A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, cobrou nesta segunda-feira uma solução política do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) à violência na Síria, enquanto a Casa Branca disse que a saída do ditador Bashar al Assad é "inevitável".
Embaixadora dos EUA diz que ONU foi 'negligente' sobre Síria
"O Conselho de Segurança deve atuar e deixar claro ao regime sírio que a comunidade internacional vê suas ações como uma ameaça à paz e à segurança. A violência deve acabar para que comece um novo período de transição democrática", afirmou Hillary em comunicado do Departamento de Estado.
Ela condenou nos "termos mais enérgicos" o aumento dos ataques do regime a opositores, chamados de "brutais". Ela também considera que os ataques e a instabilidade provocada pelos confrontos podem "respingar" em outros países da região.
A secretária anunciou também que deverá ir à ONU na terça, junto com França, Reino Unido e representantes da Liga Árabe, para ratificar a proposta divulgada pelo bloco árabe na semana passada. "Vamos enviar uma mensagem clara de apoio ao povo sírio: estamos com vocês".
A reunião acontece com a possibilidade de veto da Rússia, que havia desenhado o primeiro rascunho de solução para a crise na Síria. Os russos não aplicaram as sanções europeias e continuam vendendo armamento para o país e demonstrando apoio ao regime de Assad.
Larry Downing - 17.jan.12/France Presse | ||
Em comunicado, Hillary Clinton anuncia que visitará ONU para pressionar resolução contra regime sírio |
RESOLUÇÃO
Hillary Clinton é a terceira autoridade de um dos países membros do Conselho de Segurança que participarão da reunião para definir as atitudes contra o governo sírio.
Mais cedo, os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido e da França anunciaram que vão fazer uma visita à sede da ONU, em Nova York, para pressionar a adoção uma resolução contra a onda de violência na Síria, que já dura mais de dez meses.
Segundo a emissora de TV americana CNN, o Conselho de Segurança apresentará uma proposta de resolução ainda nesta semana, convidando o ditador sírio, Bashar al Assad a renunciar e transferir o comando do país, palco de protestos de opositores desde março do ano passado.
O chanceler francês, Alain Juppé, discursará ao órgão na terça-feira, em um esforço para conquistar o apoio dos 15 membros à proposta da Liga Árabe por uma mudança política na Síria.
"O ministro está em Nova York para convencer o Conselho de Segurança a assumir suas responsabilidades enquanto os crimes contra a humanidade cometidos pelo regime pioram", afirmou o porta-voz do ministério, Bernard Valero.
Os 15 membros do Conselho de Segurança podem votar ainda nesta semana sobre a nova resolução, que está sendo rascunhada por Reino Unido e França com consultas do Qatar, Marrocos, Estados Unidos, Alemanha e Portugal.
O chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby, também está em Nova York para se reunir com representantes do Conselho em busca de apoio para o plano de paz ao conflito sírio, no qual apela para o ditador Assad renunciar.
Segundo a agência de notícias Reuters, a proposta de resolução pede uma "transição política" na Síria, mas não defende sanções na ONU contra Damasco. O documento alerta, porém, que "novas medidas" poderiam ser adotadas contra o regime caso os termos da resolução não fossem cumpridos.
RÚSSIA
Os esforços franceses e britânicos buscam substituir uma proposta russa que algumas delegações ocidentais consideram ser muito confortável para Assad e pouco relevante à luz das recentes propostas da Liga Árabe.
A Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança, disse na semana passada que a resolução árabe era inaceitável e que o órgão deveria ouvir diretamente a missão da Liga Árabe enviada à Síria antes de discutir o assunto.
Nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em comunicado que o regime sírio está disposto a iniciar em Moscou um diálogo informal com a oposição, o que pode enfraquecer os esforços por uma resolução na ONU.
"Propusemos às autoridades sírias e à oposição enviar seus representantes a Moscou para contatos informais. Já recebemos uma resposta positiva por parte das autoridades sírias", informou o ministério.
O ministério disse ainda que aguarda nos próximos dias a resposta dos opositores, que até o momento se recusaram a dialogar enquanto a violência não cessar no país.
France Presse | ||
Imagem da agência SANA mostra velório de 22 soldados sírios; governo aceita negociação com mediação russa |
REPRESSÃO
Em dezembro, a ONU havia atualizado a contagem de civis mortos nas ações violentas das forças de segurança sírias em 5.000 pessoas, e, desde então, não foi divulgado nenhum novo número sobre o assunto.
O regime de Assad se defende dizendo que, na verdade, combate terroristas armados, e não manifestantes pró-democracia. Segundo as autoridades sírias, mais de 2.000 membros das forças de segurança morreram nas operações.
Na semana passada, a alta comissária para os direitos humanos na ONU, Navi Pillay, anunciou que a organização desistiu de compilar os dados sobre as vítimas da repressão na Síria devido às dificuldades existentes para obter informações.
Reuters | ||
Opositores fazem funeral de manifestantes mortos próximo a Homs; renúncia de Assad é 'inevitável', diz EUA Fonte: folha.com |
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