atmosfera de medo.
FONTE: O Globo

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